Festas de fim de ano ainda excluem pessoas com deficiência
Apesar do clima de celebração do Natal e do Réveillon, festas de fim de ano ainda excluem milhões de pessoas com deficiência nos espaços públicos brasileiros. A falta de rampas, banheiros adaptados, áreas reservadas e intérpretes de Libras segue sendo comum em eventos temporários. Especialistas alertam que a ausência de acessibilidade vai além de falhas pontuais e reflete uma exclusão institucional, contrariando princípios de cidadania e direitos garantidos por lei.
Festas de fim de ano ainda excluem pessoas com deficiência
O fim do ano transforma cidades brasileiras em grandes palcos de celebração. Praças iluminadas, parques decorados e shows de Natal e Réveillon ocupam os espaços públicos. Mas nem todos conseguem participar dessas festas.
Para milhões de pessoas com deficiência, esses eventos seguem inacessíveis. A falta de estrutura básica ainda é comum em celebrações temporárias promovidas pelo poder público.
Rampas inexistentes, banheiros não adaptados, ausência de áreas reservadas, falhas na sinalização e falta de intérpretes de Libras afastam crianças, adultos e idosos com deficiência justamente em um período que simboliza convivência e união.
Dados do IBGE mostram que o Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência. Mesmo assim, a acessibilidade segue sendo ignorada em muitos eventos de grande porte.
Para o defensor público federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social, o problema vai além da logística.
"A cidade se enfeita para celebrar, mas esquece de incluir. Quando eventos públicos não são acessíveis, a mensagem é clara: pessoas com deficiência não fazem parte da vida urbana", afirma.
Segundo ele, a acessibilidade não pode ser tratada como improviso. É uma obrigação legal e um direito básico. "Festas públicas são políticas públicas. Se não contemplam todos, há exclusão institucional", diz.
O que pode melhorar a acessibilidade nas festas públicas
Especialistas apontam medidas simples, mas essenciais, para tornar eventos de fim de ano mais inclusivos:
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rampas e pisos nivelados
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banheiros químicos adaptados
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áreas reservadas para pessoas com deficiência
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sinalização clara e acessível
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intérpretes de Libras em shows
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equipes treinadas para atendimento inclusivo
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planejamento prévio desde a concepção do evento
Para André Naves, a inclusão depende mais de prioridade do que de orçamento. Segundo ele, pensar acessibilidade desde o início é o único caminho para garantir que as festas sejam, de fato, para todos.
Enquanto isso não acontece, o contraste permanece: eventos que celebram união seguem deixando parte da população do lado de fora.