Como é espécie de peixe gigante da Amazônia que foi encontrada na Bahia
Pirarucu foi capturado por moradores de Pau d'Arco, no município de Malhada em abril; em 2022, espécie foi localizada em rios no norte de SP, na divisa com MG
Moradores do povoado de Pau d'Arco, em Malhada, na Bahia, ficaram intrigados com histórias de um peixe gigante em um banhado às margens do Rio São Francisco. Trata-se de um pirarucu, peixe da bacia amazônica que não é encontrado em rios baianos.
O peixe de escamas avermelhadas, que tinha quase dois metros de comprimento e 78 quilos, foi encontrado em 16 de abril.
Alguns dias antes, outro peixe da mesma espécie, pesando 87 quilos, havia sido retirado das águas por outros pescadores na barragem do Rio do Paulo, em Dom Basílio, também no sudoeste baiano. A distância entre as duas cidades é de 260 km.
Espécie do 'peixe gigante'
O pirarucu (Arapaima gigas) é uma espécie de peixe de água doce que pertence à família Arapaimidae e é encontrado na Amazônia e em outras regiões específicas da América do Sul.
Ele pode atingir até 3 metros de comprimento e pesar até 200 quilos, tornando-se um dos maiores peixes de água doce do mundo. A espécie é carnívora, se alimentando de outros peixes, crustáceos e pequenos animais aquáticos.
Para o pesquisador Francisco Kelmo, professor de Ecologia e Biodiversidade do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), embora a novidade possa agradar os pescadores, é muito preocupante para o meio ambiente.
"A existência de pirarucu vivendo livremente nas águas do rio (São Francisco) pode colocar em perigo a existência de outras espécies de peixes da região e, assim, promover perda da biodiversidade da ictiofauna local", disse ao Estadão.
"A sua presença nas águas do Rio São Francisco está ligada, muito provavelmente, à existência de fazendas de cultivo dessa espécie. Em período de cheia, pode haver rompimento destes criadouros ou tanques permitindo a fuga dos peixes que passam a viver livremente nas águas do rio, readaptando-se à vida livre", disse ainda.
Invasor da Amazônia em rios paulistas
A presença de pirarucus, peixes amazônicos, em locais fora de seu habitat natural, não é algo exclusivo da Bahia. Como mostrou o Estadão, em 2022, pescadores de Cardoso, na região norte do Estado de São Paulo, pescaram espécimes de até 110 quilos no Rio Grande, na divisa com Minas Gerais.
Na ocasião, especialistas advertiram que o pirarucu pode se tornar uma ameaça para os peixes nativos dos rios paulistas, por ser voraz e capaz de desestabilizar as cadeias alimentares.
Um dos pilares da bioeconomia amazônica
Nos últimos anos, milhares de pessoas passaram a preservar os peixes e a depender dele em grande parte da região. Esse processo não só envolve desafios logísticos, mas também esforços contra a pesca ilegal, conhecimento científico e empírico.
A iniciativa de manejar e comercializar o pirarucu é vista como fundamental para o desenvolvimento da Amazônia, promovendo tanto a preservação ambiental quanto o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais.
