Como a alimentação da mãe interfere na genética do bebê durante a gestação?
O que vai ao prato da gestante não afeta apenas o presente, mas também o futuro do bebê - da formação genética ao sistema imunológico e metabólico
A alimentação durante a gravidez é muito mais do que uma questão de bem-estar momentâneo. Pesquisas mostram que o que a mãe consome durante a gestação pode moldar a genética do bebê e impactar sua saúde por toda a vida.
Um estudo publicado na revista científica Genome Biology revelou que uma dieta desequilibrada na gravidez pode provocar alterações permanentes no DNA fetal, afetando a função de genes ligados à proteção imunológica. Em outras palavras, o cardápio materno pode "ligar" ou "desligar" genes importantes para o desenvolvimento e a imunidade da criança.
Como a alimentação materna influencia o DNA do bebê
O DNA carrega as instruções genéticas que determinam como cada célula do corpo vai funcionar. Para que essas informações sejam expressas corretamente, o organismo precisa de nutrientes. E é aí que a alimentação da gestante entra em cena.
Vitaminas, minerais e antioxidantes têm papel essencial na proteção do material genético e na manutenção da saúde dos cromossomos. O ácido fólico, por exemplo, é um dos nutrientes mais importantes nesse processo. Presente em folhas verde-escuras (como espinafre, couve e brócolis) e leguminosas (como feijão e grão-de-bico), ele é indispensável para a formação do tubo neural do bebê - estrutura que dará origem ao cérebro e à medula espinhal. A deficiência dessa vitamina pode aumentar o risco de malformações congênitas e em sua genética.
O que incluir no cardápio da gestante
Uma alimentação equilibrada, colorida e variada é a base para uma gestação saudável. Confira alguns grupos alimentares que não podem faltar:
- Proteínas magras: peixes, frango e ovos são fundamentais para o crescimento do bebê e ajudam a prevenir parto prematuro;
- Folhas verde-escuras: ricas em vitaminas do complexo B, contribuem para o desenvolvimento cerebral e nervoso;
- Frutas frescas: fontes naturais de antioxidantes, fortalecem a imunidade e protegem o DNA de danos oxidativos;
- Ômega-3: presente em salmão, sardinha, chia e linhaça, auxilia na formação do cérebro e da retina;
- Vitamina D: encontrada em ovos, peixes e cogumelos, favorece o fortalecimento ósseo;
- Vitamina C: frutas como acerola, laranja e kiwi melhoram a absorção de ferro e ajudam a prevenir anemia.
O que deve ser evitado na gravidez
Durante a gestação, alguns alimentos podem comprometer o equilíbrio nutricional e até afetar o desenvolvimento fetal. Dentre eles, estão:
- Açúcar refinado e farinhas brancas: em excesso, prejudicam a absorção de nutrientes e aumentam o risco de diabetes gestacional;
- Adoçantes artificiais (como ciclamato, sacarina, aspartame e sucralose): devem ser evitados, pois podem interferir na regulação metabólica;
- Gorduras trans: comuns em ultraprocessados e frituras, elevam o risco de doenças cardiovasculares;
- Carnes embutidas e defumadas: contêm substâncias químicas que podem ser prejudiciais ao bebê;
- Produtos industrializados: ricos em conservantes, corantes e sódio, podem aumentar inflamações e afetar o sistema imunológico.
Estudos mostram que bebês expostos a dietas ricas em açúcar, gordura e ultraprocessados durante a gestação têm maior propensão a desenvolver obesidade, diabetes e doenças cardíacas na vida adulta.
Cuidar da alimentação durante a gestação é um gesto de amor que ultrapassa os nove meses. Cada refeição equilibrada representa um investimento na saúde física e genética do bebê, ajudando a construir um futuro mais saudável desde o início da vida.