Corrida pelo bisturi atrai pacientes em busca de cirurgias rápidas e com cicatriz mínima para o Réveillon
Técnicas de recuperação acelerada impulsionam a procura por cirurgias corporais nas semanas que antecedem as festas de fim de ano
A busca por transformações corporais rápidas e discretas cresce à medida que o fim do ano se aproxima. Segundo a International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), o Brasil somou 3,38 milhões de procedimentos estéticos em 2023, sendo 2,18 milhões cirúrgicos e 1,19 milhão não cirúrgicos, e liderou o ranking mundial em número de cirurgias plásticas realizadas. No total global, foram registrados 34,9 milhões de procedimentos no mesmo ano, um aumento de 3,4% em relação a 2022.
O cirurgião plástico Christian Ferreira, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e CEO da Lumivie Clinique, explica que o comportamento dos pacientes tem mudado. “Muitos querem aproveitar o período de recesso para operar e chegar ao Réveillon com o resultado visível. O diferencial é que hoje temos técnicas mais precisas, com cortes mínimos, analgesia controlada e retorno quase imediato às atividades cotidianas”, afirma o especialista.
O cirurgião ressalta, no entanto, que a pressa não deve se sobrepor à segurança. “Toda cirurgia exige preparo físico, emocional e clínico. A escolha de técnicas rápidas não dispensa exames, avaliação criteriosa e acompanhamento profissional. A recuperação pode ser mais breve, mas os cuidados continuam sendo indispensáveis”, diz o médico.
Técnicas que priorizam o conforto e o tempo de recuperação
Entre os procedimentos que mais atraem pacientes estão as cirurgias mamárias com cicatriz reduzida e os protocolos de recuperação em 24 horas para implante de prótese. Essas técnicas, descritas em estudos internacionais, têm como objetivo permitir alta no mesmo dia e retorno a atividades leves nas primeiras 24 horas, quando há planejamento cirúrgico detalhado e controle da dor. “A inovação está na precisão técnica e na redução do trauma tecidual. O controle da dor e o planejamento prévio possibilitam um pós-operatório menos doloroso e com retorno mais rápido à rotina”, explica o doutor.
Outro destaque é a Lipo HD 360, que define o contorno abdominal com pequenas incisões e tempo médio de recuperação entre duas e quatro semanas. A técnica, segundo o especialista, atrai pacientes que desejam resultados definidos sem um longo período de afastamento. “O importante é entender que, apesar da tecnologia, o resultado depende da disciplina no pós-operatório e da manutenção de hábitos saudáveis”, afirma o cirurgião.
Essas cirurgias seguem uma tendência mundial de menor invasividade. Dados da ISAPS mostram que os procedimentos não cirúrgicos cresceram 1,7% em 2023, impulsionados por tecnologias que reduzem o tempo de recuperação, como o laser, o ultrassom e as técnicas híbridas que associam lipoaspiração de precisão e suturas internas de rápida cicatrização.
Recuperação imediata e expectativas realistas
O especialista destaca que as novas técnicas não eliminam a necessidade de planejamento. “A paciente precisa compreender que o sucesso depende tanto da cirurgia quanto da disciplina no pós-operatório. Drenagens, alimentação equilibrada e fisioterapia são fundamentais para preservar o resultado”, afirma.
De acordo com a SBCP, a escolha de realizar cirurgias no fim do ano costuma estar ligada à disponibilidade de férias e à possibilidade de recuperação mais reservada, mas o cirurgião alerta para a importância de respeitar prazos de cicatrização. “Mesmo com técnicas de recuperação acelerada, o corpo precisa de tempo. Planejar com antecedência é essencial para chegar às festas com segurança e autoestima em equilíbrio”, explica o médico.
Dicas para quem pretende operar antes do Réveillon
• Realize exames completos e informe todos os medicamentos em uso.
• Evite cigarros e álcool no mês anterior à cirurgia.
• Programe o repouso mesmo cirurgias rápidas exigem dias de cuidados.
• Use roupas compressivas conforme orientação médica.
• Mantenha hidratação e alimentação leve para facilitar a cicatrização.
O especialista reforça que a pressa não deve substituir o planejamento. “A beleza do resultado está na soma de técnica e responsabilidade. Cirurgia é medicina, não milagre”, conclui.