'Vida virou um caos': funcionárias cobram rede de depilação por salários atrasados
Empresa, que alega enfrentar problemas financeiros, teve os serviços suspensos por decisão da Justiça do Distrito Federal
Funcionárias da rede de depilação Laser Fast, com sede em São José do Rio Preto (SP), foram à imprensa para denunciar atraso no pagamento de salários, FGTS e até licença-maternidade. A empresa, que alega enfrentar problemas financeiros, teve os serviços suspensos, sob pena de multa diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento.
A decisão, tomada em abril pela Justiça do Distrito Federal, foi motivada por 37 mil reclamações de consumidores em todo o país, das quais quase 14 mil sequer foram respondidas. O Ministério Público aponta práticas como propaganda enganosa, ausência de prestação de serviço e negativa de reembolso.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Fabiana Roseli, de 31 anos, que trabalha na Laser Fast há dois anos, foi uma das funcionárias afetadas pela crise na empresa. Mãe de três filhos, sendo um recém-nascido, ela está com o aluguel atrasado e recebeu uma ordem de despejo da imobiliária.
Ao Terra, Fabiana, contratada sob a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), conta que entrou em licença-maternidade em janeiro. Desde então, ela não recebeu nenhum dinheiro da empresa. Ela também relata não ter recebido a segunda parcela do décimo terceiro, tampouco o FGTS.
"Mulheres grávidas dificilmente conseguem emprego. Você tem que ficar ou pedir as contas e arcar com as consequências. Eu não tive essa escolha. Minha vida virou um caos", conta.
Mirella Andrade Marconi, de 28 anos, foi outra funcionária da Laser Fast afetada pela crise da empresa. Ela conta que foi contratada como pessoa jurídica (PJ) no fim de 2024.
À época, Mirella ficou sabendo que a Laser Fast passava por uma "reestruturação", mas não imaginava o que se passava. Hoje, entende que a empresa tinha ciência de que estava falindo e optou por se aproveitar dessa situação.
"Eu não sabia que essa reestruturação não era de fato uma reestruturação. Eles estavam falindo. Por isso, acho que tentaram dar o golpe no máximo de pessoas possível, para se beneficiar dessa situação", relata.
Salários atrasados
Segundo Mirella, o combinado era que o salário seria depositado todo o dia 20. O primeiro pagamento, realizado em janeiro, caiu adiantado. A Laser Fast pagou o salário em duas parcelas, ambas depositadas antes do dia combinado.
Quando as denúncias começaram a vir à tona, Mirella descobriu que outras funcionárias, que estavam há mais tempo na Laser Fast, já não estavam recebendo. Por isso, ela acredita que o pagamento adiantado foi parte de uma estratégia da empresa para passar uma "boa impressão" às novatas.
Em fevereiro, a Laser Fast atrasou o salário de Mirella em um dia e pagou apenas uma parte do valor. O restante do salário de fevereiro foi pago em parcelas.
A última parcela foi depositada nos primeiros dias de março, mas ainda falta uma parte. Em abril, Mirella pediu demissão e, até hoje, não recebeu o valor pendente. Ao todo, a Laser Fast deve R$ 6.300 à funcionária.
"A gente perguntava do salário e ninguém respondia. Até que, em 20 de março, eu mandei uma mensagem no grupo do WhatsApp e fui coagida por ter perguntado sobre o pagamento", conta. "Eles vieram com a mesma ladainha de sempre, dizendo que estavam fazendo o possível. Enquanto isso, a gente seguia trabalhando normalmente."
Embora as denúncias tenham vindo à tona agora, a situação da Laser Fast se agravou em várias regiões do Brasil já no início de 2024. À época, clientes passaram a relatar falhas no atendimento, cobranças indevidas e contratos cancelados sem reembolso, enquanto funcionários foram vítimas de demissões em massa sem o devido acerto de contas.
O Terra não conseguiu contato com a Fast Laser para comentar as denúncias. O espaço segue aberto para manifestações.