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Covid cresce em hospitais privados de SP, mas casos têm menor gravidade

Levantamento de sindicato mostra crescimento recente da doença, mas sem reflexo sobre internações. Especialistas destacam a importância do reforço da vacinação

23 nov 2022 - 05h10
(atualizado às 07h25)
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Atendimentos a casos suspeitos de covid-19 aumentaram em oito em cada dez hospitais privados de São Paulo nos últimos dias, mas a maioria dos pacientes não precisou ser internada. Isso é o que aponta levantamento divulgado nesta quarta-feira, 23, pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp).

Especialistas da área médica apontam que, até o momento, o avanço de casos tem sido marcado por quadros leves, mas reforçam a importância de completar o esquema vacinal e de adotar medidas como uso de máscara em locais fechados e de aglomeração. O País tem passado por uma nova onda de covid, impulsionada por subvariantes da Ômicron.

Ao todo, 90 hospitais privados de todo o Estado foram consultados pelo SindHosp entre os dias 11 e 21 deste mês. Deles, 77% ficam no interior e 23% na capital. Conforme o levantamento, 84% dos hospitais notificaram aumento nos atendimentos de pessoas com suspeita de covid ao longo dos últimos dias.

Entre esses hospitais, a maioria (39%) relatou alta de 21% a 30% nos atendimentos a pacientes com esse perfil. Em 31%, esse crescimento ficou entre 11% e 20%. Outras 21% dessas instituições registraram crescimento de até 20%, enquanto em 9% a variação foi superior a 31%.

O País tem passado por uma nova onda de covid, impulsionada por subvariantes da Ômicron
O País tem passado por uma nova onda de covid, impulsionada por subvariantes da Ômicron
Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão

Ainda com o avanço de atendimentos, a maior parte dos hospitais (73%) relata que o aumento de pacientes hospitalizados foi menor que 5% tanto em leitos de UTI como em leitos clínicos. Em 18%, essa alta ficou entre 6% a 10%. Em apenas 9% deles o crescimento foi superior a 11%.

Cenário demanda mais atenção, aponta médico

Presidente do SindHosp, o médico Francisco Balestrin afirma que a maior circulação do coronavírus de fato ocorre neste momento, o que demanda atenção para cuidados sanitários. "No entanto, o volume de internações ainda é baixo", pondera.

"Avaliamos que os casos evoluem sem gravidade, não necessitando de internação hospitalar", destaca Balestrin. "Mas ratificamos a necessidade de que a população use máscara em locais com aglomerações e mantenha o protocolo de segurança à saúde com a lavagem de mãos e cumpra o calendário de vacinação."

Infectologista do Hospital Sírio-Libanês, Mirian Dal Ben aponta que, especialmente nas últimas duas semanas, a instituição tem observado um "aumento importante no número de casos".

"A expectativa é que a gente atinja o pico (de casos) na primeira semana de dezembro", aponta. Segundo ela, o número de internações não tem subido em igual proporção, mas ainda assim exige uma reorganização dos hospitais.

"Os hospitais estão tendo de se reorganizar para conseguir atender essa demanda de pacientes que estão precisando ser internados", diz.

Há atualmente 50 pacientes internados com diagnóstico de covid no Sírio-Libanês, sendo 32% em leitos de terapia intensiva. Aumentou cinco vezes em relação à primeira semana de novembro. "Embora seja uma demanda muito menor do que em outras ondas, é uma demanda significativa."

"Estão sendo internados muitos pacientes sem a dose de reforço, principalmente idosos", aponta a médica, que reforça a necessidade de a população tomar as doses adicionais. Ela alerta ainda que outros grupos também estão sendo afetados.

"Outra população que tem procurado muito o pronto-socorro e internado também são as crianças, principalmente as que ainda não estão vacinadas", complementa. A imunização do público-alvo de 6 meses a 2 anos começou apenas na semana passada no País.

A infectologista do Hcor Daniela Bergamasco explica que a positividade de testes de covid e o número de pacientes com suspeita da doença vêm aumentando no hospital desde o fim de outubro. "A gente notou também um aumento no número de internações, mas embora a tendência estivesse se desenhando, até a semana passada, para um aumento mais exponencial, do fim de semana para cá teve uma certa estabilização", aponta.

O número de internados praticamente dobrou no HCor em um período de 10 dias, mas não houve oscilação em igual proporção nas unidades de terapia intensiva. No último dia 11, eram 22 pacientes hospitalizados no hospital (sendo 2 na UTI). No dia 15, passaram a ser 35 (sendo 4 na UTI). Agora são 40 pacientes (sendo 3 na UTI).

'Parece um cenário de menor gravidade'

"Parece um cenário de menor gravidade do que a gente já tinha visto com a Ômicron (em janeiro), mas se vai ser mais brando ainda do que as últimas ondas a gente ainda não sabe", aponta Daniela, que relembra que, em outras ondas, o aumento de casos veio antes do aumento de internações em outras ondas.

Para ela, os motivos que ajudam a explicar as internações mais graves não estarem subindo tanto podem ir desde os efeitos de uma maior cobertura vacinal a outros fatores, como características ainda desconhecidas das novas subvariantes da Ômicron, a exemplo da BQ.1.

Conforme Alexandre Naime Barbosa, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), houve aumento recente especialmente de síndromes gripais leves. "E bastante casos internados não por causa da covid, e sim com covid", afirma.

"Como está circulando muito o vírus, pessoas que acabam tendo necessidade de internação por outros motivos acabam internando também com covid e aí também têm que ficar isoladas."

Segundo ele, são "bastantes raros" os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em pacientes vacinados. Por conta disso, o médico pede que a população tome as doses adicionais.

"O indivíduo completamente vacinado com dose de reforço tem em torno de 95% a 97%, ou até mesmo 99%, dependendo da faixa etária, de redução de risco individual para a progressão de desfecho duro, que é como a gente chama hospitalização e óbito. Isso mesmo com as novas cepas."

Estadão
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