Acabou para Hamilton? O que esperar de Russell na Mercedes
Lewis Hamilton preferia manter Valtteri Bottas como fiel escudeiro, mas a Mercedes escolheu George Russell e isso muda o jogo na F1
Acabou para Hamilton? Esta é a pergunta que muitos fãs da F1 estão fazendo agora que Russell foi confirmado como piloto da Mercedes para 2022. Afinal, Lewis Hamilton já leva 15 temporadas nas costas e traz o “peso” de 7 títulos mundiais, 99 vitórias e 101 poles. George Russell, ao contrário, além do talento, tem 4 temporadas de aprendizado, uma quase vitória e um 2º lugar em uma não-corrida.
Toto Wolff, chefão da Mercedes, não queria dois “machos alfa” na equipe. A experiência com Nico Rosberg deixou sequelas e o mundo da F1 suspeita que houve favorecimento para o título do piloto alemão em 2016. Afinal, embora Nico seja filho do finlandês Keke Rosberg (campeão de 1982), ele é alemão como a Mercedes e a equipe “devia” um título de piloto aos seus conterrâneos, já que não foi possível com Michael Schumacher e nem foi tentado com Sebastian Vettel.
Mesmo assim, Toto Wolff não conseguiu resistir à tentação de ter um novo Hamilton. Inglês como Lewis, George chega ao Mercedes-AMG Petronas F1 Team com a missão de substituir o heptacampeão numa possível sequência de vitórias e títulos. Então acabou para Hamilton?
George entra num time que está acostumado a fazer tudo para Lewis e trata o segundo carro como… segundo carro. Russell terá a chance, na temporada de 2022, de aprender com Hamilton. Aprender por meio da observação. Lewis não vai passar os seus segredos para George. A presença do inglês de 23 anos na equipe vai motivá-lo ainda mais a mostrar que é o maior piloto de todos os tempos, como se fosse preciso provar mais alguma coisa. Mas Lewis não quer provar para ninguém. Ele é um caso de autoconfrontamento como poucas vezes se viu na Fórmula 1.
Talvez somente Jim Clark, Niki Lauda, Ayrton Senna e Michael Schumacher tenham tido uma atitude de reflexividade perante suas carreiras como Lewis Hamilton. Ou seja: estão sempre se autoconfrontando, buscando uma melhoria daquilo que já é ótimo. Dos pilotos atuais, talvez Charles Leclerc também pratique a reflexividade.
A missão de Russell, portanto, não será fácil. Mas mecânicos amam pilotos que chegam e já metem tempo na concorrência. Para se tornar ídolo dentro da própria equipe, basta a George fazer o que sabe.
Em apenas uma corrida pela equipe, em 2020, sem nunca ter andado no carro, ele mostrou que se adapta muito rápido. Russell não foi contratado para pedir licença a Hamilton. Toto Wolff não vai tolher sua capacidade e determinação agora que ele chega com a garra e o talento para proporcionar um momento histórico da F1. Toto provavelmente vai soltar George e dizer a Lewis: “Você que lute”.
O arrojo de jovens talentos como Russell, entretanto, muitas vezes pode custar caro. Não será surpresa se o inglesinho der algumas escapadas de pista e cometer alguns erros de principiante (embora ele já tenha mais de 50 corridas nas costas). Num primeiro momento, Hamilton vai tentar vencer pela experiência. Qual deles é mais rápido? Hoje não sabemos, pois os carros não se equivalem, portanto os parâmetros são diferentes.
Em 2022, com novos carros, começa tudo de novo. Toto Wolff foi perfeito na formação do time para esta nova fase. Um campeão com o máximo de experiência e um jovem com o máximo de talento que poderia encontrar nesse campo (junto com Lando Norris, da McLaren). Mas, afinal, acabou para Hamilton? Talvez não já. Mas, sem dúvida, a chegada de George Russell à Mercedes é o início do fim da era Lewis Hamilton na Fórmula 1.
