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Chip da beleza: o método pode não ser tão seguro assim

Apesar dos benefícios prometidos, o implante hormonal pode mexer com a saúde da mulher

15 nov 2021 - 09h30
(atualizado em 19/11/2021 às 17h07)
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Endocrinologista alerta para possíveis perigos decorrentes do uso do chip da beleza
Endocrinologista alerta para possíveis perigos decorrentes do uso do chip da beleza
Foto: Shutterstock / Alto Astral

Você já ouviu falar em chip da beleza? Com um nome popular bastante atrativo, o implante hormonal, na verdade, não é um chip, mas um tubo de silicone colocado dentro da pele, que libera doses diárias de hormônio. Ainda que esse método prometa ser útil para perder peso e tratar a endometriose, por exemplo, muitos médicos têm alertado para os perigos de seu uso. 

Conversamos com a endocrinologista Maria Fernanda Barca, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), para desmistificar o chip da beleza e mostrar para que serve, como usar, quais suas contraindicações, efeitos colaterais e preço. Tire suas dúvidas de uma vez por todas! 

Alto Astral: Quais são os hormônios presentes no chip da beleza e para que servem?

Maria Fernanda Barca: Vários chips são usados e eles podem conter estrógeno, progesterona e testosterona. Mas o chip da beleza contém um hormônio derivado, a gestrinona, usada como contraceptivo e para tratar sintomas da TPM e endometriose. Como ele não tem ação contra a testosterona, dá um vigor, aumenta a libido e, quando acompanhado da musculação, acentua a parte masculina, ou seja, dá força, aumenta a massa muscular e diminui gordura. 

AA: Esse método é seguro?

MFB: Não existe publicação para assegurar que o chip da beleza não cause cânceres, por exemplo. Vale lembrar também que apenas um é produzido pela indústria farmacêutica, ou seja, se fosse algo sério, encontraríamos outros nas farmácias. Para obter esses resultados, existem métodos mais seguros disponíveis, como o DIU, por exemplo, que trazem os mesmos efeitos. Por essas razões, sou bastante avessa ao uso. 

AA: Quais são as indicações e contraindicações?

MFB: Em geral, as pacientes buscam para tratar endometriose e sintomas de TPM, mas, no meu ponto de vista, ele é contraindicado para todos, pois não é um tratamento sério. No entanto, algumas condições devem impedir ainda mais seu uso, como caso ou histórico familiar de câncer de mama e outros cânceres ginecológicos, e pessoas com tendência à coagulação, uma vez que pode resultar em trombose venosa e acidente vascular cerebral (AVC). 

AA: Qual é a durabilidade do chip da beleza?

MFB: Dura de 6 meses a um ano. Depois disso, precisa ser trocado junto ao médico.

AA: Quanto custa?

MFB: Os preços variam entre R$ 4 mil a R$ 6 mil reais cada. 

AA: Quais são os principais efeitos colaterais? 

MFB: A gestrinona por si só já tem efeitos masculinizantes. Alguns exemplos disso são: acne, hirsutismo (excesso de pelos) e voz rouca e masculinizada. Além disso, o silicone — matéria-prima do implante — pode causar problemas futuros, como rejeições, inflamações e infecções, quando não confeccionado de forma segura. 

AA: Como é feita a aplicação? 

MFB: Ele é colocado, normalmente, no glúteo com anestesia local e demora cerca de 10 minutos. É um procedimento bem simples. 

AA: Vale a pena usar o chip da beleza?

MFB: Hormônios não são brincadeiras e os médicos devem primar pela saúde das pacientes sempre. Por isso, aconselho opções disponibilizadas e reconhecidas no mercado e que trarão o mesmo efeito, porém de forma mais segura. 

Fonte: Maria Fernanda Barca, endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Sociedade Europeia de Endocrinologia (SEE).

Alto Astral
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