É verdade que a adolescência pode durar até os 24 anos? Especialistas explicam

Tradicionalmente, a adolescência sempre foi entendida como a fase entre os 12 e 18 anos. No entanto, novas pesquisas vêm ampliando essa definição, mostrando que o processo de amadurecimento pode se estender até os 24 anos. Psicólogos, sociólogos e neurologistas defendem essa visão, observando que o desenvolvimento do cérebro e da identidade continua além da maioridade legal.

Estudos em neurociência revelam que o cérebro humano só atinge sua plena maturidade por volta dos 25 anos. A região responsável por funções como planejamento, controle de impulsos e tomada de decisões (o córtex pré-frontal) ainda está em desenvolvimento até essa idade. Isso significa que jovens na faixa dos 20 anos ainda estão aperfeiçoando habilidades cognitivas e emocionais essenciais para a vida adulta.

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O impacto das mudanças sociais

Além da biologia, o contexto social também exerce grande influência nessa redefinição. O prolongamento da vida acadêmica, as dificuldades financeiras e o mercado de trabalho cada vez mais competitivo fazem com que muitos jovens permaneçam por mais tempo na casa dos pais, dedicando-se aos estudos e ao início de suas carreiras. Essa realidade contribui para uma adolescência mais longa do que em gerações passadas.

Estudos que reforçam a nova visão

O The Royal Children's Hospital Melbourne é uma das instituições que compreendem a adolescência entre os 10 e os 24 anos. Segundo dados levantados pela pesquisa, jovens de 18 anos hoje apresentam níveis de maturidade emocional semelhantes aos de adolescentes de 12 anos de uma década atrás. Esse dado reforça a ideia de que os jovens modernos amadurecem de forma mais lenta, não apenas por fatores biológicos, mas também pelas pressões e transformações sociais.

Um debate em aberto

A possível extensão da adolescência tem levantado discussões importantes. Se essa fase realmente vai até os 24 anos, quais são as consequências para a sociedade? Devem-se ser respeitadas as expectativas em relação à independência, responsabilidades e ingresso na vida adulta?

Também, para especialistas, compreender a adolescência como um período mais amplo pode ajudar famílias, instituições de ensino e até empresas a ajustarem suas formas de lidar com os jovens. As políticas públicas também podem se beneficiar dessa visão, adaptando programas de apoio, educação e inserção no mercado de trabalho.

Em suma, mais do que uma questão de "demorar a crescer", a adolescência prolongada parece ser o reflexo de um mundo que exige mais tempo para a transição entre juventude e vida adulta. Entre responsabilidades financeiras, carreira, estudos e amadurecimento emocional, a sociedade contemporânea está redesenhando o que significa ser jovem.