Dietas anti-inflamatórias viralizam no TikTok; entenda o que são
As dietas que prometem acabar com a inflamação viralizaram no TikTok, mas especialistas explicam que o segredo não está em cortar grupos alimentares - e sim no equilíbrio
Nos últimos meses, as chamadas "dietas anti-inflamatórias" se tornaram uma febre nas redes sociais. Só no TikTok, os vídeos com esse tema já ultrapassaram 20 milhões de visualizações, com criadores de conteúdo prometendo milagres: menos inchaço, perda de peso e até "cura natural" para diversas doenças. Tudo isso sob a condição de eliminar laticínios, glúten e açúcar.
Mas, embora a ideia de comer para reduzir a inflamação tenha fundamento científico, o que circula na internet costuma ser uma versão distorcida e, muitas vezes, exageradamente restritiva.
O que é, afinal, inflamação?
A inflamação é um processo natural e essencial do corpo. Ela é a forma como o sistema imunológico responde a lesões, infecções ou agentes irritantes, enviando células de defesa para reparar os tecidos. Existem dois tipos principais: a inflamação aguda (de curto prazo e benéfica, como a vermelhidão de um corte cicatrizando) e a crônica (de longo prazo e silenciosa, associada a doenças como diabetes tipo 2, câncer, artrite e problemas cardíacos).
O que preocupa os especialistas é justamente essa inflamação crônica de baixo grau, que pode ser intensificada por fatores como estresse, sedentarismo, tabagismo, má qualidade do sono e, claro, alimentação desequilibrada.
O papel da alimentação na inflamação
De acordo com especialistas da University of Queensland e da Southern Cross University, uma dieta rica em alimentos ultraprocessados, carnes processadas, doces e refrigerantes aumenta os níveis inflamatórios no organismo. Por outro lado, padrões alimentares equilibrados e ricos em comida de verdade têm o efeito oposto.
A chamada dieta mediterrânea é o exemplo mais estudado: baseada em frutas, verduras, grãos integrais, azeite de oliva, oleaginosas, leguminosas e peixes, com consumo moderado de aves e laticínios e pouca carne vermelha ou açúcar. Pesquisas mostram que esse padrão está associado a menores níveis de inflamação e melhor saúde cardiovascular.
Onde o TikTok acerta - e onde exagera
Alguns conselhos populares nas redes até fazem sentido. Há evidências de que probióticos, encontrados em iogurte, kefir e alguns queijos fermentados, ajudam a reduzir certos marcadores inflamatórios no sangue. Estudos clínicos também indicam que esses microrganismos podem equilibrar a flora intestinal, o que colabora para o bom funcionamento do sistema imunológico.
Mas os erros são ainda mais comuns. As famosas listas de "proibições" - eliminar glúten, laticínios ou açúcar - não têm respaldo científico para a maioria das pessoas. Além disso, pesquisas recentes mostram que laticínios fermentados podem ter efeito anti-inflamatório. E grãos integrais - muitas vezes demonizados injustamente - melhoram o equilíbrio intestinal e reduzem riscos de doenças crônicas.
O que realmente funciona
Para quem é saudável, não há motivo para cortar grupos inteiros de alimentos. A melhor estratégia é seguir um padrão alimentar variado, colorido e natural:
- Priorize vegetais, frutas, legumes, leguminosas e grãos integrais;
- Inclua gorduras boas, como azeite e castanhas;
- Evite ultraprocessados, frituras e bebidas açucaradas.
Esse equilíbrio (e não a eliminação total de certos alimentos) é o que realmente ajuda a reduzir a inflamação crônica e fortalecer o corpo a longo prazo.