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Chá de hortelã: conheça os benefícios, as contraindicações e o modo ideal de preparo

Bebida pode melhorar digestão, reduzir dores abdominais, além de aquecer nos dias mais frios

8 jul 2025 - 18h41
(atualizado às 22h18)
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Hortelã-pimenta tem aroma agradável e sabor refrescante
Hortelã-pimenta tem aroma agradável e sabor refrescante
Foto: teatian/Adobe Stock

O cheiro é delicioso. O sabor, refrescante. E os benefícios vão muito além do paladar e do olfato. A hortelã é uma velha conhecida das casas brasileiras. Seja em forma de chá, folhas frescas ou até balas, ela costuma entrar em cena para acalmar o estômago, refrescar o hálito ou trazer um bom aroma para o dia a dia. Mas, apesar da intimidade, nem todo mundo sabe os reais benefícios e composição dessa planta.

A hortelã pertence ao gênero Mentha, da família Lamiaceae, a mesma do manjericão e do alecrim. Esse gênero abriga uma variedade de espécies e híbridos. No Brasil, quando falamos em hortelã, quase sempre estamos nos referindo à Mentha piperita, a hortelã-pimenta. Já aquilo que chamamos simplesmente de "menta" é a Mentha spicata, ou hortelã-verde. Geralmente, é ela quem vai nos chicletes e pastas de dente.

A hortelã-pimenta é o tipo que mais consumimos. A plantinha foi descrita pela primeira vez na Inglaterra no século XVII. Desde então, se espalhou pelo mundo. Apesar do seu nome real parecer estranho, ela é facilmente encontrada para comprar e o tipo que costuma ser usado para chás. Agora, que tal conhecê-la melhor?

Qual a composição da hortelã-pimenta?

A hortelã-pimenta contém três grupos principais de constituintes fitoquímicos: óleos essenciais, flavonoides e outros compostos fenólicos. Os óleos essenciais são substâncias voláteis que dão à hortelã seu cheiro e sabor característicos.

Os principais são o mentol e a mentona, que causam aquela sensação de frescor. Aliás, o mentol, que é seu principal ingrediente, tem ação de destaque como relaxante muscular, principalmente para as paredes de órgãos internos.

Já os flavonoides são compostos naturais que funcionam como antioxidantes, ou seja, ajudam a proteger as células do corpo contra o desgaste causado por processos naturais ou fatores externos, como má alimentação. Na hortelã-pimenta, os flavonoides mais comuns são a eriocitrina, a hesperidina e a luteolina.

Além disso, há forte presença do ácido rosmarínico, que também é antioxidante, mas também conhecido por ajudar a combater inflamações e até por ter efeito calmante em alguns casos.

Quais os benefícios?

Graças aos seus compostos, essa planta é associada a alguns efeitos na saúde. Confira abaixo o que a ciência diz sobre alguns deles:

  • Atividade antioxidante

Estudos mostram que as folhas de hortelã-pimenta têm cerca de 20% de substâncias chamadas polifenóis, que são antioxidantes naturais. Eles ajudam a neutralizar os radicais livres e proteger as células de danos causados por fatores como estresse, poluição e alimentação desequilibrada.

Em um estudo turco, que analisou a atividade antioxidante de diferentes formas de utilização da hortelã-pimenta, o uso como chá ficou em segundo lugar no quesito potencial para neutralizar radicais livres.

  • Benefícios gastrointestinais

Aqui está o maior trunfo da hortelã. "O mentol é excelente para a inflamação intestinal e excelente para síndrome do intestino irritável", diz a nutricionista Vanderlí Marchiori, da Associação Brasileira de Fitoterápicos.

O extrato da hortelã-pimenta apresenta benefícios para o estômago e o intestino. Pesquisas clínicas (isto é, com humanos) indicam que, sozinha ou em fórmulas combinadas, ela pode ser benéfica para má digestão, síndrome do intestino irritável e cólica infantil.

É que a hortelã é rica em mentol, um relaxante do músculo liso, isto é, aquele presente nas paredes de órgãos ocos, como os vasos sanguíneos, a bexiga, o útero e o trato gastrointestinal.

Assim, ela é capaz de reduzir até mesmo a intensidade das cólicas e dores associadas à síndrome do intestino irritável, sendo considerada uma opção de primeira linha para o seu tratamento.

"Ele também tem uma ação bastante importante na digestão. Por isso, tomar um pouquinho antes da refeição sempre é um sucesso", indica a nutricionista.

  • Atividade metabólica

O chá de hortelã pode ter efeitos sobre a atividade metabólica. Um estudo experimental com ratos avaliou o uso do chá e do suco feitos com folhas de Mentha piperita (na dose de 0,29 g/kg, duas vezes ao dia por 30 dias).

