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Sustentabilidade: quais foram os principais resultados da COP30?

COP30 em Belém teve avanços importantes, impasses marcantes e um debate intenso sobre o futuro climático do planeta; entenda os resultados

27 nov 2025 - 15h12
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A COP30, realizada em Belém do Pará, marcou um momento histórico: foi a primeira vez que o Brasil recebeu a conferência anual da ONU sobre mudanças climáticas. Apesar das expectativas elevadas e dos debates intensos, o encontro terminou com um misto de avanços e frustrações - especialmente em temas como combustíveis fósseis e desmatamento, que continuam no centro das discussões climáticas globais.

A COP30 trouxe progressos e frustrações em combustíveis fósseis, florestas, financiamento e transição justa; veja os principais pontos
A COP30 trouxe progressos e frustrações em combustíveis fósseis, florestas, financiamento e transição justa; veja os principais pontos
Foto: Reprodução: Canva/mantaphoto / Bons Fluidos

O que é a COP30?

A sigla COP significa "Conferência das Partes" - as "partes" sendo os quase 200 países que assinaram o acordo climático inicial da ONU, em 1992. Desde então, chefes de Estado, cientistas, negociadores e ativistas se reúnem anualmente para decidir os rumos das políticas climáticas do planeta. Em 2025, foi a vez de Belém sediar a 30ª edição do encontro, estendendo-se de 10 a 22 de novembro após longas negociações.

A escolha do país anfitrião segue rodízio entre regiões, e dessa vez a América Latina sediou o local. A decisão de realizar o evento na porta de entrada da Amazônia trouxe algumas dificuldades logísticas, mas também simbolismos.

Quem participou - e quem ficou de fora

O encontro contou com a presença de líderes como Emmanuel Macron, Friedrich Merz, Keir Starmer e o presidente Lula. António Guterres e Ursula von der Leyen também marcaram presença, assim como o Príncipe William, que discursou sobre a urgência de enfrentar "as ameaças que se aproximam rapidamente".

A ausência notável ficou por conta de Xi Jinping e Donald Trump, representantes das duas maiores economias e maiores emissores de gases de efeito estufa. Ainda assim, a China enviou uma ampla delegação, enquanto os EUA compareceram com representantes locais e estaduais, mas sem autoridades federais.

Por que esta edição foi tão importante?

O encontro aconteceu sob forte pressão. Desde o Acordo de Paris, em 2015, o mundo tenta limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C - um limite considerado essencial para evitar impactos climáticos catastróficos. Apesar da expansão das energias renováveis, especialmente solar, os compromissos apresentados pelos países seguem insuficientes. Pouco antes da conferência, apenas um terço das nações havia enviado planos atualizados de redução de emissões. Guterres chegou a afirmar que "ultrapassar" os 1,5°C é praticamente inevitável, mas ainda existe a possibilidade de retornar ao limite até o fim do século, caso as emissões caiam rapidamente.

O que foi decidido na COP30

1. Combustíveis fósseis: o grande impasse

Uma das maiores frustrações do encontro foi a falta de avanços concretos sobre o abandono de petróleo, gás e carvão. Na COP28, em Dubai, havia sido reconhecida a necessidade de fazer uma transição energética que deixasse os fósseis para trás. Em Belém, esperava-se um "roteiro" mais detalhado, defendido por mais de 80 países, incluindo o Reino Unido e o próprio Brasil. Mas a proposta esbarrou na oposição de nações petroleiras. O resultado final apenas mencionou acordos já existentes, sem fortalecer o compromisso. Como alternativa, o Brasil anunciou que lançará um roteiro voluntário para a transição energética, fora do texto oficial.

2. Financiamento climático: promessas ainda insuficientes

Os países ricos reafirmaram o compromisso assumido na COP29 de mobilizar pelo menos US$ 300 bilhões ao ano para nações em desenvolvimento até 2035 - valor considerado muito abaixo das necessidades reais. O Brasil apresentou um plano para alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão, unindo recursos públicos e privados. A COP30 também apoiou a triplicação de verbas para adaptação climática, mas sem clareza sobre a origem do dinheiro. A falta de transparência e de compromisso financeiro efetivo foi criticada por entidades como a Climate Action Network, que classificou o processo como "insuficiente diante da urgência do clima".

3. Florestas: reconhecimento importante, mas sem metas claras

O Brasil lançou o fundo "Florestas Tropicais para Sempre", com objetivo de captar US$ 125 bilhões para preservar a Amazônia e outras florestas tropicais. Durante o evento, a Alemanha anunciou doação de 1 bilhão de euros ao fundo. Apesar disso, o roteiro para zerar o desmatamento, compromisso firmado na COP26, não entrou no texto final. Por outro lado: o tema ganhou destaque em 117 iniciativas oficiais; mecanismos de financiamento, como mercado de carbono, avançaram; e os direitos territoriais indígenas foram reconhecidos pela primeira vez em um texto decisório - passo histórico na proteção das florestas.

4. Transição Justa: o maior avanço da COP30

Considerado o grande destaque em Belém, o Mecanismo de Ação de Belém (BAM) estabelece princípios para uma transição energética que considere direitos humanos; proteção de povos indígenas e comunidades tradicionais; trabalho decente; igualdade de gênero; educação e desenvolvimento juvenil. Embora ainda falte definição operacional, o texto reconhece barreiras reais e abre espaço para financiamento específico da transição, que será detalhado na reunião de Bonn, em 2026.

5. Adaptação: avanços com limitações

Os países concordaram em triplicar o financiamento para adaptação até 2035 e criar indicadores globais para medir preparo e resiliência climática. Mas muitos negociadores ficaram insatisfeitos com o prazo estendido e com a falta de clareza sobre a fonte dos recursos.

O balanço final: avanços, contradições e caminhos em aberto

A COP30 terminou com a sensação de que houve progresso político, mas pouco avanço prático. Ficaram faltando medidas concretas para alinhar o mundo ao limite de 1,5°C, enquanto a pressão de setores fósseis continua forte. Ainda assim, houve ganhos importantes: o debate sobre transição longe dos fósseis deixou de ser tabu e virou pauta central; florestas ganharam mais protagonismo; e direitos humanos e justiça climática entraram com força no texto final. No entanto, a crítica recorrente segue atual: é preciso transformar discursos e "roteiros" em ações reais.

Bons Fluidos
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