Gelo marinho da Antártida atinge o terceiro menor nível em meio século
O gelo marinho de inverno na Antártida atingiu seu terceiro menor nível em quase meio século de observações por satélite, anunciaram pesquisadores na terça-feira (30), destacando a crescente influência das mudanças climáticas no Polo Sul.
O gelo marinho de inverno na Antártida atingiu seu terceiro menor nível em quase meio século de observações por satélite, anunciaram pesquisadores na terça-feira, 30, destacando a crescente influência das mudanças climáticas no Polo Sul.
A cada inverno no Hemisfério Sul, o oceano ao redor da Antártida congela, avançando centenas de quilômetros além do continente. O pico dessa expansão costuma ocorrer em setembro ou outubro, antes do início do ciclo de degelo.
Neste ano, a superfície congelada parece ter atingido seu ponto máximo em 17 de setembro, com 17,81 milhões de quilômetros quadrados, segundo dados preliminares do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos EUA, vinculado à Universidade do Colorado, em Boulder.
O máximo registrado em 2025 é, portanto, o terceiro menor desde o início das medições por satélite, há 47 anos — atrás apenas dos recordes de 2023 e 2024.
Até 2016, as medições indicavam "um aumento irregular, porém leve, ao longo do tempo" na extensão do gelo marinho (ou gelo compacto) na Antártida, observa Ted Scambos, pesquisador da Universidade do Colorado.
Mas, segundo ele, em entrevista à AFP, "o que parece estar acontecendo é que o calor dos oceanos está se misturando com a água mais próxima da Antártida", o que indica que as mudanças climáticas estão finalmente afetando os mares congelados do continente sul.
Consequências
Embora o gelo marinho não contribua diretamente para a elevação do nível do mar ao derreter, seu desaparecimento tem impacto climático significativo: a brancura do gelo reflete quase toda a energia solar de volta ao espaço. Quando substituída por uma superfície escura de água, essa capacidade de reflexão diminui, contribuindo para o aquecimento global.
O gelo marinho também funciona como uma barreira natural, impedindo que a camada de gelo continental da Antártida avance para o oceano, o que poderia acelerar a elevação do nível do mar.
O derretimento da banquisa pode ainda provocar um efeito aparentemente paradoxal, destaca Scambos: o aumento das quedas de neve na Antártida, já que o ar úmido sobre o oceano se aproxima mais da costa do continente.
Dados históricos mostram que, a longo prazo, a camada de gelo tende a encolher de forma inexorável em cenários de aquecimento global, ressalta o pesquisador.
(Com AFP)