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Airbnb em crise com o coronavírus: 'Levamos 12 anos para construir a empresa e perdemos quase tudo em semanas'

Executivo de uma das start-up mais bem-sucedidas da última década diz que corte de 25% de seus empregados (quase 2 mil pessoas) tornou empresa mais preparada para eventualidade de novas quarentenas — e que turismo nunca mais será o mesmo.

26 jun 2020 - 07h48
(atualizado às 12h35)
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Brian Chesky disse que Airbnb passa pelo maior desafio da sua história
Brian Chesky disse que Airbnb passa pelo maior desafio da sua história
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A empresa Airbnb esteve perto de perder tudo.

O golpe devastador da pandemia na indústria turística colocou a start-up, considerada uma das empresas de tecnologia mais valiosas dos Estados Unidos, diante do maior desafio da sua história.

"Demoramos 12 anos para construir o negócio do Airbnb e perdemos quase tudo em questão de quatro a seis semanas", revelou o diretor e fundador da empresa, Brian Chesky, esta semana.

Em uma entrevista para a rede americana CNBC, Chesky detalhou os problemas do Airbnb e compartilhou seus prognósticos sobre o futuro da indústria, que será "muito diferente" do que a que conhecemos.

Viagens paralisadas

A crise da covid-19 afetou duramente o Airbnb no começo de março, quando o turismo ficou paralisado em meio às quarentenas ao redor do mundo.

Foi aqui que, "como não era de se estranhar", o Airbnb perdeu quase tudo em poucas semanas, explicou Chesky.

O coronavírus fez com que a start-up tivesse que reduzir drasticamente seus custos, o que levou à demissão de 1,9 mil pessoas — ou 25% de seus empregados — e eliminação de gastos com marketing, entre outros.

"Foi uma experiência horrível", disse.

"Não sabemos quanto tempo essa tormenta vai nos atingir, por isso, então esperamos o melhor, mas nos preparamos para o pior."

O corte de pessoal - que a imprensa americana classificou como um dos maiores feitos no Vale do Silício (apelido dado à região perto de San Francisco onde ficam várias das miores empresas de tecnologia do mundo) durante a covid-19 - permitirá que a empresa possa aguentar uma nova fase da crise, diz o executivo.

O golpe da crise levou a empresa a fazer duros ajustes
O golpe da crise levou a empresa a fazer duros ajustes
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Se tivermos outra quarentena ou várias quarentenas, se as comunidades continuarem obrigadas a fechar e o turismo parar, estaremos bem com as mudanças que fizemos."

Este ano, o Airbnb estima que terá menos da metade das receitas de 2019, segundo mensagem enviada pelo executivo a seus empregados, na época do anúncio dos cortes.

O futuro do turismo

Ainda que a empresa não tenha se recuperado, nos últimos meses, ela tem "produzido algo significativo", segundo o diretor.

No final de maio e começo de junho, o Airbnb registrou o mesmo volume de reservas que o ano anterior nos Estados Unidos, mesmo sem nenhum tipo de investimento em publicidade.

Isso, na opinião de Chesky, reflete o fato de que as pessoas querem se relacionar com os demais — que querem sair de casa.

"Acho que o turismo vai voltar, mas tomará mais tempo do que pensávamos e será diferente."

O confundador do Airbnb acredita que, nas férias, muitas pessoas trocarão viagens de avião por viagens de carro para lugares mais próximos
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Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O diretor executivo do Airbnb tem certeza: o turismo tal como o conhecíamos é coisa do passado.

"Ninguém sabe como será, mas acho que veremos uma redistribuição dos lugares para onde se viaja."

Nesse novo panorama e com dados disponíveis do Airbnb, Chesky prevê que, diante das incertezas provocadas pelo vírus, o enfoque será sobre o turismo interno, com viagens a comunidades locais.

No momento, há alguns dados que trazem esperança para a empresa. O Airbnb não perdeu nenhum imóvel na sua plataforma.

"Temos mais casas hoje do que quando começou a covid-19", diz o co-fundador.

Viajar para Paris ou para perto de sua casa? A segunda opção será mais viável, acredita o executivo
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Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A Airbnb queria abrir em bolsa neste ano, uma medida que ainda não está descartada, mas que já não é mais um compromisso da diretoria.

O co-fundador diz que é um momento para ser mais moderado e não ver as coisas de forma tão extrema.

"Espero que esses últimos quatro meses tenham sido uma lição."

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