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Teste: Peugeot 2008 Griffe THP já sente o peso do tempo

A versão Griffe é a única que oferece o motor turbo de 173 cv, mas alguns detalhes precisam ser revistos em um carro com conceito muito bom

16 mar 2020 - 07h00
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O Peugeot 2008 Griffe THP tem 173 cv de potência e custa R$ 103.490
O Peugeot 2008 Griffe THP tem 173 cv de potência e custa R$ 103.490
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O Peugeot 2008 foi uma sacada tão boa da marca francesa que agora passa a ser copiada. Ele é mais compacto do que a maioria de seus concorrentes. Tanto que a próxima onda de SUVs que virá ao Brasil é de compactos menores. O futuro Volkswagen Nivus é um exemplo. Porém, já faz cinco anos que o 2008 está no mercado e, apesar do facelift realizado recentemente, o carro começa a dar sinais de cansaço. Esses sinais não são graves, mas existem e prejudicam um carro muito bom.

O motor 1.6 turboflex de 165/173 cv de potência (gasolina/etanol) continua sendo o melhor atributo do 2008 nessa versão Griffe THP. Em seus primeiros anos, o 2008 não conseguiu impor a qualidade dessa versão porque só estava disponível com câmbio manual. Isso foi corrigido e agora todos os 2008 contam com a boa caixa automática de seis velocidades. Junto com um volante de dimensões bem pequenas, o Peugeot 2008 THP é um dos carros mais prazerosos de conduzir. Sua relação peso/potência é digna de respeito: 7,1 kg/cv. Sem contar que, por ter dimensões bem é elogiável, o mesmo não se pode dizer de alguns aspectos do Peugeot 2008, mesmo em sua versão topo de linha. O que mais incomoda é a central multimídia. Fontes da Peugeot costumam dizer que os clientes gostam do sistema. Porém, o problema está em quem não gosta. A ausência de botões é grave, embora também esteja presente em carros de outras marcas. O 2008 até oferece dois botões de rolar para controle da central multimídia no volante, mas eles não são práticos nem cumprem todas as funções necessárias. O jeito é apelar para o toque na tela.

O 2008 tem o aspecto de uma perua, mas o porta-malas só tem 355 litros.
O 2008 tem o aspecto de uma perua, mas o porta-malas só tem 355 litros.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O tamanho (7”) está de acordo com o porte do carro, mas o grafismo é pobre, monótono, não combina com a imagem arrojada que a Peugeot pretende passar. O sistema peca na interface e por vezes cansa o usuário. Da mesma forma, o quadro de instrumentos precisa ser aprimorado. Como o volante é muito pequeno, ele fica numa posição que permite ao motorista visualizar os instrumentos por cima do volante. É interessante. Mas novamente o grafismo é um problema. Por estar mais distante, o cluster deveria trazer números maiores, mais grossos, para facilitar a leitura.

O grafismo e a interface da central multimídia e do quadro de instrumentos precisam melhorar.
O grafismo e a interface da central multimídia e do quadro de instrumentos precisam melhorar.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Claro que o porte bem compacto também interfere no espaço a bordo, tanto na frente quanto atrás. Em algumas situações, a ergonomia fica prejudicada -- assim, a perna direita do motorista às vezes raspa no console central. Os porta-objetos também podem ser repensados, pois os hábitos dos motoristas mudam. O porta-objetos com tampa do console central, por exemplo, é bem estreito. Já nas portas, o espaço é largo, mas falta alguma coisa que prenda uma garrafa de água em pé, por exemplo.

O vão livre do solo é de 200 mm, maior que o da maioria de seus concorrentes.
O vão livre do solo é de 200 mm, maior que o da maioria de seus concorrentes.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Para quem não dá muita importância a esses pequenos detalhes, o Peugeot 2008 Griffe THP continua sendo uma boa compra. O trem de força está muito bem ajustado. Além da potência que deixa no chinelo até carros maiores, o SUV francês tem uma boa entrega de torque (250 Nm) já a 1.750 rpm. É um carro que não faz o motorista passar vergonha em subidas nem provoca medo durante as ultrapassagens. As suspensões também têm um equilíbrio adequado na combinação de conforto com desempenho. Os pneus de perfil alto (205/60 R16) são perfeitos para a proposta do carro, pois garantem um rodar confortável.

