Fiat diz que agora é “pop” e anuncia dois SUVs, turbo e CVT
Marca assume seu lado “mezzo brasileira, meio italiana”, muda logotipo, renova concessionárias e quer voltar à liderança do mercado nacional
A Fiat recrudesceu. Quem se acostumou com uma Fiat discreta, reservada, enquanto a FCA construía a imagem da Jeep no Brasil, pode se preparar para uma nova fase. A marca italiana, que produz no Brasil desde 1976, anunciou nesta quarta-feira (22) que está pronta para voltar à liderança do mercado entre as marcas de carro. Para alcançar seu objetivo, a Fiat mudou seu posicionamento de marca e afirma: “Somos pop. Somos encantadora. Somos ítalo-brasileira”.
Na verdade, a Fiat já era tudo isso nos anos 1990, mas parece ter se esquecido. Agora decidiu assumir o que já era. Nesse novo posicionamento de marca, a Fiat mudou o logotipo, está renovando o visual e o conceito das concessionárias, promete se comunicar melhor com os clientes e parceiros e confirma uma série de novidades em seu portfólio de produtos até 2022: dois SUVs inéditos, dois motores turbo, câmbio CVT, o novo 500 elétrico e atualização nas linhas Argo, Cronos e Toro.
Embora a FCA seja líder entre as montadoras, a Chevrolet é a marca mais vendida e a Fiat ocupa atualmente a terceira posição, atrás da Volkswagen. Por enquanto, o ranking mostra a Chevrolet com 17,2%, a Volkswagen com 16,3% e a Fiat com 14,3%. Mas a Fiat agora quer a liderança entre as marcas, posição que ocupou durante anos. O novo logotipo “script” traz apenas as letras FIAT (sigla de Fabbrica Italiana Automobili Torino) e foi lançado na nova picape Strada. Aos poucos, o novo logotipo, minimalista e mais adequado ao novo mundo elétrico e digital, estará também nos outros modelos.
Esta é a quinta vez, desde 1976, que a Fiat muda seu logotipo. A nova marca já está presente também em algumas concessionárias da rede. Para enfatizar o novo conceito com referência nas raízes ítalo-brasileiras, cada detalhe dentro das concessionárias também se torna mais exclusivo, como ambientação visual e musical. Uma das novidades é a cafeteria italiana (em parceria com o café Illy, de Trieste) dentro do show room. Os clientes também poderão fazer uma reunião de trabalho no espaço de coworking.
Para voltar a ser líder, entretanto, a Fiat precisará de produtos. O lançamento de dois SUVs inéditos foi confirmado na entrevista virtual concedida por Herlander Zola, diretor da Marca Fiat dentro da FCA. Trata-se de uma antiga e insistente demanda dos concessionários. Hoje a Fiat cobre 65% do mercado com seus modelos, porém está fora justamente do filão que mais cresce, o de SUVs, que já representa cerca de 25%. Os dois SUVs chegarão junto com novos motores turbo e um novo câmbio automático tipo CVT (continuamente variável).
O primeiro SUV a chegar será um modelo compacto baseado no Argo, em 2021. Ele será equipado com o novo motor 1.0 turbo de três cilindros com injeção direta de combustível. Esse motor também equipará o Argo reestilizado. Em 2022 chegará o SUV médio, baseado no conceito Fastback, já exibido no Salão de São Paulo. O carro será um SUV cupê e virá equipado com o novo motor 1.3 turbo de quatro cilindros, 16V, também com injeção direta. Para completar o pacote, a Fiat lançará o novíssimo 500 totalmente elétrico, que será um carro importante para rejuvenescer a marca.
Segundo Zola, até 2021 todos os modelos atuais passarão por mudanças (exceto, claro, a nova Strada, que inaugura esta fase “pop”. Várias outras ações envolvem o reposicionamento da marca Fiat, como maior foco no relacionamento virtual com os clientes -- uma tendência adotada também por alguns concorrentes. “O maior target é aumentar o valor percebido da marca”, disse Zola. Durante a entrevista, perguntamos se haverá espaço para carros baratos nessa nova fase “pop” da Fiat. Zola disse que o conceito de barato é relativo porque depende do poder aquisitivo de cada cliente, mas que o Mobi e o Argo são carros acessíveis dentro da linha Fiat. Nada se falou sobre a nova geração do Uno.
O diretor da Marca Fiat também disse que uma recente pesquisa do Google revelou que durante grandes crises (como a da atual pandemia de coronavírus), o mercado de luxo tende a crescer. “As pessoas que podem fazer isso tendem a se premiar pelas privações que estão vivendo”, comentou. Herlander Zola acredita que as vendas da Strada topo de linha, versão Volcano, confirmam a sensação de que a compra emocional tem espaço tão importante quanto a compra racional no atual momento do mercado. A Fiat esperava vender 25% do mix da nova Strada com a Volcano, mas as vendas chegaram a 40%.
Para desenvolver essa estratégia, a Fiat contou com o suporte da agência Ana Couto Branding. A montadora tem 121 anos de história no mundo, daí o enorme desafio que está enfrentando para se reposicionar na América Latina. “Fomos atrás de nossa essência, buscamos nossas raízes”, disse Antonio Filosa, presidente da Fiat Chrysler Automóveis para a região. “Muito mais do que apenas uma mudança visual da marca, queremos criar uma nova proposta de valor sob a ótica da experiência única do cliente”, comentou Zola. O novo slogan da Fiat “mezzo brasileira, meio italiana” agora é: “A paixão move”.