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Macrossomia: entenda por que alguns bebês nascem tão grandes

Relatos de recém-nascidos que nasceram com o dobro do tamanho convencional estão por toda a internet, mas você sabia que existe um nome para essa condição?

1 nov 2021 - 16h29
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Que mãe nunca ouviu a famosa pergunta "com quantos quilos seu bebê nasceu"? Pois é, o peso do recém-nascido é um tópico recorrente no universo da maternidade. E a atenção ao assunto pode se tornar ainda maior se o bebê vier ao mundo um pouquinho (ou muito!) maior do que o esperado pela família.

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Foto: pixdeluxe/Getty Images / Bebe.com

Episódios inusitados de recém-nascidos com cinco ou até sete quilos têm sido cada vez mais divulgados. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o tamanho da criança no nascimento nem sempre é equivalente à saúde.

"Para cada idade gestacional, se tem um parâmetro de crescimento que foi construído ao longo de estudos de populações. Então, o obstetra vai acompanhar o desenvolvimento do feto através de uma curva. Se ela estiver acima do percentil 90, é considerado um crescimento aumentado e aí precisamos investigar as causas dele", esclarece a obstetra Elaine Christine Moisés, presidente da Comissão Nacional Especializada em Hiperglicemia na Gestação da Febrasgo.

Esse acompanhamento do peso do bebê é feito ao longo de toda a gestação, mas os últimos ultrassons ainda podem ter uma margem de erro de até 20%, de acordo com Elaine. Sendo assim, é apenas após o nascimento do pequeno que a mãe poderá analisar melhor a condição do filho.

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Foto: Cary Patonai/Facebook / Bebe.com

Os famosos "bebês gigantes" despertam curiosidade e costumam fazer sucesso na internet. O mais recente caso foi da norte-americana Carey Patonai que, após 19 perdas gestacionais , teve um bebê que nasceu pesando 6,5 kg.

"Estava acostumada a carregar bebês grandes, mas este estava em outro nível. Chegou a um ponto em que eu mal conseguia me mover. Eu geralmente levava 30 minutos para me recuperar de um banho", esclareceu Cary, mãe de outras duas crianças, em entrevista ao Today Parents.

Bebês como Finley se encaixam dentro do quadro de uma condição chamada macrossomia, que contempla recém-nascidos com mais de 4kg.

Qual o motivo por trás desse crescimento?

Afinal, o senso comum não está totalmente errado neste caso. Bebês acima da média de tamanho podem sim ser frutos da sua herança genética, caso a família apresente uma estatura além do convencional. Mas, geralmente, a causa mais comum do crescimento excessivo do feto é a presença de um quadro diabético na própria mãe.

Se o nível de glicemia no sangue da mulher estiver elevado durante a gestação, o corpo dela vai entregar ao bebê uma maior quantidade de açúcar e, portanto, incentivar o seu desenvolvimento de modo mais rápido.

"A mãe manda açúcar como fonte de energia para o feto, a fim de que ele se desenvolva. Mas se for transferido em abundância, esse excesso de substrato (tanto de açúcar, quanto de proteínas e gorduras) irá estimular a produção do hormônio da insulina no pâncreas do bebê, e aí ele acaba evoluindo mais. Visto que, na fase fetal, além do controle metabólico, esse hormônio também é determinante para a velocidade de crescimento da criança", esclarece Elaine.

Apesar de resultar em bebês com tamanhos que impressionam, esta taxa de açúcar elevada no sangue da mãe pode trazer algumas complicações metabólicas durante a gravidez, tanto para a mulher, quanto para o pequeno.

O volume do líquido amniótico, por exemplo, (aquele que compõem a bolsa) sofre um aumento, pois a criança produzirá uma quantidade maior de urina. Além disso, também há riscos de prematuridade e prejuízos ao próprio bem-estar do bebê.

"Um nenê com um crescimento mais acelerado também demanda maior adaptação dos seus órgãos. É preciso que ele tenha um coração que o sustente e isso pode trazer algumas repercussões em termo de sobrecarga", complementa a obstetra.

Chegou a hora do parto...e agora?

Se apesar das complicações metabólicas, a gravidez evoluiu adequadamente, é preciso que a mãe comece a pensar no nascimento do bebê. E em casos de macrossomia, levar o tamanho dele em consideração é uma parte fundamental para se preparar para o momento.

"Com um bebê acima de quatro quilos, há mais dificuldades na evolução do parto, que a gente chama de distorces. Inclusive, também existem chances de se ocorrer alguns traumatismos tanto para o nenê quanto para a mãe", explica Elaine.

As recomendações da Comissão Nacional Especializada em Glicemia na Gestação quanto à forma do parto variam de acordo com cada caso. Em geral, em crianças com mais de 4,5kg, é indicado que seja oferecido à mãe a realização da cesariana.

Entre 4kg e 4,5kg, a orientação é que a gestante, junto com o obstetra, analise uma série de parâmetros, como o histórico gestacional da mulher e o andamento da gestação e do trabalho de parto.

Cuidados após o nascimento

Mesmo se o momento do parto passou e o bebê já teve o primeiro encontro com o mundo exterior, ainda é preciso tomar alguns cuidados com a saúde do recém-nascido.

"Na macrossomia causada pela diabetes gestacional, a criança estava vivendo com um nível de glicemia alto e, quando nasce, ela deixa de receber essa oferta grande de açúcar. O resultado disso é que o bebê vai acabar tendo uma hipoglicemia. Ele vai levar de dois a três dias para voltar a ter uma taxa metabólica normal", esclarece o pediatra Ary Lopes Cardoso, presidente do Departamento de Suporte Nutricional da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

Com essa mudança no organismo do pequeno, a quantidade do hormônio da insulina vai ficar desregulada e pode até levar a quadros de convulsão. Mas muita calma: esta é uma situação muito bem acompanhada nos berçários de hoje.

"Após o nascimento, são colocadas (tiras de teste) Dextrostix no nenê para medir o nível de açúcar dele. Se for possível, também já se inicia a alimentação, para que a glicemia seja regulada. Na hora que ela entra em equilíbrio, quando o pâncreas volta a funcionar dentro daquilo que o recém-nascido precisa, ele vai ser um bebê que vai mamar normalmente", pontua Ary.

O tamanho do bebê também pode passar por alterações, já que, após o nascimento, o peso do recém-nascido sofre uma redução de até 10%. A partir daí, o acompanhamento com o pediatra deve ser iniciado.

Apesar disso, a obstetra ainda pontua que o quadro de diabetes na mãe, seja gestacional, ou anterior à gravidez, deve ser acompanhado, assim como a saúde do pequeno, que pode trazer algumas consequências desse período intrauterino.  

"Naquelas mulheres que não conseguiram um controle adequado do açúcar e que, em consequência disso, o bebê teve o crescimento aumentado, há uma maior probabilidade do desenvolvimento futuro de síndromes metabólicas na criança, como hipertensão, diabetes, e problemas cardiovasculares. Por isso, é importante fazer a monitorização do controle glicêmico da gestante", finaliza Elaine.

Bebe.com
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