Script = https://s1.trrsf.com/update-1741376709/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Drone e câmeras: como aldeia indígena usa tecnologia para monitorar fauna em Ubatuba

Equipamentos com sensores de movimento servem tanto para registrar a passagem de animais silvestres, como para denunciar eventuais invasores

4 mar 2025 - 09h11
Compartilhar
Exibir comentários

Indígenas de uma aldeia de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, estão usando recursos tecnológicos como um drone e câmeras com sensores para monitorar a fauna e garantir a segurança do território. A Aldeia Renascer Ywyty Guaçu ocupa uma área de 2,5 mil hectares, equivalentes a quase três mil campos de futebol coberta pela Mata Atlântica, na região do Morro do Corcovado. São cerca de 60 pessoas das etnias tupi-guarani e guarani que estão na área desde 1999.

Os equipamentos foram implantados pela Fundação Florestal, vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do Estado.

A ação faz parte do Programa Guardiões da Floresta, que também remunera comunidades indígenas, incentivando a preservação das unidades de conservação - muitas delas sobrepostas a terras indígenas. No total, 14 territórios indígenas do Estado de São Paulo, demarcados ou não, participam do projeto, que é apoiado pela Coordenadoria de Políticas para os Povos Indígenas (CPPI), da Secretaria de Justiça e Cidadania.

Imagem de quati é capturada por uma das câmeras da aldeia Renascer Ywyty Guaçu, em Ubatuba.
Imagem de quati é capturada por uma das câmeras da aldeia Renascer Ywyty Guaçu, em Ubatuba.
Foto: Fundação Florestal/Divulgação / Estadão

Na aldeia de Ubatuba foram instaladas cinco câmeras do tipo trap, que servem tanto para registrar a passagem de animais silvestres, como para denunciar eventuais invasores. A reserva é visada por contrabandistas de fauna e flora e por palmiteiros - o palmito é retirado com o corte raso da palmeira juçara, espécie típica da Mata Atlântica, ameaçada de extinção.

Além de ser um aliado para a segurança, o drone ajuda na conservação ambiental, identificando ninhos de aves e espécies da flora, como orquídeas, instalados na copa das árvores. O titular da coordenadoria, Cristiano Kiririndju, diz que o drone também pode ser usado para espalhar sementes e repovoar áreas com espécies que se tornaram escassas, como a própria palmeira juçara.

É, ainda, um instrumento útil às pesquisas e para incentivar o turismo na reserva. "São ações que fortalecem as causas indígenas, promovendo a valorização dos saberes tradicionais e sua participação ativa na conservação ambiental", diz.

Jaguatirica flagrada pelas câmeras com sensores instaladas em aldeia indígena de Ubatuba.
Jaguatirica flagrada pelas câmeras com sensores instaladas em aldeia indígena de Ubatuba.
Foto: Fundação Florestal/Divulgação / Estadão

As câmeras são equipadas com sensores de movimento e acionadas automaticamente quando detectam a aproximação de animais, permitindo o registro de espécies que vivem na área. "Já registramos animais como a jaguatirica, a anta, o tamanduá-bandeira e o quati, além de aves como o tangará e o inambu, que são essenciais para o equilíbrio ambiental", afirmou.

Ainda segundo o coordenador, o aprendizado para o uso dessas tecnologias também capacitou os indígenas para denunciar e combater crimes ambientais e se relacionar com os visitantes. "Com esse apoio, a aldeia tem sido mais procurada por escolas e universidades que, agora, encontram mais facilidade para o diálogo com outras comunidades e com o público externo."

Os índios já criaram um centro cultural na aldeia, com imagens que destacam as belezas naturais e atividades que realçam o conhecimento tradicional dos moradores. A coordenadoria foi criada por decreto em 2023 e já realizou diagnósticos em 27 terras indígenas para implementar políticas públicas voltadas para a promoção dos direitos e a proteção das comunidades.

De acordo com a Fundação Florestal, a Aldeia Renascer Ywyty Guaçu é uma das oito comunidades indígenas incluídas na fase 1 do Programa de Pagamentos por Serviços Ambientais Guardiões da Floresta. Na fase 2, prevista para este ano, 14 terras indígenas estarão incluídas. Dessas, as que manifestarem interesse serão capacitadas para usar a tecnologia dos drones e câmeras

A Aldeia Renascer Ywyty Guaçu é uma das oito comunidades indígenas participantes da Fase 1 do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) Guardiões das Florestas, encabeçada pela Fundação Florestal, órgão vinculado à Semil. Na fase 2 do programa, prevista para este ano, 14 terras indígenas estão incluídas. Dessas, as aldeias que manifestarem interesse serão devidamente capacitadas na utilização da tecnologia com drones e câmeras, usados para ações de monitoramento territorial e de biodiversidade.

São elas:

  1. Terra Indígena Ywyty Guaçu Renascer - sobreposta à zona de amortecimento do PE Serra do Mar - Núcleo Picinguaba, no município de Ubatuba, litoral norte. População estimada: 63 pessoas.
  2. Terra Indígena Ribeirão Silveira - sobreposta ao PE Serra do Mar - núcleos São Sebastião e Bertioga, entre os municípios de São Sebastião e Bertioga, litoral norte. População estimada: 457 pessoas.
  3. Terra Indígena Araribá - sobreposta à APA do Rio Batalha, no município de Avaí, região de Bauru. População estimada: 670 pessoas.
  4. Terra Indígena Piaçaguera - sobreposta ao PESM Núcleo Itariru, no município de Peruíbe, na Baixada Santista. População estimada: 331 pessoas.
  5. Terra Indígena Amba Porã - sobreposta à APA Serra do Mar, Núcleo Itariru e PE Jurupará, no município de Miracatu, Vale do Ribeira. População estimada: 140 pessoas.
  6. Terra Indígena Peruíbe - sobreposta ao Parque Serra do Mar, Núcleo Itariru, no município de Peruíbe, na Baixada Santista. População estimada: 40 pessoas.
  7. Terra Indígena Djaiko Aty - sobreposta ao Parque Serra do Mar, Núcleo Itariru, no município de Miracatu, Vale do Ribeira. População estimada: 50 pessoas.
  8. Terra Indígena Serra do Itatins - sobreposta à zona de amortecimento do Parque Serra do Mar, Núcleo Itariru, no município de Itariri, região do Vale do Ribeira/Baixada Santista. População estimada: 41 pessoas.
  9. Terra Indígena Paranapuã - sobreposta ao PE Xixová-Japuí, nos municípios de São Vicente e Praia Grande, baixada santista. População estimada: 77 pessoas.
  10. Terra Indígena Peguao Ty - sobreposta ao PE Intervales e PE Carlos Botelho, no município de Sete Barras, Vale do Ribeira. População estimada: 50 pessoas.
  11. Terra Indígena Jaraguá - parcialmente sobreposta ao PE do Jaraguá e sua zona de amortecimento, localizada na zona norte do município de São Paulo. População estimada: 790 pessoas.
  12. Terra Indígena Boa Vista (Tekoas Yakã Porã e Akaray Mirim) - sobreposta ao PE Serra do Mar, Núcleo Picinguaba, no município de Ubatuba, litoral norte. População estimada: 58 pessoas.
  13. Terra Indígena Tekoa Mirim - sobreposta à zona de amortecimento do PE Serra do Mar Núcleo Itutinga-Pilões, no município de Praia Grande, baixada santista. População estimada: 73 pessoas.
  14. Terra Indígena Tekoha Nhanderu Porã - sobreposta ao PE Carlos Botelho, no município de São Miguel Arcanjo, região de Sorocaba. População estimada: 19 pessoas.
Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade