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F1 2022 a custo zero? A Red Bull prova que sim

Equipe monta uma estrutura financeira invejável e pode comprovar em 2022 se o modelo pensado pela Liberty Media para a F1 pode funcionar

9 mar 2022 - 11h50
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A atuação do departamento comercial da Red Bull para esta temporada foi bem agressiva e deu ótimos frutos
A atuação do departamento comercial da Red Bull para esta temporada foi bem agressiva e deu ótimos frutos
Foto: Red Bull Content Pool

Sempre ouvimos e lemos que a F1 é um negócio muito caro, que demanda muito dinheiro e a melhor forma de se tornar milionário na categoria é começar bilionário. Não é uma visão muito equivocada. Realmente, se pegarmos os números da F1, são estratosféricos.

Mesmo com a introdução do teto orçamentário, ainda é muito caro. Longe vão os tempos em que equipes gastavam mais de US$ 500 milhões por ano (se especula que a Honda gastou US$ 1 bilhão em 2008). Limitação de custos é um mantra que se escuta desde sempre, mas, aparentemente vem se conseguindo nos últimos anos. Claro que a COVID-19 ajudou a quebrar resistências que se faziam presentes há tempos, mas a direção foi clara.

Assim que assumiu o controle da F1, a Liberty Media diagnosticou e colocou como meta a estabilidade financeira da categoria e – principalmente – das equipes. Após muita discussão, o novo Acordo Comercial fechado em 2020 e válido até 2025 fez uma verdadeira cirurgia plástica na F1 a céu aberto e que muita gente ainda não se deu conta do tamanho.

Hoje, a F1 tem um modelo inimaginável tempos atrás: adota um modelo de franquias semelhante ao da NBA e NFL, com compensações para que os mais fracos possam chegar nos mais fortes pelo lado técnico e ainda uma limitação dos valores gastos, ainda que imperfeita. Eis o quadro do teto, considerando 22 provas em 2021, 23 em 2022 e 24 em 2023. Sobre as Sprint Races: o Regulamento Financeiro prevê que as equipes podem abater dos gastos US$ 150 mil das despesas por edição, embora recomende abater US$ 200 mil em alguns casos...

O teto orçamentário da F1 para as próximas temporadas
O teto orçamentário da F1 para as próximas temporadas
Foto: Sergio Milani

Dentro desta grande reestruturação, a Liberty buscou um modelo de segurar o orçamento e fazer que as equipes possam trabalhar com recursos gerados pelo seu próprio funcionamento. Isso soa como música para as montadoras. A Mercedes até 2019 bancava cerca de 20% do orçamento da equipe (cerca de US$ 60 milhões). A Renault bancou US$ 80 milhões neste mesmo ano e ainda teve um prejuízo contábil de US$ 10 milhões.... Falar para elas que o desembolso seria vindo da atividade, é um livramento.

Disto isto, podemos considerar a Red Bull como um exemplo acabado de como este modelo funciona. Como vocês podem ver na tabela acima, o teto orçamentário para este ano é de pouco mais de US$ 142 milhões. Sempre lembrando que não entram nesta conta os salários de pilotos, custo de motores, marketing e salários de 3 principais membros do time.

Em termos de premiação, a Red Bull teria direito a ganhar pelo 2º lugar no Campeonato de Construtores cerca de US$ 100 milhões. Do lado comercial, a Red Bull simplesmente conseguiu pescar dois peixes grandes: fechou um acordo de 5 anos com a gigante americana de TI Oracle com US$ 100 milhões/ano e outro com a empresa BYBIT de criptomoedas de US$ 50 milhões/ano por 3 anos.

Se considerarmos somente os dois novos acordos, fecharíamos US$ 150 milhões/ano. Só isso cobriria todo o valor previsto para o teto orçamentário e sobraria. Se juntarmos com outros patrocinadores, pensando de um modo conservador, teríamos cerca de US$ 180 milhões.

Juntando isso com a premiação, teríamos um valor de US$ 380 milhões calculando tudo de modo bem conservador. Vendo por este lado, o novo salário de Max Verstappen seria perfeitamente acomodado e ainda o custo de manutenção com os motores Honda. E o melhor de tudo: a Red Bull poderia se dar ao luxo de ter sua operação sendo gerida por suas próprias receitas e com o bônus de toda a exposição publicitária, que podemos estimar na casa de US$ 5 bilhões só na TV (pegando como referência o valor informado pela Mercedes em seu balanço de 2020, que foi de US$ 5,7 bilhões). Resumindo: uma operação a custo zero.

Para ter noção, a divisão de F1 da Red Bull teve uma receita média de US$ 320 milhões em 2019 e 2020, já considerando o aporte da matriz no time. Se for colocar somente o que se gasta com a AlphaTauri, a Red Bull desembolsa entre US$ 60/80 milhões. Desta forma, o valor projetado arrecadado para este ano seria superior inclusive aos anos anteriores do teto orçamentário.

Fazendo uma análise simplória, seria a demonstração de que o modelo pensado pela Liberty Media funcionaria e levaria a uma grande valorização das equipes, com elas efetivamente gerando lucro. É a mesma lógica de outros esportes americanos de alto desempenho e que talvez seja a grande revolução na F1 e que só será sentida mais à frente.

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