PUBLICIDADE

Parabólica

Quem são as mulheres mais próximas da Fórmula 1

Jamie Chawdick e Maya Weug fazem parte da Academia de Pilotos e podem ser as próximas a competirem na Fórmula 1

8 mar 2021 - 11h01
Compartilhar
Exibir comentários
Jamie Chadwick, campeã da W Series (2019) e membro da Academia de Pilotos da Williams.
Jamie Chadwick, campeã da W Series (2019) e membro da Academia de Pilotos da Williams.
Foto: Williams / Divulgação

No esporte a motor os homens ainda são maioria nas pistas, mas esse cenário está mudando nos últimos anos. A presença feminina é vista com mais frequência no universo automobilístico, mas ainda não na Fórmula 1. A última mulher que participou da categoria foi Giovanna Amatti, em 1992, pela equipe Brabham. Após não conseguir se classificar para as três primeiras corridas, ela foi substituída pelo inglês Damon Hill. 

A notícia de que Jamie Chadwick, primeira campeã da W Series, seguirá pelo terceiro ano como piloto da Academia de Pilotos e de desenvolvimento da equipe Williams, faz com que seja a mulher a estar mais perto da Fórmula 1. Além do trabalho no simulador e na fábrica em Grove, a britânica de 22 anos também estará com a equipe durante algumas corridas, pois a temporada 2021 da W Series contará com a parceria da principal categoria do automobilismo em oito etapas.  

Maya Weug, campeã da seletiva Girls on Track e membro da Academia de Pilotos da Ferrari.
Maya Weug, campeã da seletiva Girls on Track e membro da Academia de Pilotos da Ferrari.
Foto: Ferrari / Divulgação

A W Series realizou a primeira temporada em 2019, mas foi interrompida no ano seguinte devido à pandemia de Covid-19. A categoria nasceu como uma resposta à falta de pilotos mulheres com possibilidade de chegar até a Fórmula 1, mas causou divergência de opiniões, entre mulheres e homens.

Houve quem elogiasse a criação do campeonato como, enfim, uma atitude da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para fortalecer a base de mulheres e acelerar a entrada delas na F1. Houve também quem considerasse a competição um retrocesso e segregação de gênero. E claro, teve ainda quem defendesse uma série exclusiva para mulheres, mas alegando desvantagem física e que não poderiam competir igualmente com os homens em alto nível. Particularmente, este é um assunto constante e que ainda incomoda. 

Helmut Marko, consultor da Red Bull, colocou em xeque a capacidade das mulheres competirem na categoria. Em 2019, ao ser questionado sobre o lançamento da W Series, alegou que havia uma grande demanda física para as mulheres, pois as disputas da Fórmula 1 são brutas e que elas estariam em desvantagem física para competir de forma justa com os homens. Não se espantem se enquanto Marko estiver próximo da equipe austríaca, as mulheres não sejam opção para a academia de desenvolvimento de jovens pilotos…

A criação da W Series faz parte de um planejamento estratégico estabelecido pela Comissão das Mulheres no Automobilismo. Criada em 2009 pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para incentivar uma maior participação das mulheres nas categorias do esporte automotor, a Comissão é presidida por Michèle Mouton, vice-campeã Mundial de Rali de 1982.  Além disso, o trabalho de mais de uma década mostra que o automobilismo está aberto às mulheres em toda a cadeia do esporte a motor não apenas como competidoras, e sim como chefes de equipe, engenheiras, mecânicas e em outras atividades que antes eram predominantemente masculinas e hoje em dia assumem também esses espaços.

Michèle Mouton, presidente da Comissão de Mulheres no Automobilismo (FIA).
Michèle Mouton, presidente da Comissão de Mulheres no Automobilismo (FIA).
Foto: FIA / Divulgação

Outra iniciativa para revelar talentos femininos e apoiar a igualdade de gênero é o programa Girls on Track – Rising Stars (Garotas na pista – Estrelas em ascensão). A parceria da FIA, através da Comissão das Mulheres no Automobilismo, com a Ferrari, quer tornar o automobilismo mais inclusivo, apoiando meninas de 12 a 16 anos para desenvolverem em suas carreiras nas pistas e alcançarem o auge dentro do esporte a motor. 

