Europa proíbe substância de esmaltes em gel; entenda os riscos
Especialistas acreditam que, caso estudos comprovem maiores ameaças à saúde, a Anvisa também poderá futuramente revisar a liberação
Na última semana, a União Europeia proibiu a comercialização de cosméticos que contenham óxido de trimetilbenzoil difenilfosfina (TPO) em sua composição. A substância química é frequentemente usada para solidificar esmaltes em gel.
Entenda a medida
A Comissão Europeia determinou o banimento do produto, também conhecido como Difenil (2,4,6-trimetilbenzoil) fosfina óxido, após um estudo recente apontar que ele apresenta, principalmente, riscos à fertilidade. A substância, portanto, foi classificada pelo órgão como "cancerígena, mutagênica ou tóxica para a reprodução".
Outras pesquisas também revelam efeitos adversos relacionados ao contato direto com a pele, como ressecamento, dermatite e até queimaduras químicas. De acordo com o especialista David Andrews, em entrevista à 'CNN', "a exposição ao TPO é de maior preocupação para profissionais de salão e consumidores que frequentemente fazem unhas em gel". Isso porque o componente, que reage à luz ultravioleta (UV), funciona como fixador do cosmético.
Estudiosos, contudo, explicam que os impactos à saúde surgiram após a ingestão do TPO. Por isso, é pouco provável que haja contaminação pela aplicação na pele. Entretanto, os reguladores europeus entenderam que a substância ainda apresenta um perigo em potencial.
"Algumas manchetes causaram tensão desnecessária ao chamar isso de 'proibição do esmalte em gel', mas isso simplesmente não é verdade. Consumidores e profissionais podem ficar tranquilos: esmaltes em gel permanecem totalmente disponíveis e legalmente comercializáveis na UE, desde que sejam formulados com alternativas aprovadas", esclareceu o presidente do Conselho de Fabricantes de Unhas sobre Segurança, Doug Schoon, em um comunicado.
O futuro dos esmaltes em gel
Segundo profissionais, após a decisão, marcas já começaram a analisar como reformular a composição do fotoiniciador. Além disso, outras empresas já produzem alternativas sem a presença do óxido de trimetilbenzoil difenilfosfina. No entanto, eles recomendam que os clientes perguntem ao salão se o produto contém a substância ou optem pela esmaltação tradicional.
No Brasil, o composto continua liberado, mas especialistas acreditam que, se surgirem novas evidências científicas, a Anvisa poderá futuramente revisar esse tema. "De qualquer forma, independentemente disso, acredito que haja impacto no nosso país com a decisão europeia, uma vez que há agora pressão para que marcas globais reformulem seus produtos, buscando alternativas que substituam o TPO em suas formulações", afirmou dermatologista Mariana Figueiredo, ao 'O Globo'.