Quase 800 pessoas morreram desde maio em Gaza buscando ajuda humanitária, segundo a ONU
As pessoas foram mortas nas proximidades dos centros de ajuda humanitária da Fundação Humanitária de Gaza (FGH), mantida por Israel e Estados Unidos, segundo as Nações Unidas. O exército israelense afirmou ter "aprendido lições" com os incidentes fatais.
O Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos anunciou na sexta-feira, 11, em Genebra, que registrou 798 mortes de pessoas que buscavam ajuda entre 27 de maio e 7 de julho, incluindo 615 perto de locais administrados pela FGH. "A maioria dos ferimentos são de bala", segundo o Escritório.
No final de maio, Israel aliviou o bloqueio de dois meses imposto à Faixa de Gaza, mas a distribuição de ajuda, anteriormente liderada pelas Nações Unidas, foi confiada à FGH, apoiada pelos Estados Unidos e Israel. A ONU e as principais organizações humanitárias se recusam a trabalhar com esta fundação, alegando que ela atende a objetivos militares israelenses e viola princípios humanitários básicos.
O exército israelense já reconheceu ter atirado contra "suspeitos" que representavam uma "ameaça" perto dos centros da fundação, onde multidões se reúnem diariamente. "Investigações aprofundadas foram realizadas (...) e instruções foram transmitidas às forças em terra após as lições aprendidas", afirmou na sexta-feira, em resposta aos números divulgados pela ONU.
A distribuição de ajuda, vital para os mais de 2 milhões de habitantes do território palestino sitiado, é, segundo o Hamas, uma das questões-chave nas difíceis negociações indiretas em andamento no Catar para tentar avançar em direção a uma trégua entre Israel e o movimento islâmico.
Acordo dentro de alguns dias
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na quinta-feira (10) que espera que um acordo sobre uma trégua de 60 dias, incluindo a libertação de dez reféns mantidos na Faixa de Gaza, possa ser alcançado "dentro de alguns dias".
Ele também expressou sua disposição para negociar um cessar-fogo permanente, desde que o Hamas se desmilitarize e renuncie ao controle do território. O movimento islâmico, por sua vez, reiterou repetidamente sua exigência de uma retirada dos militares israelenses de Gaza, "garantias" da natureza permanente de um cessar-fogo e a retomada da ajuda humanitária pela ONU e por organizações internacionais reconhecidas.
O Hamas declarou na quarta-feira que estava pronto para libertar dez reféns como parte de um acordo de trégua.
Das 251 pessoas sequestradas no dia do ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, 49 continuam detidas em Gaza, 27 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelense.
"Provavelmente teremos um cessar-fogo de 60 dias. Retiraremos o primeiro grupo (de reféns) e, em seguida, usaremos esse cessar-fogo de 60 dias para negociar o fim de tudo isso", disse Netanyahu na quinta-feira, após uma visita a Washington, ao canal de tevê Newsmax.
(Com AFP)
