'Terá a cara do Brasil': o que esperar do Oscar da Sustentabilidade, criado pelo príncipe William e que acontecerá no Rio
Earthshot Prize tem como objetivo premiar as soluções mais inovadoras para os desafios ambientais do mundo e, este ano, será no Rio
O Brasil é o centro da discussão global sobre meio ambiente neste ano. Além de sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, em novembro, este também será o primeiro ano em que o País receberá o Oscar da sustentabilidade, o Earthshot Prize, uma iniciativa criada pelo príncipe britânico William, que distribuirá prêmios no total de R$ 36,5 milhões.
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Nesta quinta edição, a iniciativa terá “super a cara do Brasil”, como revelou o diretor brasileiro da Earthshot, Felipe Villela, em entrevista exclusiva ao Terra.
Um projeto brasileiro nunca ganhou o prêmio, embora já tenha sido finalista com o caso da Belterra Agroflorestas, na categoria natureza. Sediada no Mato Grosso, a organização que foi finalista em 2023 colabora com pequenos e médios produtores para restaurar florestas críticas e já protegeu 40.000 hectares de floresta brasileira.
De acordo com informações obtidas pelo Terra, 2.426 soluções foram submetidas ao prêmio de 2025 --sendo 52,12% referentes aos países emergentes ou em desenvolvimento. Do Brasil, foram inscritas 140 iniciativas. Ao todo, 542 das soluções submetidas são lideradas por comunidades locais e povos indígenas.
"O Brasil se destaca mais [nas categorias de] natureza e clima, e tem muitas inovações. A gente pode ver muito mais nomeações nessas categorias, e, neste ano, exclusivamente, a gente viu uma série de soluções brasileiras que são a cara do Brasil em relação à área ambiental." - Felipe Villela, diretor brasileiro da Earthshot, em entrevista ao Terra
Qual o objetivo do prêmio?
O prêmio foi criado em 2020 pelo príncipe William com o objetivo de premiar as soluções mais inovadoras para os desafios ambientais do mundo. Até o momento, a premiação já foi sediada em Londres (2021), Boston (2022), Singapura (2023) e Cidade do Cabo (2024). Agora, em novembro deste ano, o evento vem para o Rio de Janeiro e acontecerá no Museu do Amanhã.
Anualmente, há sempre quinze finalistas, que são contemplados com apoio técnico e de governança e com acesso a uma rede de investidores vinculada ao prêmio. Destes quinze, há sempre cinco vencedores, um para cada frente da iniciativa: natureza, ar, oceanos, resíduos e clima.
O prêmio, teoricamente, tem prazo para acabar. Isso porque o intuito é contribuir com 50 soluções capazes de mitigar os problemas ambientais globais até 2030. Ou seja, ao todo, serão 10 edições.
A premiação também é à altura da realeza: cada vencedor leva o prêmio de 1 milhão de libras --o equivalente a R$ 7,3 milhões, na cotação atual.
Como se inscrever?
Para participar do Earthshot Prize há caminhos específicos. Não é possível se inscrever diretamente. É preciso que a iniciativa, a empresa, a organização sem fins lucrativos ou, até mesmo, o projeto governamental seja indicado por "olheiros" parceiros do prêmio. Nesta edição, as indicações tiveram início no meio do ano passado e se encerraram no fim do ano.
Quem são os finalistas de 2025?
A relação dos finalistas dessa quinta edição ainda não foi divulgada. Segundo o diretor da Earthshot no Brasil, Felipe Villela, a expectativa é que os nomes sejam divulgados na primeira semana de outubro – um mês antes da premiação, que acontece em novembro.
Financiamento como enfrentamento
Para Felipe Villela, representante da Earthshot no Brasil, há três grandes desafios globais para solucionar a crise climática: financiamento, liderança e implementação. Três pontos que o prêmio, por sua vez, busca fomentar.
Como ele explica, “sem financiamento, a gente não consegue se mobilizar para reverter esse cenário”. Por isso, como destaca, é preciso capital desde o privado até o filantrópico.
Já com relação à liderança, ele avalia que há muitos “cases de sucesso, mas poucas lideranças enfatizando esse tema ao redor do mundo”. “Liderança vem muito no sentido de poder assumir riscos e poder ter mais coragem de assumir compromissos audaciosos para mitigar as mudanças climáticas dentro da área corporativa e do governo também”, afirma.
Sobre a implementação, ele explica: “a gente pode ter um bilhão de dólares para recuperar uma grande área degradada. Pode ter uma grande liderança por trás dessa empresa, mas quem vai executar isso na prática? Ou seja, será que a gente tem viveiros e mudas suficientes para plantar, para restaurar toda essa terra? Então, a implementação é um grande desafio”.
Príncipe William vai vir ao Brasil?
A expectativa é que o príncipe William venha ao Brasil para participar da entrega de premiação, mas ainda não é possível cravar. É de praxe que ele esteja presente nas cerimônias, mas não há como garantir por questões de agenda envolvendo o rei Charles.
O príncipe de Gales é o fundador da Royal Foundation, fundação da família real britânica que mobiliza líderes, empresas e pessoas para que, juntos, possam “enfrentar os maiores desafios da sociedade”. Ele coordena a fundação com sua esposa, Kate Middleton, e foi por meio da iniciativa que ele criou o prêmio. William não é, exatamente, o “dono” da iniciativa, mas foi ele quem lançou o prêmio em 2020 e segue como patrocinador do evento.
Em sua biografia disponibilizada no site do prêmio, William é descrito como um “defensor da proteção do meio ambiente”, tendo liderado frentes internacionais para reprimir o comércio ilegal de animais selvagens e ajudado na proibição do marfim no Reino Unido. "Ele acredita que os próximos dez anos são críticos em nossa luta para proteger o planeta. É por isso que, em 2020, ele lançou o The Earthshot Prize."
Em entrevista exclusiva ao Fantástico, da TV Globo, o príncipe chegou a afirmar que “o Brasil vai produzir o melhor e mais incrível Prêmio Earthshot” e que esse foi o motivo para a escolha do País.
“Acho que a vibração, as pessoas, a energia, o país lindo... Não poderia deixar de ser o Brasil. Queremos que o Prêmio Earthshot seja genuinamente brasileiro, para que tenha realmente um sabor brasileiro. E estamos muito animados para ver a energia e o entusiasmo que serão trazidos para o prêmio”, complementou William.