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Sprint: última chance (do ano) para o formato agradar na F1

Apesar de confirmadas para seis etapas em 2022, corridas sprint ainda precisam se mostrar interessantes esportivamente

11 nov 2021 - 14h51
(atualizado às 18h51)
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A largada da corrida sprint em Silverstone
A largada da corrida sprint em Silverstone
Foto: Jean Todt / Twitter

Uma das grandes novidades da Fórmula 1 na temporada de 2021 são as corridas sprint, às vezes chamadas de classificação sprint. Trata-se de uma corrida curta realizada aos sábados cujo resultado define as posições do grid para o Grande Prêmio, que acontece no domingo.  

Contrariando o argumento inicial de que a realização de corridas curtas agregaria emoção aos sábados e importância às sextas-feiras – quando se realizaria a classificação que define o grid da sprint -, o que se viu nas duas edições realizadas até o momento foi pouca ação na pista. 

Relembre o formato 

Em um fim de semana sprint, a programação das atividades de pista sofre alterações na sexta-feira e no sábado. Às sextas, em lugar de dois treinos livres, há apenas um, realizado pela manhã. No período da tarde, acontece uma sessão de classificação no tradicional formato de Q1, Q2 e Q3, que serve para definição do grid da sprint. 

Algumas diferenças são no fato de que são usados sempre os pneus mais macios, visto que não há necessidade de formular estratégia para a corrida, já que não há paradas nos boxes na sprint. Além disso, o melhor tempo não conta como pole position, o que acaba por bagunçar as estatísticas e, de certa, desvaloriza a capacidade de um piloto fazer voltas voadoras. 

No sábado, o treino livre da manhã se mantém, e durante a tarde acontece a corrida sprint no horário em que geralmente se dá a classificação. A sprint percorre 100 km (cerca de um terço de um Grande Prêmio) o que representa 24 voltas em Interlagos.  Sem a necessidade de paradas nos boxes, a escolha de pneus é livre por parte dos pilotos e equipes. A Pirelli fornece um jogo extra de cada tipo de pneus exclusivamente para a sprint. 

Não há pódio, mas os três primeiros recebem pontos para o campeonato. 3 para o 1º, 2 para o 2 e 1 para o 3º. O ganhador, apesar de garantir o primeiro posto no grid para a corrida do dia seguinte, também não é creditado como pole position. E também não entra para os registros de vencedor de grandes prêmios, visto que essa é uma corrida de duração menor, tratada de maneira separada. 

Ou seja, o mais rápido da classificação larga em primeiro, mas não é pole. E larga em primeiro em uma corrida em que o vencedor não é vencedor, os três primeiros não sobem ao pódio, e o 4º, 5 º e demais pilotos do top 10 não pontuam. As estatísticas agradecem... 

A sprint em Monza foi monótona
A sprint em Monza foi monótona
Foto: FIA / Twitter

Como foram as duas sprints já realizadas 

A Fórmula 1 optou por realizar o formato sprint em apenas três GPs esse ano, como forma de teste. Como critério, foram escolhidas pistas que costumam proporcionar boas disputas e corridas empolgantes. A primeira for Silverstone, na Inglaterra. Depois, Monza, na Itália. E agora chegou a vez de Interlagos, no Brasil. 

Na primeira corrida sprint da história da F1, Lewis Hamilton largou na primeira posição depois de ser o mais rápido na sexta-feira. Logo na largada, Max Verstappen partiu melhor e tomou a liderança, se tornando o primeiro ganhador de uma sprint. De resto, a ação ficou por conta de Fernando Alonso, que partiu de 11º e pulou para 5º na primeira volta e terminou a corrida em 7º. Sergio Perez rodou e abandonou, largando em último. 

A corrida “para valer” foi marcada pelo primeiro acidente entre Hamilton e Verstappen na temporada. Ainda na primeira volta, os dois se tocaram na curva Copse, com o holandês indo bater com força na barreira de pneus. Hamilton ainda foi punido em 10 segundos, mas se recuperou e venceu a prova. 

Coincidentemente, a segunda etapa com sprint foi palco do outro acidente entre os líderes do campeonato. Em Monza, ambos se tocaram na primeira chicane, com o Red Bull de Verstappen subindo no Mercedes de Hamilton e parando assustadoramente perto da cabeça do piloto inglês. 

Na corrida sprint em si, Valtteri Bottas largou em primeiro e venceu sem dificuldades, mas acabou largando de último no GP em razão de uma troca de motor. Com isso, Max Verstappen herdou a pole (que não é pole). A sprint teve ação apenas na primeira volta, quando Hamilton largou mal e perdeu posições, Gasly bateu e Tsunoda e Kubica se tocaram. 

Interlagos receberá a terceira e última edição da corrida sprint em 2021
Interlagos receberá a terceira e última edição da corrida sprint em 2021
Foto: Wikimedia Commons

Críticas e futuro 

O formato foi majoritariamente elogiado pelos pilotos em um primeiro momento por se tratar de uma tentativa de adicionar alguma imprevisibilidade e um fato novo ao modelo consolidado. No entanto, depois de duas edições, o tom parece ter mudado. 

Percebeu-se que a corrida sprint poderia ser muito mais prejudicial do que benéfica para os pilotos. Um erro, toque ou problema custaria várias posições no grid da corrida “definitiva”, enquanto um bom desempenho não geraria mais do que algumas poucas posições no grid. Assim, que se viu foram corridas sem muito riscos e posições mantidas. Além disso, o segundo treino livre, já depois da classificação e, portanto, em regime de parque fechado, perdeu a razão de ser

Mas, se as corridas sprint ainda precisam mostrar o seu valor esportivamente, comercialmente elas já são um sucesso. Apenas para as 3 edições de 2021, a Fórmula 1 firmou um acordo de patrocínio com uma empresa de criptomoedas que rendeu à categoria 100 milhões de dólares. Visando um novo acordo em termos parecidos (ou, que sabe, melhores), o calendário de 2022 prevê a realização de sprints em 6 etapas. 

O formato ainda está sob análise, e provavelmente passará por ajustes no ano que vem. Para estimular os pilotos a assumirem mais riscos e gerar mais ação, fala-se em aumentar a pontuação dessas pequenas corridas e até criar um “campeão das sprints”. 

Interlagos recebe última sprint de 2021 

Bem ou mal, fato é que as corridas sprints vieram para ficar, ao menos no médio prazo. E o formato terá sua última edição em 2021 justamente em São Paulo, no próximo sábado, 13, às 16:30. 

Interlagos tem tradição de proporcionar boas corridas, e o fator climático – sempre em pauta na etapa brasileira - pode adicionar uma pitada de imprevisibilidade. A previsão do tempo aponta chances de chuva tanto na sexta-feira quanto no sábado. 

O GP de São Paulo será a última chance de os fins de semana com o formato sprints do jeito que são hoje caírem no gosto dos pilotos e do público. E será uma chance de ouro! 

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