8 coisas que você precisa saber sobre hidratação da pele
Especialistas explicam o que levar em consideração na hora de comprar um hidratante, os produtos ideais para cada tipo de pele e em que momento aplicá-los
Loção, sérum ou gel. Com cheiro, antissinais, nutritivo ou toque seco. A prateleira parece infinita e a dúvida também. Diante de tantas opções, encontrar o hidratante que melhor se adapta a cada tipo de pele pode parecer uma missão difícil.
No meio de tantas promessas, a função do hidratante é bem objetiva. Reter a água na pele e ajudar a restaurar a barreira cutânea. O produto atua como um aliado na prevenção do ressecamento, da sensibilidade e de irritações.
Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam quais são os ingredientes que não podem faltar no produto, quando e onde ele deve ser aplicado e qual a consistência mais indicada para cada tipo de pele.
Quais ingredientes não podem faltar em um bom hidratante?
Um bom hidratante precisa conter pelo menos um destes três ativos básicos: umectantes, emolientes e oclusivos.
- Os umectantes, como glicerina, ácido hialurônico, ureia e pantenol, são responsáveis por atrair e reter a água na pele.
- Os emolientes, como óleos vegetais leves, esqualano e manteigas (como karité ou cacau), ajudam a promover maciez e melhorar a textura da pele.
- Já os ativos oclusivos, como ceramidas, vaselina ou dimeticona, formam uma barreira protetora que reduz a perda de água e mantém a hidratação por mais tempo.
No caso dos hidratantes diurnos, o fator de proteção solar (FPS) também pode ser um aliado. O consumidor deve observar ainda se o produto é dermatologicamente testado e para qual tipo de pele é indicado.
Quais ingredientes evitar?
Ingredientes como álcool em altas concentrações, corantes e perfumes devem ser evitados, especialmente por pessoas com pele sensível ou com condições como dermatite atópica, dermatite seborreica e rosácea.
"Nesses casos, é importante evitar também componentes como ureia e ácido lático", afirma Natalia Cymrot, dermatologista e integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional São Paulo (SBD-SP).
Peles secas e oleosas precisam de hidratantes diferentes?
Os especialistas são unânimes: cada tipo de pele precisa de um hidratante específico. "Embora todas as peles necessitem de hidratação, a textura e a composição do produto devem ser diferentes", explica Katleen Conceição, dermatologista e coordenadora do Núcleo de Pele Étnica da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional Rio de Janeiro (SBD-RJ).
Para peles secas, são indicados hidratantes mais espessos, em texturas de creme, bálsamo ou pomada, com fórmulas mais nutritivas e ricas em emolientes e oclusivos. Esse tipo de pele costuma apresentar maior comprometimento da camada córnea e, por isso, precisa de produtos que ajudem a evitar a perda excessiva de água.
Texturas em pomada também podem ser usadas em áreas naturalmente mais ressecadas do corpo, como palmas das mãos, plantas dos pés, cotovelos e joelhos.
Já para peles oleosas ou acneicas, a recomendação é usar hidratantes em loções, séruns ou géis, com texturas leves e base aquosa. As fórmulas devem ser livres de óleos e conter ingredientes que não obstruem os poros (não comedogênicos), como ácido hialurônico e niacinamida.
"Hidratar não aumenta a oleosidade quando o produto é bem indicado; pelo contrário, pode até ajudar a equilibrá-la", completa Katleen.
Posso usar o mesmo hidratante no rosto e no corpo?
De acordo com os especialistas, depende. A pele do rosto tende a ser mais fina, sensível e mais exposta a agentes externos, o que aumenta o risco de acne e irritações. Além disso, hidratantes corporais costumam ter texturas mais densas, que podem obstruir os poros quando usados no rosto.
A indicação do uso de um hidratante corporal no rosto ocorre, em geral, quando o produto tem formulação mais leve. "Hidratantes corporais mais leves podem ser usados no rosto desde que sejam não comedogênicos e formulados para peles sensíveis, sem fragrâncias ou outros agentes irritantes", explica Daniel Coimbra, coordenador do Departamento de Cosmiatria da SBD.
Já os hidratantes faciais costumam ter fórmulas específicas para as necessidades do rosto, com a adição de ativos como antioxidantes, a exemplo da vitamina C e da niacinamida, além de ingredientes que ajudam a controlar a oleosidade e proteger a barreira cutânea, oferecendo resultados mais adequados para essa região.
A consistência faz diferença?
Sim, principalmente no conforto, na adesão ao uso e na adequação às necessidades de cada tipo de pele.
De modo geral, produtos mais aquosos ou em textura de gel são ideais para peles oleosas, para uso diurno e para climas mais quentes, por oferecerem sensação mais leve e rápida absorção.
As loções têm consistência intermediária e são indicadas para uso geral no corpo e também no rosto de peles normais a mistas.
Já os cremes mais densos, como bálsamos ou pomadas, são recomendados para peles mais ressecadas, maduras ou sensibilizadas. O uso costuma ser mais indicado à noite ou em áreas do corpo que precisam de hidratação intensa.
Ainda assim, nenhuma textura é melhor do que a outra de forma universal. "Não existe uma opção melhor para todos os casos; o ideal é adequar a textura ao tipo de pele, ao momento do dia e até à estação do ano", afirma Coimbra.
Qual o melhor horário para aplicar o hidratante?
O melhor momento para aplicar o hidratante é logo após o banho, de preferência com a pele ainda levemente úmida. Isso ajuda a "selar" a hidratação e a reter a água na camada mais externa da pele.
É preciso reaplicar o produto ao longo do dia?
No caso do corpo, a recomendação geral é aplicar o hidratante ao menos uma vez ao dia. Já para o rosto, a indicação costuma ser de duas aplicações diárias, pela manhã e à noite.
Em ambientes muito secos, com ar-condicionado, ou em períodos de temperaturas mais baixas, como no inverno, pode ser necessária a reaplicação, especialmente no rosto.
Hidratantes de banho substituem os produtos tradicionais?
De acordo com os especialistas, os hidratantes de banho ajudam, mas não substituem totalmente os produtos tradicionais. Eles funcionam mais como um reforço, especialmente para quem tem uma rotina corrida, em períodos de clima mais seco ou em peles com tendência ao ressecamento.
Esse tipo de produto, geralmente em óleo ou loção e aplicado durante o banho, também pode ser um aliado para evitar o agravamento do ressecamento provocado pela água quente e pelo uso de sabonetes. "Na maioria das vezes, no entanto, eles não são suficientes para hidratar profundamente a pele e, por isso, não substituem os hidratantes tradicionais, sobretudo em casos de pele muito seca", diz Natalia.
Para peles secas, sensíveis ou com doenças dermatológicas, o ideal é associar o hidratante de banho a um hidratante tradicional aplicado após o banho, com ingredientes como ceramidas e D-pantenol, que ajudam a formar uma barreira mais duradoura e garantem hidratação por mais tempo.