Maya Weug, de 16 anos, venceu a competição que teve início em 2020 e contou com a participação de 20 jovens dos cinco continentes. Nascida na Espanha, de mãe belga e pai holandês, Maya participou da fase final da seletiva em Maranello, na Itália, em janeiro deste ano, com a francesa Doriane Pin e as brasileiras Antonella Bassani e Julia Ayoub. Como prêmio, Weug se tornou a primeira mulher a entrar na Academia de Pilotos da Ferrari.

Jamie segue para o terceiro ano como piloto de desenvolvimento da equipe Williams e paralelamente, defenderá seu título na segunda temporada da W Series, além de disputar o campeonato Extreme E, de carros off-roads elétricos e que começa no próximo mês na Arábia Saudita. Se pensarmos que o time de Grove costuma oferecer espaço para pilotos jovens, como aconteceu com Valtteri Bottas, Nico Rosberg, Lance Stroll e mais recentemente George Russell, as chances de Jamie podem ser positivas. Mas, por outro lado, se o orçamento da equipe não estiver em dia, o apoio para seguir na categoria pode ficar mais difícil.

Por outro lado, se considerarmos que cinco dos 19 alunos da Academia de Pilotos da Ferrari chegaram até a Fórmula 1, e quatro deles estarão no grid, podemos dizer que Maya também tem um futuro promissor e com espaço para mostrar seu talento. Neste ano, ela irá disputar o campeonato italiano de Fórmula 4, considerada como o primeiro passo para quem quer seguir rumo à principal categoria do automobilismo mundial. 

Maria Teresa de Filippis, a primeira piloto de Fórmula 1.
Maria Teresa de Filippis, a primeira piloto de Fórmula 1.
Foto: Wikimedia Commons / Reprodução

A primeira mulher a competir na Fórmula 1 foi Maria Teresa de Filippis, que participou de cinco corridas nos anos 1958 e 1959, mas se classificou em três delas com um Maserati 250F. Em 1975, Lella Lombardi participou de 12 Grandes Prêmios e foi a única mulher a chegar na sexta colocação e marcar 0,5 pontos na etapa da Espanha, que foi encerrada antes da metade devido a um acidente. Lella também detém o recorde de ser a mulher com mais corridas disputadas, com 12, sendo dez em 1975, todas pela equipe March. 

Susie Wolff, atual chefe da equipe Venturi na Fórmula E, ex-piloto de desenvolvimento e de testes da Williams, foi a primeira mulher a pilotar um carro de Fórmula 1, 22 anos depois de Giovanna Amatti ter entrado nas pistas. Participou dos treinos livres da Inglaterra e da Alemanha em 2014, mas não conseguiu realizar o objetivo de estar no grid da F-1. A espanhola María de Villota e a colombiana Tatiana Calderón também passaram pela categoria como pilotos de testes na Marussia (2012), Sauber (2018)/Alfa Romeo (2019-2020), respectivamente. 

Para qualquer esporte de alto rendimento os atletas precisam estar em boa forma física e não é preciso ser um homem para isso. É necessário ter domínio de suas habilidades, ser competitivo, ter determinação e se dedicar aos treinamentos, físicos e psicológicos, para se desenvolver como atleta. É necessário trabalhar muito, mas não é necessário ter superpoderes como o Super-Homem ou a Mulher-Maravilha. Precisam se preparar para ser atletas e competir em alto nível, além de terem as condições necessárias e equilibradas para mostrarem resultados. 

Susie Wolff, ex-piloto de testes da Williams, atual chefe da equipe Venturi (Formula E).
Susie Wolff, ex-piloto de testes da Williams, atual chefe da equipe Venturi (Formula E).
Foto: Williams / Divulgação

Se Jamie ou Maya, ou ainda alguma outra mulher retornar à Fórmula 1, seja por meio do trabalho que é feito pelas Academias de Pilotos ou por outras iniciativas, só o tempo dirá. As mulheres conseguem sim competir com os homens, mas por enquanto somos poucas. Ao mesmo tempo que a competição demonstra estar aberta à presença feminina e ser cada vez mais frequente ver mulheres trabalhando nas diversas categorias no automobilismo, é importante investir no futuro e incentivar novas gerações a fazerem parte desse universo, com mais oportunidades e um ambiente mais equilibrado entre os gêneros. 

E este texto, inspirado pelo Dia Internacional da Mulher, é dedicado a nós, mulheres, que amam o automobilismo e os esportes em geral. E que lutam por mais igualdade e diversidade no dia a dia.  

Parabólica
Compartilhar
Publicidade
Publicidade