Trump deve anunciar ligação entre paracetamol durante gravidez e aumento de autismo em crianças
Donald Trump anunciará uma possível ligação entre o uso do remédio paracetamol durante o período de gravidez, o que pode aumentar o risco de autismo em crianças.
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciará nesta segunda-feira, 22 de setembro, uma possível ligação entre o uso do remédio paracetamol durante o período de gravidez, o que pode aumentar o risco de autismo em crianças. A declaração terá como base um levantamento conduzido pelo secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., e promete reacender o debate sobre a segurança do medicamento mais prescrito para gestantes em todo o mundo.
O paracetamol, conhecido também como acetaminofeno e vendido sob marcas como Tylenol (EUA) e Panadol (Reino Unido), é considerado o analgésico de primeira escolha para grávidas. Estima-se que 65% das gestantes norte-americanas e metade das britânicas façam uso da substância para aliviar dores e controlar febres.
Autoridades de saúde recomendam cautela, com doses baixas e uso restrito ao tempo necessário. O risco seria maior entre mulheres com doenças hepáticas, renais ou que fazem tratamento para epilepsia.
Uma revisão de 46 estudos com mais de 100 mil participantes, realizada por pesquisadores de Harvard e do Hospital Mount Sinai (EUA) e publicada pelo Daily Mail, apontou "fortes evidências" de associação entre o consumo pré-natal do medicamento e maior incidência de autismo e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
O professor Didier Prada, um dos autores, destacou que "mesmo pequenos aumentos no risco podem ter grande impacto em saúde pública", devido ao uso disseminado do paracetamol. Os cientistas, no entanto, ressaltam que os dados estabelecem apenas uma associação, sem comprovar causa e efeito.
Outros especialistas defendem cautela na interpretação dos resultados. Andrew Whitehouse, professor de pesquisa em autismo no Kids Research Institute (Austrália), lembrou que o autismo é uma condição multifatorial.
"As pequenas associações encontradas até hoje não provam que o paracetamol cause a condição", afirmou.
Ele também reforçou que a febre alta não tratada durante a gestação representa riscos para a mãe e o bebê.
O anúncio de Trump deve aumentar a pressão sobre reguladores e autoridades médicas em diversos países. Em agosto, cientistas de Harvard já haviam orientado que gestantes utilizem o paracetamol somente com prescrição médica.