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Reportagem do 'JN' é tirada de contexto para atribuir a Lula e Dilma contas na Suíça

18 ago 2022 - 15h27
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Postagens enganam ao tirar de contexto uma reportagem do Jornal Nacional, veiculada em maio de 2017, para afirmar que a JBS abriu contas na Suíça com R$ 300 milhões de propina em nome dos ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o que nunca foi confirmado (veja aqui). A denúncia consta na delação premiada de Joesley Batista, um dos donos da empresa global do ramo de proteínas, no âmbito da Operação Lava Jato, e não resultou em acusação formal por falta de provas.

As postagens enganosas circulam desde o ano passado e acumulam mais de 890 mil compartilhamentos no Facebook. Nas últimas 24 horas, a desinformação foi compartilhada 15 mil vezes.

Selo não é bem assim

JBS Friboi abriu duas contas na Suíça com R$ 300 milhões de propina para Lula e Dilma.
Reportagem antiga e descontextualizada é usada para acusar ex-presidentes petistas de terem contas na Suíça
Reportagem antiga e descontextualizada é usada para acusar ex-presidentes petistas de terem contas na Suíça
Foto: Aos Fatos

Uma reportagem veiculada em maio de 2017 pelo Jornal Nacional, sobre a delação do empresário Joesley Batista, que afirmava existirem duas contas na Suíça com R$ 300 milhões de propina para os ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, voltou a ser compartilhada nas redes sociais, mas sem o devido contexto. Isso porque as acusações feitas por Joesley não foram comprovadas e a reportagem continha um erro, posteriormente corrigido pelo telejornal.

No site do Jornal Nacional, consta que o material foi ao ar naquela edição com uma imprecisão: "Dissemos que Joesley Batista tinha contado na delação premiada detalhes de duas contas correntes no exterior em nome dos ex-presidentes Lula e Dilma. Na verdade, Joesley Batista disse no depoimento que mantinha no nome dele duas contas com dinheiro destinado a Lula e Dilma, a ser usado em campanhas eleitorais".

As acusações de Joesley não geraram nenhuma acusação formal contra Lula e Dilma. Em agosto daquele ano, a PGR (Procuradoria-Geral da República), concluiu que a versão de Batista era "incomprovável" porque o delator não apresentou provas de suas falas. Joesley disse na delação — e reforçou em 20 de junho daquele ano — que havia depositado US$ 150 milhões em contas na Suíça para financiar campanhas petistas, e que a distribuição estaria a cargo de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda.

No dia 2 de junho, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma reportagem que dizia que o banco suíço Julius Baer, onde o dinheiro estaria depositado, teria encerrado as contas de Batista antes mesmo da delação por "transferências sem justificativa que levantaram a suspeita de crimes financeiros". O banco afirmou que transferiu o dinheiro para os Estados Unidos, onde viviam Batista e sua família, e que desconhecia os beneficiários das movimentações.

Em nota enviada ao Aos Fatos, a assessoria de Lula afirmou que os depoimentos "jamais se comprovaram" e que "Lula e sua família foram extensamente investigados, tiveram todos os seus sigilos quebrados, e não têm nem nunca tiveram contas no exterior".

A Agência Lupa e a Reuters checaram peças de desinformação semelhantes.

Referências:

1. Globoplay

2. G1 (1 e 2)

3. UOL

4. Estadão

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Aos Fatos
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