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Oliver Kahn, o novo homem forte do Bayern

14 jan 2020 - 13h20
(atualizado às 19h38)
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Após fazer uma brilhante carreira como goleiro, ex-jogador foi apresentado como futuro CEO do Bayern. Com sua competência profissional e seu carisma, ele poderá escrever uma nova década de ouro na história do clube.O torcedor brasileiro certamente ainda tem boas lembranças de Oliver Kahn. Na véspera da final do Mundial de 2002, o goleirão foi eleito o melhor jogador da Copa e ainda desafiou a seleção brasileira: "Para ser campeão, o Brasil tem que fazer um gol em mim primeiro."

Ronaldo e Oliver Kahn na final da Copa do Mundo de 2002
Ronaldo e Oliver Kahn na final da Copa do Mundo de 2002
Foto: DW / Deutsche Welle

Lançado o desafio, Ronaldo Fenômeno não se fez de rogado e abriu o placar após "batida de roupa" de Kahn, que não conseguiu segurar uma bola cheia de efeito chutada por Rivaldo. Ronaldo aproveitou o rebote e abriu o caminho para o triunfo brasileiro.

Foi uma das poucas falhas cruciais na brilhante carreira desse goleiro, que começou sua trajetória no modesto Karlsruher e surgiu para o mundo do futebol de elite em 1994, quando assinou seu primeiro contrato com o Bayern. Ficou por lá até encerrar sua carreira como jogador, em 2008, após conquistar inúmeros títulos e honrarias, tanto em nível nacional como internacional.

Na semana passada, durante coletiva de imprensa, Oliver Kahn foi apresentado como futuro CEO do Bayern, um clube com faturamento anual de 750 milhões de euros, equivalente ao de grandes empresas multinacionais. Não é pouca coisa.

Depois da aposentadoria do ex-presidente Uli Hoeness em novembro, no ano que vem será a vez de Karl-Heinz Rummenige, atual diretor executivo, passar o bastão. Enquanto isso, o ex-goleiro e ex-comentarista de TV, fará um estágio de quase dois anos na diretoria do Bayern para se habituar às suas novas funções executivas.

O clube segue fiel ao seu modelo administrativo de décadas. Desde 1980 a gestão do Bayern ficou por conta de ex-jogadores, como Uli Hoeness, Franz Beckenbauer, Karl-Heinz Rummenigge e agora Oliver Kahn. É um modelo que deu certo.

Recentemente, os bávaros vivenciaram sua melhor década desde os anos 70 - talvez até de todos os tempos. Foram, ao todo, oito títulos nacionais, cinco Copas da Alemanha e um título da Champions League. E não se pode esquecer que havia sete jogadores do Bayern no elenco da seleção alemã que foi campeã mundial em 2014. Seis eram titulares absolutos, e o sétimo marcou o gol do título contra a Argentina.

Oliver Kahn encara suas novas responsabilidades com surpreendente leveza de ser. "Não vou ficar dando 'Grätsche' (carrinho) durante as reuniões da diretoria", brincou, acrescentando: "Fortes emoções são importantes e algumas vezes, decisivas em campo, mas numa sala de reuniões deve prevalecer a racionalidade, e não a emoção."

O conselho administrativo do clube disse ter escolhido o ex-goleiro como candidato ideal para o cargo porque "ele personifica como nenhum outro o Bayern, além de trazer na sua bagagem competência esportiva e administrativa". Depois de pendurar as chuteiras, Kahn se formou em Administração de Empresas, além de gerenciar uma escola de formação de goleiros.

Finalmente o conselho administrativo parece ter tomado uma decisão correta, depois de vacilar no preenchimento da vaga de técnico no momento da saída de Jupp Heynckes, em 2018. Os bávaros tiveram que se contentar com Niko Kovac após ouvir recusas de Thomas Tuchel e do próprio Heynckes, que preferiu cuidar de família e de seu pastor alemão, Cando, numa aprazível cidadezinha próxima à fronteira da Holanda.

Não é de hoje que o Bayern está de olho em Oliver Kahn para assumir o posto executivo mais alto do clube. Há alguns anos, o semanário Der Spiegel revelava que, já naqueles tempos, Uli Hoeness tinha como objetivo posicionar Kahn como sucessor de Rummenigge.

De todo modo, a era com a dupla Hoeness-Rummenigge está chegando ao fim. O novo presidente é o discreto Herbert Hainer (ex-CEO da Adidas), e em 2022 Oliver Kahn assumirá como diretor executivo.

É um divisor de águas na história do clube e o começo de uma nova era. As expectativas são enormes. Se depender das suas qualidades pessoais e de suas competências profissionais, Oliver Kahn, com seu carisma, poderá escrever uma nova década de ouro na já gloriosa história do Bayern de Munique.

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no Twitter, Facebook e no site Bundesliga.com.br

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