O estudo observou que, mesmo com uma dieta rica em óleo de soja e gordura saturada, os animais tratados apresentaram redução dos triglicerídeos, aumento do colesterol HDL (o "bom") e diminuição do LDL (o "ruim"). Também foi registrada redução no consumo de alimentos e no ganho de peso. No entanto, de novo, são estudos iniciais.

  • Cólica infantil

A hortelã também pode ajudar a aliviar as cólicas em bebês. Estudos mostram que o uso de gotas feitas com extrato das folhas da hortelã reduz a frequência e o tempo que o bebê passa chorando por causa da cólica.

Uma dessas pesquisas observou o resultado da ingestão de uma gota de extrato de hortelã para cada quilo do bebê por dia durante sete dias. No fim da semana, os resultados foram semelhantes aos do tratamento com o medicamento simeticona, para gases.

  • Potencial atividade antimicrobiana

Existem vários estudos e artigos de revisão demonstrando que a Mentha piperita apresenta atividade antimicrobiana quando avaliada em testes in vitro. Em um deles, por exemplo, foi avaliado o potencial de extratos de hortelã-pimenta contra a bactéria Chlamydia pneumoniae, que pode causar infecções respiratórias.

Ao aplicar o extrato em células pulmonares infectadas, os cientistas viram que a inibição do crescimento bacteriano variou entre 20,7% e 69,5% quando os extratos foram usados na concentração de 250 microgramas por mililitro.

Apesar de positivos, os resultados indicam um potencial, mas não garantem que o mesmo efeito acontecerá no corpo humano.

  • Dor de garganta

Há evidências de que a hortelã-pimenta seja benéfica contra a dor de garganta. Em mais um estudo, este com humanos, um spray com óleo essencial da planta junto ao de outras espécies mostrou que, logo após a aplicação, as pessoas sentiram uma melhora rápida na dor, rouquidão e tosse

  • Contra enjoo

O óleo essencial de hortelã-pimenta demonstrou, em estudos clínicos, ação antiemética eficaz e segura para aliviar náuseas pós-operatórias e induzidas por quimioterapia.

A aromaterapia com óleo essencial pode reduzir rapidamente a sensação de náusea, e o uso oral em cápsulas também diminui os episódios de vômito sem causar efeitos colaterais significativos.

Quais as contraindicações?

As contraindicações do chá de hortelã incluem o uso entre crianças menores de dois anos. Além delas, segundo o biólogo João Ernesto de Carvalho, docente e pesquisador do Laboratório de Fitoquímica, Farmacologia e Toxicologia Experimental da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pessoas que sofrem de refluxo gastroesofágico.

Isso porque a hortelã pode relaxar excessivamente o esfíncter esofágico inferior, o que tende a agravar os sintomas do refluxo. Também entram na lista pacientes com hérnia de hiato e cálculos renais.

De acordo com Marchiori, gestantes podem consumir até meio litro desse chá, o que equivale a cerca de duas xícaras por dia. É sempre importante consultar o médico que a acompanha.

Além disso, como qualquer planta medicinal, não deve ser consumida em grandes quantidades nem por períodos prolongados sem orientação adequada.

Como preparar para tirar o melhor proveito

Segundo a sommelier e especialista em chás Dani Lieuthier, do Instituto Chá, para uma xícara de aproximadamente 200 ml, a recomendação é aquecer a água até cerca de 80ºC, não deixando ferver. Desligue quando surgirem as primeiras bolhas no fundo da chaleira. Então, adicione a hortelã.

Com folhas frescas, use 6 a 8 folhas. Com folhas secas, use cerca de 2 colheres de chá. Cubra e deixe em infusão por 5 a 7 minutos (no máximo 10 minutos). Coe e sirva.

Um dica importante é sempre tampar o recipiente durante a infusão. "Isso evita a perda dos óleos essenciais, que são voláteis e se dissipam com o vapor", indica Dani.

Outros usos

Boa parte dos estudos, especialmente os clínicos, sobre os benefícios da hortelã usaram principalmente óleo essencial puro de Mentha piperita em aromaterapia ou cápsulas, onde a concentração dos compostos ativos (como o mentol) é maior e mais controlada.

O chá de hortelã-pimenta é uma infusão da folha seca ou fresca e contém compostos da planta em concentrações menores e diferentes do óleo essencial. O chá contém mentol e outros princípios ativos, mas a concentração é menor e a absorção pode variar.

Além de beber o chá, você pode fazer inalações com as folhas. Dani ensina: "A pessoa pode ferver a água com um punhado de folhas de hortelã na panela, colocar o rosto sobre o vapor, cobrindo a cabeça com uma toalha, e então respira ali profundamente por alguns minutos".

Esse tipo de uso, diz Dani, pode ser especialmente benéfico para combater a congestão nasal. Segundo a especialista, também dá para fazer uma "mini aromaterapia" com a própria xícara de chá, inalando bem o seu vapor antes de tomá-lo.

Estadão
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