COP-30: Fundo para florestas mira investidor privado que busca risco baixo e longo prazo
Ministério da Fazenda conta que cerca de US$ 100 bilhões dos US$ 125 bilhões do capacity do fundo serão recursos privados
BELÉM - O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) vai mirar investidores com foco em renda fixa de risco baixo e prazos longos de investimento. Entre eles, estão seguradoras, fundos de pensão e fundos soberanos.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, esses investidores são fundamentais para alavancar o montante gerido pelo TFFF. O Ministério da Fazenda conta que cerca de US$ 100 bilhões dos US$ 125 bilhões do capacity do fundo serão recursos privados.
Esses investidores vão assumir um risco muito menor daquele assumido pelos investidores da cota júnior, que serão uma espécie de "fundadores" do fundo. Entre esses, já anunciaram que farão aportes: Brasil, Indonésia, França, Noruega e Alemanha. Os recursos de Portugal e Holanda foram bem menos vultosos e devem atender a custos operacionais para a fase inicial do fundo.
Os investidores privados irão, na verdade, participar do TFFF comprando os títulos de dívida emitidos pela instituição. Segundo uma fonte a par do assunto, o TFFF vai ser uma instituição que vai emitir dívida, e esse papel vai interessar a qualquer investidor que aloca em renda fixa de baixo risco de longo prazo.
Os bonds do TFFF só poderão começar a ser emitidos depois que o fundo chegar a ao menos US$ 10 bilhões dos investidores da cota júnior. Como o Estadão/Broadcast relatou, esse é o valor que a Noruega condicionou o aporte dos US$ 3 bilhões e já era o valor aventado pelos formuladores do fundo para fazer a emissão.
Os títulos de renda fixa emitidos pelo TFFF irão remunerar a uma taxa fixa equivalente aos rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida pública americana) mais um spread. Nas simulações do Ministério da Fazenda, o spread sobre a T-Note é estimado em um ponto porcentual.
O governo teria consultado agentes do mercado financeiro. Os relatos seriam unânimes que, assim que o fundo fosse montado com esse primeiro capital firme, o fundo entraria na "esteira normal do mercado".
No portfólio do fundo, entrarão apenas títulos de renda fixa de economias em desenvolvimento, ou seja, do Sul Global, e títulos de dívida de grandes corporações. As simulações foram feitas com base nas taxas de retorno pagas por grandes corporações do Hemisfério Norte.
Mas nada impede, segundo a fonte, a alocação em bonds de companhias do Hemisfério Sul. Na proposta do fundo, o TFFF não pode comprar ativos de empresas envolvidas com desmatamento, com carvão mineral e do setor de óleo e gás.
A emissão de bonds ocorrerá de acordo com a demanda, podendo ser realizada a cada três ou quatro anos. Segundo a fonte, os investidores das cotas júnior irão apoiar o desenvolvimento das regras e da governança do fundo.