Indonésia promete dinheiro para fundo de preservação de florestas previsto por Lula para a COP-30
País é o segundo a anunciar algum compromisso com o fundo, que almeja reunir US$ 125 bilhões
ENVIADO ESPECIAL A JACARTA - O presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, afirmou nesta quinta-feira, dia 23, que o país asiático vai investir dinheiro no Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF), a ser lançado na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30), que ocorrerá no próximo mês em Belém. Ele recebeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Jacarta.
Lula disse que o apoio da Indonésia é fundamental. A empresários, ele afirmou que "o TFFF gera dividendos tanto quem investe, como para quem protege o bioma, oferecendo alternativa de renda para quem preserva a floresta".
"É importante que eles tenham certeza que se esse fundo funcionar, ninguém vai mais ficar pedindo dinheiro como se tivesse pedido esmola para poder manter a nossa floresta em pé e para evitar que o planeta tenha um aquecimento acima de 1,5ºC", disse Lula, em Jacarta.
Para atrair investidores privados, o fundo depende de uma contribuição soberana inicial para operações, que deve somar cerca de 20% do total de US$ 125 bilhões (cerca de R$ 673 bilhões).
Com esse montante, o Brasil espera distribuir anualmente cerca de US$ 4 bilhões em dividendos e pagar US$ 4 por hectare de floresta preservada.
Além de dizer que a Indonésia "vai investir no fundo" e se "compromete" com o mesmo montante que o Brasil investirá, Subianto anunciou que não estará na COP-30. O país asiático enviará enviará uma delegação substantiva e apoia a liderança brasileira.
O Brasil vinha sendo cobrado por europeus a dar exemplo e investir primeiro, como forma de "puxar a fila" de outros países, inclusive demais nações em desenvolvimento, que em geral pedem recursos e resistem a investir em iniciativas multilaterais, dentro das regras do Acordo de Paris. O fundo florestal, no entanto, está fora deste enquadramento e é aberto a qualquer país.
Cúpula enfrenta cenário global adverso
Uma das preocupações da conferência do clima neste ano é o risco de esvaziamento do encontro. Entre os pontos negativos do cenário global, estão a saída dos Estados Unidos, sob a gestão Donald Trump, do Acordo de Paris. O pacto climático, assinado em 2015, tem a adesão de quase 200 nações.
Outros fatores que têm desviado a atenção dos líderes globais para a pauta ambiental são a guerra comercial e os conflitos bélicos, como na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
Além dos problemas geopolíticos, Belém enfrentou uma crise de hospedagem diante dos altos preços cobrados na cidade paraense, o que fez os países reduzirem suas delegações.
Nessa quarta-feira, 22, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, reconheceu que o planeta não vai atingir a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris - limitar a 1,5ºC o aquecimento do planeta em comparação com os níveis pré-industriais (até meados do século 19).