PUBLICIDADE

Parabólica

A Red Bull foi incoerente com as ordens de equipe na Espanha?

A equipe optou por dar uma ordem de equipe para Verstappen passar Perez e assumir a liderança. Mas havia necessidade?

23 mai 2022 - 12h15
Compartilhar
Exibir comentários
O momento em que Perez troca de posição com Verstappen na 49ª volta do GP da Espanha
O momento em que Perez troca de posição com Verstappen na 49ª volta do GP da Espanha
Foto: F1 / Twitter

A ordem de equipe é considerada um tema delicado na F1. Neste mês foi aniversário de 20 anos da famosa ordem da Ferrari para Schumacher passar Barrichello no GP da Áustria de 2002, que criou uma situação vexatória para a FIA e a própria F1. Na época, foi proibido esse tipo de lance, porém, em 2010, voltou a ser permitido, depois de outra ordem da Ferrari, para Alonso passar Massa na Alemanha. Mas esta ordem tinha mais sentido, já que o espanhol disputava o título (falamos disso aqui).

As coisas começaram complicadas para a Red Bull: Max Verstappen não conseguiu ultrapassar Charles Leclerc (Ferrari) na largada e Sergio Perez, embora tenha ganho a posição de Carlos Sainz (Ferrari), ficou preso atrás de George Russell (Mercedes). Surpreendente, depois do que vimos nas últimas etapas, a Ferrari começou a mostrar um bom rendimento de pneus. Na volta 9, Verstappen escapou da pista e voltou em quarto lugar, logo atrás de Russell e Perez.

A Red Bull deu uma ordem para Perez deixar passar, com Verstappen tentando passar George Russell, porém não conseguindo efetuar a ultrapassagem. Ambos pararam nos boxes na volta 13, deixando Perez sozinho na pista, que foi parar apenas nas volta 17. Após voltarem a pista, todos com pneus médios, George Russell continuou à frente, com Verstappen enfrentando um problema no DRS, que funcionava de forma intermitente.

Como Max estava preso atrás de Russell, Perez foi se aproximando e na volta 24, pediu para à Red Bull dar a ordem para que ele pudesse atacar a Mercedes. Mas a equipe não acatou. Na volta 28, os taurinos mudaram a estratégia e pararam Verstappen, deixando o caminho livre para Perez atacar Russell, o que aconteceu na volta 30, assumindo a liderança, já que Leclerc tinha abandonado na volta 27.

A Red Bull decidiu calçar Verstappen com pneus macios para tentar ganhar tempo e atacat os pilotos da frente.  A estratégia deu certo e ele passou Russell na volta 36, enquanto se aproximava de Sergio Perez. Porém ambos ainda teriam que fazer mais uma parada. Na  volta 37, antes do holandes chegar, Perez parou nos boxes e voltou em 2° lugar, também como forma de “marcar” Russell, que havia trocado seus pneus na volta anterior. A intenção era evitar o undercut, que é quando um piloto faz sua parada antes de seu concorrente que vai à frente para ganhar a posição.

Verstappen trocou seus pneus na volta 44, voltando em 2° com pneus médios, na frente de Russell. Agora somente seu companheiro de equipe poderia impedir sua vitória. Mas não seria desta vez: a equipe deu a ordem e Perez não pode fazer nada, a não ser entregar sua posição. Como visto, foram três ordens da Red Bull para Pérez, duas para Verstappen passar e outra para ele não passar, quando estava em condições melhores. Mas isso é justo?

Talvez justiça não seja bem o termo a ser usado. Perez mesmo falou sobre o acontecido depois da prova: "Deixei Max passar no começo, depois pensei que na hora eu poderia passar e não perder segundos cruciais para fazer minha estratégia funcionar. Mas de qualquer forma, é um bom resultado para a equipe."

A análise é complicada, mas com certeza não se trata do que aconteceu na Áustria em 2002 ou na Rússia em 2017, quando Ferrari e Mercedes, mandaram seus segundos pilotos passarem sem necessidade alguma, já que seus pilotos que estavam em primeiro tinham uma grande vantagem no campeonato. 

Max Verstappen disputa o título contra Charles Leclerc e com o 1° lugar, tirou uma vantagem de 19 pontos para Leclerc, e agora tem 6 à frente. Além disso, uma briga entre os dois poderia levar a um acidente, o que não é interessante para a equipe e já teve casos, inclusive na Espanha, onde as coisas não acabaram bem (alô Mercedes!). Por um lado, não é justo impedir um piloto de lutar, mas em um contexto geral de campeonato, esses 7 pontos ganhos por Verstappen podem fazer a diferença no fim do campeonato.

Diante do quadro, a ordem de equipe pode não ser dos instrumentos mais interessantes até para uma dinâmica de corrida, mas para o campeonato sim. E sabemos que Perez não tem a mesma regularidade de seu companheiro para disputar um título. Dessa forma, apostar em Verstappen é sim uma escolha correta. Em outra situação, onde o campeonato já estivesse decidido, essa situação seria impensável. Mas nesta, não.

Parabólica
Compartilhar
Publicidade
Publicidade