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Bruna Linzmeyer e Keir Gilchrist ajudam a dar rosto ao autismo na ficção

Produções como Amor à Vida e Atypical ampliaram o debate sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e contribuíram para quebrar estigmas na sociedade

19 out 2025 - 04h12
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Em 2013, a novela Amor à Vida, exibida pela TV Globo, apresentou ao público brasileiro a personagem Linda, uma jovem autista interpretada por Bruna Linzmeyer. A trama abriu espaço para discussões em horário nobre sobre um tema até então pouco representado na teledramaturgia: o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em 2017, a Netflix lançou a série Atypical que trouxe o ator Keir Gilchrist no papel de Sam Gardner, um adolescente autista em busca de independência. Ambas as produções contribuíram para ampliar o debate público e quebrar estigmas sobre o assunto.

Bruna Linzmeyer e Keir Gilchrist
Bruna Linzmeyer e Keir Gilchrist
Foto: Divulgação / Mais Novela

Mas até que ponto a representatividade na ficção influencia a vida real? Para a neuropediatra Angélica Ávila, especialista em autismo, a presença de personagens autistas na ficção tem um papel primordial na construção da consciência social. Ela aponta que quando novelas, filmes ou séries trazem personagens autistas de forma sensível e embasada, ajudam a traduzir comportamentos e formas de comunicação que antes eram interpretados como 'estranhos' ou 'malcriados'. "Produções como Atypical e Amor à Vida abriram portas importantes, despertaram curiosidade, geraram empatia e permitiram que muitas pessoas identificassem características que antes passavam despercebidas", destaca.

No entanto, a médica ressalta que o autismo é um espectro, com diferentes níveis de suporte e funcionamento adaptativo. Ela explica que nenhum personagem pode representar o todo, mas, quando há pesquisa e cuidado, a ficção se torna uma aliada poderosa na redução do estigma e no incentivo ao diálogo.

Impacto nas famílias e na sociedade

Conforme a especialista, a identificação com personagens autistas pode ter efeitos transformadores, inclusive pessoais. "Meu irmão é autista e foi diagnosticado tardiamente, já na vida adulta. Ele costuma dizer que o diagnóstico foi libertador porque, finalmente, entendeu por que o mundo parecia tão intenso e desorganizado para ele", conta.

Angélica pontua que muitas famílias relatam ter buscado avaliação médica após reconhecerem traços semelhantes em personagens da TV ou do cinema. Ela pondera que a mídia pode acelerar o processo de diagnóstico e aceitação, desde que a representação seja coerente com a realidade clínica. A neuropediatra lembra ainda que quando o tema chega à televisão, "rompe bolhas". Isso quer dizer que escolas passam a discutir inclusão, empresas repensam suas práticas, e a sociedade começa a compreender que o autismo não é uma doença, mas uma condição do neurodesenvolvimento que exige acolhimento e respeito às diferenças.

O risco do estereótipo

Por outro lado, representações superficiais podem reforçar estereótipos. Angélica esclarece que os principais riscos são os clichês, como o 'gênio incompreendido' ou o 'autista que não sente emoções'. Esses retratos parciais geram frustração e confusão diagnóstica.

Segundo a especialista, uma abordagem mais fiel deve mostrar a diversidade do espectro, trazendo pessoas com e sem fala, diferentes níveis de autonomia, formas distintas de expressar emoções e empatia, e as comorbidades associadas. "Também é importante retratar o contexto familiar e social, mostrando desafios e conquistas, sem romantizar", completa.

Avanços e o futuro da representação

Nos últimos anos, a médica observa avanços importantes. Ela afirma que hoje há consultores técnicos, roteiros baseados em evidências científicas e, principalmente, atores autistas interpretando personagens autistas, como ocorreu nas temporadas finais de Atypical.

De acordo com a neuropediatra, o futuro da representação deve dar voz a quem vive o espectro, ampliando a diversidade e fortalecendo a autenticidade das narrativas. Angélica salienta que quando pessoas autistas contam suas próprias histórias, a sociedade aprende a enxergar além dos rótulos.

Ciência, sensibilidade e transformação

A médica comenta que a ficção tem um poder imenso de formar percepções e transformar mentalidades. Entretanto, ela enfatiza que é essencial pesquisar, conversar com famílias e profissionais, mas, sobretudo, ouvir pessoas autistas, pois a sensibilidade nasce do contato com a realidade. "O diagnóstico não define o destino. Com informação, apoio e intervenção adequada, é possível aprender, desenvolver e conquistar qualidade de vida. Quando ciência e sensibilidade caminham juntas, o resultado é transformação dentro e fora das telas", finaliza.

Especialista

Angélica Ávila é formada em Medicina pelo Instituto Master de Ensino Presidente Antônio Carlos, em Araguari, Minas Gerais. Ela construiu uma carreira dedicada à neurologia infantil e ao atendimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A médica fez residência em pediatria pela Universidade de Uberaba, em Minas Gerais, e neurologia infantil pelo Hospital de Base do Distrito Federal e Hospital da Criança de Brasília José Alencar. A especialista ainda soma formações em Intervenção ABA para Autismo e Deficiência Intelectual e em Psiquiatria da Infância e Adolescência.

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