Envelhecer ajuda mulheres a lidar melhor com a raiva, aponta estudo
De acordo com uma nova pesquisa, assim como ocorre em outros períodos reprodutivos, o fenômeno é ocasionado por flutuações nas concentrações hormonais
Há anos, cientistas se focam em investigar os impactos dos períodos reprodutivos - como a gravidez - e da idade para o emocional do público feminino. Assim, uma nova pesquisa, publicada na revista The Menopause Society, descobriu que, com o envelhecimento, principalmente entre os 40 e 65 anos, as mulheres conseguem controlar melhor a raiva.
"O aspecto da saúde mental na transição da menopausa pode ter um efeito significativo na vida pessoal e profissional da mulher. Esse fator da perimenopausa nem sempre foi reconhecido e gerenciado", apontou a médica Monica Christmas, em comunicado à imprensa.
Mulheres e raiva
De acordo com os pesquisadores envolvidos no levantamento, já existem evidências de que diferentes momentos reprodutivos causam oscilações de humor. Entretanto, até o momento, poucos profissionais analisaram as transformações emocionais, com enfoque nos sentimentos raivosos, em meio à menopausa.
Por isso, a fim de entender o que ocorre no psicológico feminino nessa fase, foram estudadas 500 mulheres com idades entre 35 e 55 anos, que relataram o estágio de suas emoções ao longo do envelhecimento, tanto cronológico quanto reprodutivo. Assim, os profissionais concluíram que o período após os 40 anos e pouco antes do 70 é marcado pela paciência.
Segundo o estudo, com a chegada a menopausa, há a diminuição da raiva, bem como das demonstrações agressivas e hostis. Os especialistas explicam que, semelhante ao que ocorre durante a menstruação e a gravidez, isso acontece por influência das "flutuações nas concentrações hormonais". Desta forma, com o avanço da idade, as mulheres conquistam uma maior regulação emocional.
Benefícios para a saúde
Além de constatar o fenômeno associado ao envelhecimento, a pesquisa ressaltou o poder do controle dos sentimentos para a saúde física e mental do público feminino. Levantamentos anteriores já mostravam que a raiva, especialmente aquela que permanece guardada, ocasiona o aumento da pressão arterial sistólica e diastólica.
Além disso, de acordo com essas análises, os efeitos podem ser ainda mais prejudiciais quando maior é o tempo em que a raiva fica reclusa. Isso porque chegam a causar até à concentração de gordura nas artérias e, por conseguinte, a elevação do risco de acidente vascular cerebral (AVC).
Outro impacto é para o psicológico, já que a emoção aparece frequentemente ligada ao diagnóstico de depressão. Nesse cenário, a descoberta recente serve para compreender o emocional em diferentes períodos da vida, possibilitando o desenvolvimento de abordagens profissionais mais adequadas.
"Educar as mulheres sobre a possibilidade de alterações de humor durante essas janelas vulneráveis e gerenciar ativamente os sintomas pode ter um efeito profundo na qualidade de vida e na saúde em geral", apontou Christmas.