Script = https://s1.trrsf.com/update-1765224309/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Novas ferramentas de IA detectam o que os animais estão sentindo

Pesquisas com inteligência artificial começam a desvendar os sons e comportamentos de diferentes espécies, revelando como elas expressam emoções

30 out 2025 - 12h09
Compartilhar
Exibir comentários

Como saber o que os animais estão sentindo? Há séculos os humanos interpretam sinais como o chiado de um gato ou o abanar de um rabo, mas o que se passa, de fato, na mente de outras espécies ainda é um mistério. Agora, a inteligência artificial está ajudando a abrir essa porta - e as descobertas são tão fascinantes quanto desafiadoras.

Cientistas usam inteligência artificial para identificar emoções em animais a partir de sons e gestos, mas levantam polêmica; entenda
Cientistas usam inteligência artificial para identificar emoções em animais a partir de sons e gestos, mas levantam polêmica; entenda
Foto: Reprodução: Canva/Jeronimo Saravia / Bons Fluidos

A voz dos animais sob a lente da tecnologia

Um pesquisador de Milão, Stavros Ntalampiras, desenvolveu um modelo de IA capaz de identificar se os sons emitidos por animais refletem emoções positivas ou negativas. O estudo, publicado na revista Scientific Reports, analisou vocalizações de sete espécies com cascos (como porcos, cabras e vacas) e encontrou padrões sonoros que revelam o "tom emocional" desses seres.

Os chamados de tristeza ou medo tendem a ocorrer em frequências médias e altas, enquanto os sons associados ao bem-estar se distribuem de forma mais equilibrada. Em porcos, por exemplo, os grunhidos agudos são especialmente informativos; já em ovelhas e cavalos, tons médios dizem mais sobre o estado emocional. Isso sugere que, apesar das diferenças entre espécies, há marcadores universais que indicam emoção.

Avanços que unem ciência e empatia

A pesquisa representa um salto para o campo da etologia, ciência que estuda o comportamento animal. Com essas ferramentas, fazendeiros poderiam receber alertas precoces de estresse em rebanhos, conservacionistas monitorar o bem-estar de animais selvagens à distância e tratadores de zoológicos agir rapidamente diante de sinais sutis de desconforto.

Mas a inovação também acende debates éticos: se um algoritmo consegue detectar sofrimento, os humanos têm o dever de agir? E como evitar conclusões simplistas, como supor que um mesmo som significa o mesmo para todas as espécies?

De baleias a abelhas: a nova fronteira da comunicação com animais

Projetos semelhantes estão surgindo em diversas partes do mundo. A Project CETI, de Nova York, usa aprendizado de máquina para analisar os "cliques" das baleias - sons que parecem codificar identidade, afiliação e até emoções.

Em cães, pesquisas associam expressões faciais e o movimento da cauda a estados como medo e alegria. No Insight Centre for Data Analytics, da Irlanda, está sendo desenvolvida uma coleira inteligente capaz de identificar quando cães de assistência percebem o início de uma crise epiléptica em seus tutores. Até as abelhas entraram nesse radar: suas danças em formato de oito, que indicam fontes de alimento, estão sendo decodificadas em tempo real com visão computacional.

Nem tudo é tão simples quanto parece

Apesar dos avanços, entender o que um animal sente é mais complexo do que reconhecer padrões sonoros. Um latido pode significar alerta, brincadeira ou ansiedade, e o mesmo gesto pode ter sentidos distintos dependendo do contexto. Por isso, especialistas defendem que modelos mais confiáveis devem integrar múltiplos dados: sons, expressões, posturas e até batimentos cardíacos. Só assim será possível criar uma leitura realmente fiel dos estados emocionais dos animais.

Há também um custo ambiental a considerar: sistemas de IA consomem muita energia, o que pode gerar impacto nos ecossistemas que se pretende proteger. A tecnologia, portanto, precisa servir ao bem-estar animal - e não apenas à curiosidade humana.

Ouvir é apenas o começo

A inteligência artificial está nos ajudando a "escutar" o que outras espécies vêm dizendo há milhões de anos. Mas o verdadeiro desafio é o que faremos com esse conhecimento. Como alerta Ntalampiras, reconhecer padrões não é o mesmo que compreender. "O verdadeiro teste não é o quão bem ouvimos, mas o que estamos dispostos a fazer com o que ouvimos". Afinal, se conseguimos decodificar emoções animais, mas usamos isso apenas para explorá-los, não é a ciência que falha - somos nós.

Bons Fluidos
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade