Vendas de automóveis recuam 86,5% em duas semanas
Anfavea divulga números da indústria automobilística. Setor tem 267 mil carros estocados. Ajuda do governo é menor do que em outros países
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, apresentou hoje um balanço da indústria automobilística por meio de uma transmissão pelo YouTube e Facebook. A apresentação substituiu a coletiva mensal realizada pela Anfavea. Segundo os números apresentados, o mês de março teve dois momentos. O primeiro, nas três primeiras semanas, apresentava um crescimento acumulado no ano de 9%. O segundo, nas duas últimas semanas, levou o setor a apresentar uma queda de 8,1% no primeiro trimestre. Em comparação com a primeira semana de março, a última semana apresentou um recuo de 86,5% nas vendas.
Segundo a Anfavea, esse índice é muito próximo ao que apresentaram os mercados da China (-80%), da Itália (-85%), da França (-72%) e da Espanha (-69%). A Anfavea leva em conta não apenas as vendas de veículos leves, mas também a de caminhões e ônibus. Como uma parte do mês foi bom, o recuo total da indústria foi de 18,6% em relação a fevereiro. Considerando somente os automóveis de passeio e os comerciais leves, o recuo em março foi de 19,1%. Os carros (-20,5%) sofreram mais do que os comerciais (-11,1%).
Em abril, a produção deve ser baixíssima, pois a maioria das fábricas deve passar o mês paralisada -- algumas ajudando a fabricar equipamentos médicos para o combate à pandemia de coronavírus. São 63 fábricas paradas em duas semanas. O setor tem 266,6 mil veículos estocados, sendo 261,3 mil nas concessionárias e 85,3 mil nas fábricas. Luiz Carlos Moraes disse que esse estoque é suficiente para dois meses.
Em sua apresentação, ele mostrou que o governo brasileiro, por enquanto, foi o que menos promoveu políticas fiscais para combate à Covid-19 em relação ao PIB. Segundo a Anfavea, as políticas fiscais sobre despesas e desonerações no Brasil chegam a 3,2%, contra 5,4% nos EUA e 6% na Alemanha. Em relação a crédito, a diferença é gigantesca. O governo brasileiro injetou apenas 1,9% de crédito em relação ao PIB, contra 29,7% do governo da Alemanha, 20% da Itália, 16,8% da Espanha, 15% do Reino Unido e 13,1% da França. O impacto total das medidas do governo brasileiro no PIB deve ser de 5,1%, contra 35,7% no PIB da Alemanha e 18,8% no PIB da Espanha, por exemplo.