F1: como Glock virou um dos protagonistas do GP Brasil 2008
Um dos destaques da Corrida de Duplas da Stock Car, Timo Glock não disputava o título, mas acabou sendo tendo destaque na disputa do título
Várias disputas de títulos na F1 terminaram na última corrida. Mas, com certeza, uma das mais emocionantes foi a da 2008. Felipe Massa venceu a prova mas precisava que Hamilton chegasse em sexto para vencer o campeonato, posição que o britânico estava até até a curva da Junção (penúltima curva), quando conseguiu passar por Timo Glock e levar seu primeiro campeonato.
Mas como Timo Glock chegou naquele ponto? Bem, para isso é preciso entender como a prova se desenrolou desde seu início. Timo Glock largava em 10° e a Toyota, sua equipe, já estava com o 5° lugar garantido nos construtores, o que não mudaria independente do resultado. No campeonato de pilotos, ele era o 10° colocado, com 22 pontos. Dificilmente conseguiria melhorar sua posição, mas podia perdê-la para Mark Webber (Red Bull) ou Nelsinho Piquet (Renault).
Curiosamente, os dois largaram nas posições seguintes ao piloto alemão. Glock fez uma boa largada com a pista úmida, deixando para trás Nick Heidfeld (BMW Sauber). Logo após a largada, David Coulthard (Red Bull), acabou batendo e Nelsinho Piquet (Renault) também abandonou na primeira volta. Por conta disso, o Safety Car entrou na pista.
Na volta 5, o carro de segurança saiu e três voltas depois, Glock parou pela primeira vez para trocar por pneus slicks. Na volta 12, já estava em oitavo lugar, logo atrás de Lewis Hamilton. Essa situação durou até a volta 35, quando Glock parou novamente nos boxes. Neste momento, eles eram 5° e 6°, respectivamente, mas teve um azar, que lhe custou 5 segundos na parada.
Isso fez com que Glock ficasse no tráfego de alguns carros que ainda tinham que parar, o que o fez perder contato com Hamilton. A partir da volta 44, era a outra McLaren, de Heikki Kovalainen, estava diretamente à sua frente, enquanto se mantinha em 7° e Hamilton era o 5°. Massa era o 1°, fazendo uma corrida impecável.
O piloto alemão perdeu o contato com Kovalainen durante o stint. Massa era o 1° e Hamilton já ocupava o 4° lugar, o que lhe garantia tranquilamente o título. Na volta 64 de 71, os oito primeiros eram: 1° Massa, 2° Alonso (13s651), 3° Raikkonen (14s939); 4° Hamilton (27s556); 5° Vettel (28s939); 6° Kovalainen (45s471), 7° Glock (47s477) e 8° Trulli (58s161).
Parecia tudo completamente decidido, mas a chuva começou. As equipes tiveram que analisar se iriam ou não parar. Todos os seis primeiros pararam nos boxes, mas a Toyota resolveu manter seus carros na pista, na esperança de que a chuva não apertasse. Assim, a equipe conseguiria ter melhores posições. Glock assumiu o 4° lugar e o Trulli foi para 7°.
Na volta 68, o cenário parecia desesperador para Lewis Hamilton: Vettel estava pressionando o britânico e a chuva não estava vindo, Jarno Trulli se aproximava, ficando a apenas 5 segundos de chegar na briga e Glock era o mais rápido da pista, quase 10 segundos à frente.
Lewis estava no limite para ser campeão, mas as coisas pioraram: Vettel passou no mergulho e agora Hamilton era o 6°, empatado com Massa na tabela, com 97 pontos, mas perdia no critério de vitórias.
No fechamento da volta 69, a diferença para Glock estava em 15 segundos, enquanto Jarno Trulli, o 8°, passou a apenas três segundos do britânico. Vettel parecia estar firme em sua posição e o piloto da McLaren não conseguia incomodá-lo. Mas a chuva começou a aumentar e a esperança surgiu para Hamilton. Talvez nem precisaria passar pelo alemão, mas tentar buscar Glock.
No fechamento da volta 70, Glock passou 13 segundos à frente de Hamilton, mas a chuva estava aumentando tanto que o piloto da Toyota começou a ficar muito lento,sem aderência alguma pois a pista estava um sabão. Felipe Massa cruzou a linha de chegada como campeão do mundo, em sua corrida local. Parecia um final épico para os brasileiros.
Mas o destino não quis assim, na curva da Junção, Glock foi ultrapassado por Vettel e Hamilton, caindo para 6° lugar. Sua estratégia deu certo, já que ele ganhou uma posição. Mas isso significou que Hamilton era campeão do mundo e obviamente o clima no autódromo mudou totalmente. Mas para a Mclaren e para Hamilton, era só festa.
Aqueles 5 segundos que Glock perdeu em sua segunda parada fariam diferença? A diferença final para Hamilton foi de 5s461, muito provavelmente isso poderia ter colocado um drama maior, com Glock sendo ultrapassado ainda mais próximo a linha de chegada, mas é difícil afirmar. Glock acabou terminando o campeonato na 10° posição, conquistando 25 pontos, 4 a frente de Mark Webber, que terminou em 9° lugar na prova.
O piloto alemão se tornou um protagonista da forma mais inesperada e, para muitos, saiu como um vilão inicialmente. Essa condição não lhe cabia. Sua permanência na pista foi a única chance real de Massa ser campeão. Levou 13 anos para um reencontro dos dois, intermediado por Rubens Barrichello. Mais que isso, neste final de semana, Glock será companheiro de Massa na corrida da Stock Car Brasil, que acontece em Interlagos, neste final de semana.