A posição de dirigir é incomum, mas agrada a quase todo mundo que dirige o carro.
A posição de dirigir é incomum, mas agrada a quase todo mundo que dirige o carro.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Para quem precisa passar por terrenos difíceis, o Peugeot 2008 THP também tem o seu diferencial. É um dos raríssimos SUVs do mercado que oferecem seletor de terreno (Grip Control), permitindo ao motorista selecionar a melhor condição para andar no asfalto, na terra, na chuva, na areia ou no cascalho. Um certo estigma com a marca e a má vontade com a ausência do câmbio automático nos primeiros anos, entretanto, fizeram sombra sobre essas virtudes do 2008 THP.

Ar-condicionado de duas zonas e porta-luvas climatizado são outros méritos do Peugeot 2008 Griffe. A preocupação com a segurança também, pois o carro sempre veio com seis airbags de série. A direção elétrica é levíssima e a posição de dirigir surpreende favoravelmente toda pessoa que conduz o carro pela primeira vez. Pena que a chegada dos sistemas Android Auto e Apple CarPlay, em 2017, fez a Peugeot abandonar o navegador por GPS. Da mesma forma, pelo menos nessa versão -- que exibe tanto vigor no motor -- as trocas manuais do câmbio sequencial poderiam ter a opção de aletas no volante.

O 2008 Grife tem rodas de 16" e pneus de perfil alto, com a boa medida 205/60.
O 2008 Grife tem rodas de 16" e pneus de perfil alto, com a boa medida 205/60.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O câmbio, aliás, traz quatro modos de condução: Drive, Sport, Eco e Sequencial. O modo Sport privilegia desempenho e viabiliza trocas de marcha em giros mais altos. Já a posição Eco permite economia de combustível em 5%, deixando o motor trabalhar em baixas rotações na cidade (geralmente na faixa de 2.000 rpm). Os modos Drive e Sequencial (trocas de marcha manualmente pela alavanca) referem-se às posições tradicionais já conhecidas na maioria dos câmbios automáticos.

PEUGEOT 208 GRIFFE 1.6 THP
Item Conceito

Nota

(0 a 5)

Desempenho Muito bom 4
Consumo Bom 3
Segurança Ótimo 5
Conectividade Bom 3
Conforto Muito bom 4
Pacote de Série Muito bom 4
Usabilidade Bom 3
Veredicto Muito bom 3,7

Na lista de equipamentos de série, além dos itens já citados, o 2008 Griffe traz ainda rodas de liga leve diamantadas de 16’’, acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, piloto automático, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, faróis de neblina e câmera de ré. Porém, complementando o desgaste do tempo, o 2008 precisa ainda oferecer comando interno de abertura do tanque de combustível -- ao abastecer, é necessário entregar a chave ao frentista. O freio de estacionamento, apesar da alavanca diferente, não é do tipo eletrônico. Se corrigir seus pequenos desacertos, o Peugeot 2008 THP voltará a ser um dos melhores SUVs de sua categoria.

Com motor 1.6 de 173 cv, o 2008 turbo tem relação peso/potência de apenas 7,1 kg/cv.
Com motor 1.6 de 173 cv, o 2008 turbo tem relação peso/potência de apenas 7,1 kg/cv.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Os números

  • Preço: 103.490
  • Motor: 1.6 turboflex
  • Potência: 173 cv a 6.000 rpm (e)
  • Torque: 250 Nm a 1.750 rpm (g/e)
  • Câmbio: 6 marchas AT
  • Comprimento: 4,159 m 
  • Largura: 1,739m 
  • Altura: 1,583 m
  • Entre-eixos: 2,542 m
  • Vão livre: 200 mm
  • Peso: 1.231 kg
  • Pneus: 205/60 R16
  • Porta-malas: 355 litros
  • Tanque: 55 litros
  • 0-100 km/h: 8s1
  • Velocidade máxima: 209 km/h
  • Consumo cidade: 9,3 km/l (g)
  • Consumo estrada: 13,5 km/l (g)
  • Emissão de CO2: 115 g/km
Guia do Carro
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