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Nas grandes cidades, pássaros mudam hábitos e ‘acordam’ mais cedo

Espécie ‘culpada’ por cantar mais cedo, dificultando o sono de uns e encantando outros, é a sabiá-laranjeira, ave-símbolo do Brasil

25 set 2023 - 05h00
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Sabiá-laranjeira é considerada ave-símbolo do Brasil.
Sabiá-laranjeira é considerada ave-símbolo do Brasil.
Foto: Marcia Nelsis/iStock/Getty Images Plus

Você que mora em uma grande cidade brasileira tem ouvido com mais frequência o canto de pássaros no meio da madrugada nesta época do ano? Há quem se queixe de dificuldade para dormir com tanta ‘barulheira’; e há quem se encante com a possibilidade de ouvir com mais clareza a 'música da natureza'. Opiniões à parte, o fato é que tem pássaros que ‘acordam’ mais cedo no ambiente urbano, e é por um bom motivo.

Grande parte das espécies de pássaros é diurna, ou seja, fica acordada durante o dia e dorme à noite, como nós humanos (ou a maioria de nós). Mas, também há os pássaros noturnos, que fazem o contrário.

“Existem várias aves que são de hábitos noturnos. As corujas, os bacuraus, as mães-da-lua (ou urutau). Todas essas aves estão ativas de noite. Elas dormem de dia e caçam de noite”, explica ao Terra a pesquisadora Erika Hingst Zaher, diretora do Museu Biológico do Instituto Butantan.

Ela conta que o bairro onde mora em São Paulo é bastante arborizado e que é comum ouvir à noite o canto da corujinha-do-mato, outra espécie noturna de pássaro.

Pássaros madrugadeiros 

Para além dos pássaros de hábitos diurnos e noturnos, há um tipo de pássaro 'híbrido': ele é diurno, mas ‘acorda’ de madrugada. A espécie ‘culpada’ por cantar mais cedo, dificultando o sono de uns e encantando outros, é a sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), considerada ave-símbolo do Brasil.

Ela mede entre 20 e 25 cm, tem plumas pardas na maior parte do corpo, exceto na região do ventre, onde a coloração é vermelho-amarronzada, e o bico é amarelo-escuro.

Sabiá-laranjeira 'acorda' mais cedo nas grandes cidades.
Sabiá-laranjeira 'acorda' mais cedo nas grandes cidades.
Foto: Marcia Nelsis/iStock/Getty Images Plus

O sabiá-laranjeira vive em quase todas as regiões brasileiras, principalmente no Nordeste, Sudeste e Sul, com registros também no Centro-Oeste. Essa espécie é encontrada ainda em outros países da América do Sul. 

Talvez seja difícil diferenciar o sabiá-laranjeira de outros pássaros apenas observando suas características físicas, mas o som de seu canto é marcante, se parecendo com o de uma flauta. Outra forma de saber se você está ouvindo um sabiá-laranjeira é acordando de madrugada, por volta das 3h, 4h da manhã, parando uns instantes para ouvir o som que vem da rua. Provavelmente você vai ouvir sabiás cantando.

Nem todo sabiá-laranjeira é assim. Isso ocorre principalmente nas grandes cidades, a partir do mês de setembro, que é quando começam a se reproduzir. Em geral, o período de reprodução dos pássaros é durante a primavera e o verão.

A pesquisadora Erika Hingst Zaher explica que o sabiá-laranjeira ‘acorda’ mais cedo nos centros urbanos porque as cidades também se ‘levantam’ mais cedo. “Na cidade de São Paulo, como em outras áreas urbanas do Brasil, o barulho das pessoas começa cada vez mais cedo. Cada vez que você sai mais cedo com o carro, você liga o seu carro mais cedo, você não quer pegar trânsito, aí você sai de casa às 5h da manhã, 6h da manhã. E isso faz um barulho imenso que compete com a vocalização das aves”, diz.

Diante de tanto barulho, o que o sabiá faz? Ele desperta de madrugada para ser ouvido acima do ruído da cidade. “Ele [o sabiá] também gostaria, provavelmente, de ‘acordar’ um pouquinho mais tarde. Mas não, ele tem que acordar mais cedo para que a vocalização dele possa ser ouvida por um eventual parceiro. É uma adaptação que ele faz. Isso no ambiente urbano. No ambiente rural, não acontece isso”, detalha. 

A pesquisadora diz ainda que o canto dos pássaros serve tanto para demarcar território quanto para, no casos dos machos, atrair a atenção das fêmeas. Ou seja, o canto em plena madrugada é por motivo de sobrevivência. É ou não uma boa razão? 

* Acompanhe mais notícias sobre o meio ambiente no Terra Planeta.

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Fonte: Redação Terra
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