Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Calor extremo na Europa acende alerta para temporada de incêndios no Brasil, diz especialista

Secretário executivo do Observatório do Clima fala sobre estratégias para evitar que os incêndios se alastrem, apesar de não ser possível prevenir todos os focos de fogo

8 jul 2025 - 19h13
Compartilhar
Exibir comentários

As ondas de calor extremo que atingem a Europa e o Sudeste Asiático nos primeiros dias do verão no hemisfério norte acenderam o sinal de alerta para a temporada de incêndios no Brasil, que começa no segundo semestre, afirma o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Atrini.

O mês de junho foi o mais quente da história da França, com alertas vermelhos emitidos por autoridades e registros de mortos e hospitalizados em decorrência do calor.

Espanha, Itália, Alemanha, Grécia e Portugal também enfrentam temperaturas até 10°C acima da média.

Já a China emitiu avisos meteorológicos para fortes chuvas, o que ameaçam a geração de energia e a produção agrícola na região.

"O que estamos vendo é um quadro muito preocupante. Esses eventos extremos não ficam restritos à Europa ou à Ásia. Esse mesmo calor vai chegar ao Brasil, e isso significa risco para Amazônia, Cerrado e Pantanal", alertou Astrini, em sua coluna semanal na Rádio Eldorado, do Grupo Estado.

O especialista lembra que o ano passado foi o mais quente já registrado desde o início das medições da temperatura global. O aumento do calor e o tempo seco criam as condições ideais para a propagação de incêndios florestais no Brasil — fenômeno diretamente ligado ao desmatamento e a crimes ambientais.

"Lembrando que esses incêndios significam desmatamento, crime ambiental e problema para a saúde das pessoas que respiram essa fumaça", disse.

O cenário já é de atenção, mas a temporada de queimadas ainda está apenas no começo. "Por enquanto os focos de incêndio estão sob controle, mas a temporada está só começando", pontuou.

Diante do agravamento da crise climática, o governo federal prepara a instalação de uma sala de crise para monitorar e responder às queimadas.

Há estratégias conhecidas que podem ser implementadas para conter o avanço das chamas, como o uso de fogo controlado em áreas muito secas e o treinamento antecipado de brigadistas.

"Não dá para evitar que pegue fogo. Mas, quando pegar, dá para evitar que a tragédia seja maior e punir quem faz isso de forma criminosa. A impunidade aumenta os casos de incêndios florestais", afirmou Astrini.

Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que entre os anos de 2020 e 2023, o Brasil passou por 7.539 desastres climáticos causados por chuvas intensas - crescimento de 222,8% em relação aos eventos ocorridos ao longo de toda a década de 1990.

"É realmente um numero muito impressionante. Vai na linha das previsões que indicam a tendência de que o regime de chuvas no país aumente 30% nas regiões Sul e Sudeste e, por sua vez, diminuir no Norte e no Nordeste, agravando períodos de seca nas regiões", comenta o secretário executivo do Observatório do Clima.

"O governo tem de levar esses números bem a sério porque a gente viu o que acontece quando um governo não leva a sério as previsões climáticas com o desastre no Rio Grande do Sul (em maio de 2024)", acrescenta.

Pré-COP

Entre a conferência que ocorreu no último mês em Bonn, na Alemanha, e a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30), que será realizada em novembro, em Belém, haverá mais reuniões preparatórias. Dois temas devem dominar as discussões, segundo Astrini: o financiamento climático e as promessas de redução das metas de emissões, conhecidas como NDCs.

O financiamento é considerado o principal entrave. Países em desenvolvimento cobram os recursos prometidos por nações ricas, que resistem em cumprir os compromissos assumidos em acordos anteriores, segundo o especialista.

"Esse é o tema que mais paralisa as negociações. Os países ricos não querem pagar e os países pobres estão cobrando. Isso pode travar completamente os avanços", afirmou Astrini.

No campo das NDCs, o panorama também é preocupante. Segundo Astrini, menos de 15% dos países — pouco mais de 20 entre 196 — entregaram suas metas, cujo prazo inicial venceu em fevereiro. Um novo prazo foi estabelecido para setembro.

A União Europeia foi uma das poucas exceções e apresentou recentemente uma proposta ambiciosa: reduzir em 90% suas emissões até 2040, meta que ainda precisa ser ratificada pelos países do bloco.

Com a saída dos Estados Unidos do debate global climático, a China ganhou protagonismo, diz Astrini. O país, que hoje lidera o ranking de emissões globais, ainda não apresentou suas novas NDCs e será peça central nas decisões da próxima cúpula.

Estadão
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade