Anfavea explica motivo do aumento nos preços de carros
Presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, diz que montadoras tem três desafios e pede vacinação de todos os brasileiros até setembro
A Anfavea realizou nesta sexta-feira (5) sua tradicional coletiva mensal, analisando os números de fevereiro. Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Veículos Automotores, disse que a indústria de carros enfrenta três desafios em 2021: a crise conjuntural, a situação estrutural e a crise sanitária.
Segundo Luiz Carlos Moraes, a crise conjuntural (falta de insumos) e a situação estrutural (custo Brasil) são os principais vilões dos aumentos nos preços dos carros. Devido à pandemia de coronavírus, houve uma ruptura na logística da cadeia produtiva global, que levou à falta de insumos, a atrasos nos fretes e à falta de contêineres, entre outros problemas. As montadoras, portanto, tiveram grande pressão sobre os custos num momento de queda dramática nas vendas.
Os aumentos listados pela Anfavea são os seguintes: aço (+651%), resinas e elastômeros (+68%), pneus (+16%), alumínio (+13%), frete aéreo (+105%), frete marítimo (+339%), contêiner (+170%) e câmbio real/dólar (+39%). Como sempre faz, Moraes criticou o chamado custo Brasil, especialmente o “manicômio tributário”, com muitas regras diferentes e em constante mudança. “As bolas de ferro ainda estão nos pés das empresas”, disse Moraes.
Com pouco mais de 167 mil veículos licenciados em fevereiro, houve uma queda de 16,7% em relação aos quase 201 mil veículos emplacados há exatamente um ano, quando a pandemia de coronavírus ainda não tinha afetado o Brasil. Veja os números do setor.
SEGMENTO | 2021 | 2020 | DIF. |
TOTAL AUTOVEÍCULOS | 167.391 | 200.997 | -16,7% |
VEÍCULOS LEVES | 158.488 | 193.299 | -18,0% |
Automóveis de passeio | 128.111 | 165.150 | -22,4% |
Comerciais leves | 30.377 | 28.149 | +7,9% |
CAMINHÕES | 7.781 | 6.412 | +21,4% |
ÔNIBUS | 1.122 | 1.286 | -12,8% |
Na questão dos impostos, que impactam mais de 40% no preço final do carro, segundo a Anfavea, Moraes deu como exemplo os valores que incidem na compra de um carro de R$ 100.000. Na simulação, um carro usado de R$ 50.000 foi dado como entrada e o restante financiado. O hipotético cupom fiscal foi exibido durante a coletiva virtual (veja abaixo). No total, 10 itens impactam o preço do veículo, somando R$ 42.080 só de tributos
Para além disso, Luiz Carlos Moraes disse que o problema da falta de componentes para a produção de automóveis é global. O que mais preocupa o setor é a falta de semicondutores de fibra óptica, pois os carros modernos são conectados e precisam desse componente. Os semicondutores estão presentes nos chips eletrônicos que gerenciam vários sistemas dos veículos.
Com relação à crise sanitária, a Anfavea cobrou uma ação coordenada no país para que todos os brasileiros sejam vacinados contra Covid-19 até setembro. A Anfavea decidiu apoiar a iniciativa da empresária Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, que busca mobilizar a sociedade civil, entidades, empresas, associações e ONGs, por meio de um movimento apartidário, para a vacinação em massa. “Estamos pedindo uma aceleração da vacinação neste país”, disse Moraes. Segundo ele, é preciso que os governos federal, estaduais e municipais atuem de forma coordenada “e não fiquem com briguinhas aqui e ali”.