IBGE: mais de 46 mil domicílios localizados em áreas de conservação não têm banheiros
Percentual é maior do que o de domicílios da população geral; moradores de unidades de conservação também convivem com mais precariedade
Mais de 46 mil domicílios em unidades de conservação no Brasil não possuem banheiros, enfrentando maior precariedade em saneamento básico comparado à população geral, segundo dados do IBGE.
Mais de 46 mil domicílios localizados em unidades de conservação não têm banheiros. O número representa 1,16% do total de residências do tipo --percentual maior quando comparado ao conjunto dos domicílios particulares permanentes no Brasil, em que 0,59% não tinham banheiro. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 11, e fazem parte do Censo Demográfico de 2022.
- As unidades de conservação (UCs) são espaços territoriais com características naturais relevantes, que foram assim instituídos pelo Poder Público, com o objetivo de conservação ambiental. Há UCs de uso sustentável e de proteção ambiental. No segundo tipo, em tese, não é permitida a instalação de populações, mas há exceções legais.
Quando analisadas apenas as unidades de proteção integral, 4,87% dos domicílios não tinham sanitário, ou 1.985 em números absolutos. O órgão detalha que não necessariamente as populações dessas unidades estão irregulares. O número pode abranger povos originários, pessoas em processo de desapropriação, entre outros.
Apesar de as unidades de conservação serem importantes para o desenvolvimento sustentável, as populações que vivem nesses locais estão mais sujeitas a precariedades.
“O acesso ao saneamento básico adequado é um elemento fundamental da qualidade de vida e da qualidade ambiental. Constatamos percentuais mais elevados de inadequação do saneamento em domicílios dentro de UCs, o que pode implicar em maiores riscos de contaminação e degradação ambiental, justamente em áreas criadas com objetivo de garantia do direito ao meio ambiente equilibrado”, explica Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE.
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Cerca de 40% dos residentes em UCs, ou quase 4,8 milhões de pessoas, convivem com algum tipo de precariedade com relação ao abastecimento de água, à destinação do esgoto ou à coleta de lixo. Entre a população total, esse percentual é de 27,8%.
Considerando aqueles que convivem com mais de uma precariedade do tipo, o percentual mais que dobra entre os moradores de unidades de conservação: é de 7,31%, ou 856.495 pessoas, em comparação a 3% da população total, ou 6.053.981.
Ao fazer o recorte para grupos populacionais específicos, o percentual dos que convivem com alguma precariedade de saneamento aumenta. Mas a diferença entre a população geral diminui.
- Entre os quilombolas que vivem em unidades de conservação, 88,07% convivem com alguma precariedade do tipo, comparado a 78,93% dos quilombolas da população geral;
- Entre os indígenas que vivem em unidades de conservação, 71,26% convivem com alguma precariedade, número muito próximo ao deste grupo na população geral, de 70,08%.