Chevrolet Silverado no Brasil? Um pequeno dilema para a GM
Picape grande pode ser importada do México em 2022, mas existem limitações de versões e motores. Veja as opções da Silverado CD, 1500 e 2500
A picape Chevrolet Silverado voltará ao Brasil? Provavelmente. Desde que o vice-presidente de operações da General Motors Mercosul, Ernesto Ortiz, disse à imprensa argentina que a Silverado passará a ser vendida no país vizinho a partir de 2021, começaram as especulações em relação ao mercado brasileiro. O palpite favorito, aliás, é que a Silverado chegará com o novo motor 3.0 turbo diesel de seis cilindros em linha que estreou em 2020 nos EUA. Mas a situação não é tão simples e, por isso, a GM enfrenta um pequeno dilema no Brasil.
A questão para a GM é: de que forma a Silverado ampliaria o mercado para a linha Chevrolet no Brasil? Para introduzir a Silverado no mercado brasileiro, não basta olhar o incrível portfólio da Chevrolet nos EUA. Lá, as opções de carroceria e cabine são imensas, mas não é dos EUA que virá a Silverado e sim do México. Afinal, para ser competitiva no mercado, a Chevrolet Silverado precisa vir sem os impostos de importação (operação que só é possível, nesse caso, com a indústria mexicana).
Nos EUA, a Chevrolet Silverado tem cinco opções de motor: 2.7 de quatro cilindros, 3.0 de seis cilindros em linha, 4.3 V6, 5.3 V8 e 6.2 V8. Desses, só o 3.0 é a diesel e trabalha com transmissão automática de 10 marcas. Sua potência é de 281 cv e o torque é de 624 Nm. Quanto à carroceria, a Chevrolet oferece a Silverado cabine dupla e a Silverado HD (Heavy Duty, para trabalho pesado) nas configurações 1500 e 2500. A Silverado HD 1500/2500 vendida nos EUA é produzida na fábrica de Flint, em Michigan.
No México, a Chevrolet Silverado é vendida apenas com cabine simples, que não interessa à GM no Brasil por ser muito próxima à Chevrolet S10. Já a Silverado cabine dupla é vendida como Cheynne. Este seria o modelo que interessa à Chevrolet brasileira. No México, essa picape é vendida apenas com motor 5.3 V8 e 6.2 V8. A fábrica de Silao, no México, não produz a nova Silverado Heavy Duty nem o novo motor 3.0 de seis cilindros em linha. Segundo apuramos, a fábrica da GM no México produz os motores 4.8, 5.3, 6.0 e 6.2. Na fábrica de Coahuila é feito um motor 3.0, mas é V6, e o motor de seis cilindros em linha é o 3.6. Há também produção de motores de quatro cilindros e V8 em Toluca. Quanto à transmissão, é feita em Silao, mas com seis e oito marchas e não com 10.
Entramos em contato com a GM e a montadora não quis se pronunciar sobre a Chevrolet Silverado no Brasil. Diante disso tudo, a questão é. A menos que Silao passa a produzir também o motor 3.0 turbodiesel e o câmbio de 10 marchas (ainda não conseguimos apurar essa informação), a configuração de uma Silverado 3.0 turbodiesel de 10 marchas não é possível. Mesmo que esse problema seja resolvido, há outros em questão para uma futura estreia da Silverado em 2022 (antes disso não ocorrerá). A GM precisa decidir qual configuração de cabine deseja trazer. A Silverado vendida no México não é a Heavy Duty e sim a curta, que carrega 953 kg de carga e parte de 903 mil pesos mexicanos (cerca de R$ 234 mil) com cabine dupla e motor V8.
Quanto às HD americanas, a mais indicada seria a “Short Bed”, que tem 5,885 m de comprimento e caçamba de 1,775 m com 1.781 litros de capacidade. Outra opção é a Silverado “Standard Bed”, que tem 6,126 m de comprimento e caçamba de 2,018 m com 2.030 litros de capacidade. Ambas são da configuração “Crew Cab”, que é a cabine dupla ampla, pois o que os americanos chamam de cabine dupla é, na verdade, a cabine estendida (que também não faz muito sentido no Brasil). Os preços nos EUA partem de US$ 35 mil (cerca de R$ 194 mil).
Como se vê, existem muitas questões para a GM resolver antes de cravar: vamos vender a Chevrolet Silverado no Brasil. Vale dizer que a Silverado já foi vendida no mercado brasileiro, de 1997 a 2001, a tinha apenas 4,941 m de comprimento na época, com caçamba para 1.521 litros. Não fez muito sucesso, tanto que durou pouco. Agora, o mercado brasileiro vive um outro momento. As picapes estão novamente em alta e, aparentemente, os grandes fazendeiros já não se satisfazem mais com o porte das picapes médias. Porém, entre elas e uma grande o salto é enorme, pois a única opção é a Ram 2500 Laramie, que é gigante e caríssima.
Do lado da FCA, parece ser apenas questão de tempo para a estreia da Ram 1500, que é uma Heavy Duty um pouco menor. Porém, essa estreia está demorando e a Ram 2500 tem sido um bom aprendizado para a marca. Do lado da Ford, espera-se também o lançamento da F-150, que é a versão HD 1500, mas há também a F-250 (HD 2500). A Ford já fez várias tentativas com suas famosas picapes F Series (as mais vendidas do mundo). A última foi com a F-150 Raptor em 2017, com motor 3.5 V6. Já a F-250 foi vendida no Brasil pela última vez em 2011, com motor 3.9 turbodiesel.
Diante de tudo isso, é possível que as três marcas americanas (Chevrolet, Ford e Ram) estejam fazendo estudos (e muitas contas) sobre qual é a melhor opção para trazer as picapes HD para o Brasil. De qualquer forma, não se trata de prioridade máxima para nenhuma delas, devido às perdas que tiveram por causa da pandemia de coronavírus. Porém, na indústria automobilística, quem fica parado é atropelado, por isso é bom não demorar muito para decidir. Atualizaremos essa reportagem se houver alguma informação nova sobre a produção da GM na fábrica de Silao.
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