COP-30: Ministério da Fazenda ajudará em proposta sobre como chegar a US$ 1,3 tri para o clima
Promessa é repassar esse montante anualmente, até 2035, para os países em desenvolvimento enfrentarem os efeitos do aquecimento global;
O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), André Corrêa do Lago, informou nesta segunda-feira, 10, que está sendo estruturada a participação do Ministério da Fazenda no relatório que indicará quais os caminhos para a garantia do financiamento de US$ 1,3 trilhão anuais, até 2035, aos países em desenvolvimento. Os valores são, por exemplo, para a implementação de ações de redução de emissão de gases de efeito estufa.
No ano passado, na COP do Azerbaijão, foi estabelecido que os países desenvolvidos devem "assumir a liderança" no fornecimento de, pelo menos, US$ 300 bilhões anuais até 2035, muito aquém do que é considerado necessário. O Brasil vai apresentar, junto com o Azerbaijão, um "mapa do caminho" de como alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão.
Os recursos devem partir de diversas fontes, incluindo públicas, privadas, bilaterais, multilaterais e outras alternativas em estudo. "Nós estamos muito coordenados com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, porque a participação deles nessa mobilização é importantíssima ao longo dos próximos meses", declarou o embaixador Corrêa do Lago.
Não foi informado se o BC vai participar diretamente da construção do relatório. Em coletiva nesta segunda, o presidente da COP 30 também reforçou que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris enfraquece o multilateralismo: "não há nenhuma dúvida com relação a isso". A perspectiva, porém, é que entes subnacionais e setor privado continuem participando ativamente do processo de cumprimento de metas no âmbito do Acordo de Paris.
Nesta segunda, Corrêa do Lago divulgou uma carta em que faz o apelo de um "mutirão" global pelo clima e destacou sobre a aceleração de eventos extremos em todo o planeta. A COP será realizada em novembro em Belém - pela primeira vez a conferência terá a Amazônia como sede.
Agricultura entra na agenda, mas não na negociação entre países
Ele disse ainda que o tema da agricultura entrará na agenda de ações, que está em fase de elaboração. Por outro lado, esse tópico não será tratado nos textos de negociação entre os países. "Não há questões específicas com relação à agricultura que possam trazer algum tipo de evolução significativa", declarou.
Sobre o financiamento para a conversão e restauração de florestas, Corrêa do Lago disse que há encaminhamentos em diferentes frentes, incluindo a estruturação do chamado "mercado de carbono de restauração". Está sendo feita discussão com economistas e demais especialistas sobre o tema.
A perspectiva é também reforçar iniciativas já lançadas, como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), proposta apresentada pelo Brasil em 2023 para remunerar países em desenvolvimento que conservam suas florestas tropicais. Na época, foi estimada uma captação potencial de US$ 250 bilhões, com benefício a cerca de 80 países.
