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RS: manifestantes protestam contra corte de árvores e "concepção anos 70"

Manifestantes não aceitam replantio de apenas 33 das 115 árvores

23 mai 2013 - 20h43
(atualizado às 21h56)
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Manifestantes contrários ao corte de árvores na região do Gasômetro, em Porto Alegre, voltaram a protestar nesta quinta-feira, em frente à prefeitura da cidade. A ação está prevista para duplicação de vias na região para a Copa do Mundo. Com cartazes e gritos de ordem, centenas de pessoas compareceram ao local na noite desta quinta-feira. Um manifestante, que preferiu não se identificar, afirma que a prefeitura no máximo propôs replantar cerca de 30 das 115 árvores. "Ou são todas, ou é nenhuma", diz.

A Secretaria de Gestão do executivo municipal afirma que foi apresentada uma nova proposta na quarta-feira que prevê o estudo de preservação de 22 árvores. Segundo o administração, será decidido agora quais serão os próximos passos a tomar.

A ativista, psicóloga e professora universitária Eliane Carmanim Lima diz que a prefeitura aproveita a Copa do Mundo para passar por cima da legislação e desrespeitar o ambiente. "O prefeito está aproveitando a Copa, que está permitindo que se passe por cima da legislação, para ter recursos. Isso significa que o Brasil está vivendo, e isso é super importante, um regime de exceção, que nem os Estados Unidos. O que é um regime de exceção? Isso significa que a gente está em um estado em que a gente pode passar por cima da lei, por cima das instituições democráticas duramente conquistadas."

Para Eliane, o executivo municipal segue uma "concepção anos 70 de que o desenvolvimento é incompatível com o meio ambiente (...) a ideia de desenvolvimento verdadeiro, do século XXI, é de um respeito ao meio ambiente, isso é desenvolvimento. Ele é compatível com o desenvolvimento tecnológico, urbano". Segundo a ativista, foram feitas audiências com a prefeitura e na Câmara, mas as reivindicações não foram acatadas pelo Executivo.

O movimento

Um manifestante que pediu para não ser identificado diz que apenas uma proposta foi apresentada pela prefeitura na última segunda-feira: que fosse feito um estudo para o replantio de 33 árvores, trabalho que, segundo ele, teria que ser feito por parte do movimento popular, já que a prefeitura não estaria disposta a fazer o replantio com seus recursos. Está previsto o corte de 115 árvores. "A gente não aceitou. Ou são todas, ou é nenhuma."

O grupo Ocupa Árvores está acampado nas imediações do Gasômetro, na região central da cidade, para evitar o corte das árvores. "Principalmente, a gente não aceita o corte e o replantio como está sendo divulgado (...) no ano passado, eles trocaram por equipamentos", diz o manifestante. Ele se refere a reportagem, do ano passado, do jornal Metro que afirma que o Ministério Público teria autorizado a prefeitura a converter R$ 24,9 milhões em obrigações ambientais em produtos ou serviços públicos. Segundo o jornal, o plantio de árvores deveria ser feito por empreendimentos imobiliários, que comprariam de caminhonetes a motosserras.

Policiais militares acompanharam de longe o protesto
Policiais militares acompanharam de longe o protesto
Foto: Matheus Pessel / Terra
A prefeitura

A Secretaria de Gestão, questionada pelo Terra sobre quais seriam os pontos propostos aos manifestantes que estão acampados, encaminhou à reportagem um texto publicado no site de uma rádio local. Segundo a publicação, a prefeitura propôs:

-Lombadas eletrônicas na proximidades da Usina do Gasômetro, com limite de 40 km/h;

-Análise sobre 22 árvores que teriam possibilidade de preservação;

-Concurso público, cuja comissão julgadora teria membros dos acampados, para projeto de passarela entre a praça Julio Mesquita e o Gasômetro;

-O grupo participaria da identificação do local de plantio de mudas de mitigação e a cuidar das mesmas;

-Transformação do estacionamento da Usina em área verde; maior participação no debate sobre as próximas obras e questões ambientais.

Fonte: Terra
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