O tratamento pós-infarto que parecia indispensável já não serve para todos: ciência questiona o uso de betabloqueadores em determinados casos
Pesquisas apontam que os benefícios dos betabloqueadores podem variar de acordo com o perfil do paciente
No fim da década de 1950, Sir James Black revolucionou a terapia cardiovascular com um novo tratamento: os betabloqueadores. O medicamento se tornou um pilar da medicina moderna no cuidado de pacientes que já sofreram um infarto agudo do miocárdio.
Agora, no entanto, uma série de estudos começa a mudar a forma como entendemos a administração desse tratamento.
Pesquisas publicadas em algumas das revistas médicas mais prestigiadas, como o The New England Journal of Medicine, apontam para um cenário mais complexo e individualizado. Os resultados chegam a indicar que, em determinados perfis clínicos — sobretudo entre mulheres —, o uso dos betabloqueadores pode não ser necessário.
Por que se prescrevem os betabloqueadores?
Para compreender a dimensão dessa mudança, é preciso voltar no tempo. Os estudos que consolidaram o uso desse medicamento datam dos anos 1980, uma época em que a cardiologia lidava com o infarto de forma muito menos agressiva.
Naquela época, não existiam angioplastias de urgência com stents para desobstruir as artérias, nem o uso disseminado de estatinas de alta potência ou de terapias antiplaquetárias duais. Nesse cenário, os betabloqueadores mostraram reduzir a mortalidade em impressionantes 23%.
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