Fazer transplante capilar não significa largar os medicamentos para calvície
Muitas pessoas desconhecem o fato de que os tratamentos continuam após o transplante
O transplante capilar oferece resultados duradouros, mas não elimina a necessidade de tratamentos contínuos para evitar a progressão da calvície em fios não transplantados, conforme recomendação médica.
O transplante capilar é um procedimento médico que tem se popularizado no Brasil e no mundo como uma solução definitiva para a calvície. Levantamento feito pela Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar mostra que, em 2021 (703 mil) houve um crescimento de 250% em cirurgias de restauração capilar em todo mundo com relação ao ano de 2010 (279 mil). Mas muitas pessoas não entendem que a ideia de fazer o transplante e abandonar o tratamento clínico não corresponde à realidade.
“Na maioria dos casos o tratamento deve continuar, especialmente nos de alopecia androgenética, que é a principal indicação para o transplante capilar atualmente. Isso porque o procedimento recupera as áreas calvas, mas não impede que os fios ao redor continuem sujeitos à rarefação progressiva. Por isso, é fundamental manter o tratamento clínico e o acompanhamento médico após o transplante”, explica a dermatologista Isabela Dupin, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP).
Mas a SBD-RESP alerta que a calvície é um processo evolutivo. “Isso quer dizer que os fios estão geneticamente programados para afinar e cair. Pessoas que ainda têm uma quantidade considerável de cabelo durante o transplante capilar podem sofrer o afinamento desses fios, o que no futuro deixará um resultado ruim em que os fios transplantados permanecem e os outros caem”, completa o Daniel Cassiano, diretor da SBD-RESP.
De acordo com a dermatologista, o transplante capilar é realizado para tratar áreas com falhas ou calvície. “Ele consiste em retirar fios de cabelo de uma região do corpo onde os fios são mais resistentes à queda — geralmente a parte de trás ou as laterais da cabeça — e transplantá-los para as áreas com pouca densidade capilar. Esses fios mantêm as características da região de origem, ou seja, continuam crescendo normalmente após o transplante, o que garante um resultado duradouro e natural”, comenta Isabela.
Segundo Daniel, a cirurgia é uma opção segura para quem sofre com a rarefação dos cabelos e já está em tratamento conservador, mas deseja restaurar ainda mais sua densidade capilar. “É fundamental que o paciente já esteja usando medicamentos orais e tópicos com a indicação médica”, explica o diretor da SBD-RESP. Procedimentos em consultório como intradermoterapia, laser e terapias regenerativas também podem ser indicados.
Isabela Dupin explica que o transplante capilar é indicado principalmente para casos de alopecia androgenética (a forma mais comum de calvície em homens), em caso de região frontal longa (implantação capilar alta), cicatrizes no couro cabeludo que impedem o crescimento de fios, ou perdas definitivas por traumas ou queimaduras.
“Pode-se também realizar transplante de sobrancelha e barba. Para o sucesso do transplante, é importante que o paciente ainda tenha uma área doadora saudável com boa quantidade de fios”, explica a médica.
Os médicos ressaltam que no caso específico do rebaixamento da linha capilar (testa longa), não há necessidade de tratamento medicamentoso antes e após o transplante capilar. “Neste caso o tratamento cirúrgico sozinho é capaz de resolver a queixa do paciente”, diz Isabela.
No entanto, na maioria dos casos, os medicamentos tópicos e orais precisam continuar. “Os cuidados no pós incluem o uso de medicamentos como finasterida ou minoxidil, quando recomendados pelo médico, além de suplementação nutricional, caso haja deficiências. Também é importante adotar cuidados locais com o couro cabeludo nas primeiras semanas após o transplante, fazer a lavagem de forma delicada e evitar exposição ao sol ou esforço físico nos primeiros dias. Na maioria dos casos, a recuperação é tranquila, e os resultados começam a aparecer de forma mais evidente entre 6 e 12 meses após o procedimento”, destaca Isabela.
“O mais importante é seguir a orientação médica dermatológica para continuar tratando os fios não transplantados. Apesar dos resultados permanentes dos fios transplantados, visto que o procedimento é feito com unidades foliculares que não sofrem interferência genética da calvície, o paciente deve seguir com o tratamento clínico para calvície para que a condição não evolua”, finaliza Daniel Cassiano.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.
