População reage com ceticismo na Cisjordânia à promessa de Macron de reconhecer o Estado palestino
A declaração do presidente francês Emmanuel Macron, feita na quinta-feira (24), sobre seu plano de reconhecer o Estado palestino durante a Assembleia Geral da ONU em setembro, foi recebida com ceticismo na Cisjordânia ocupada. A maioria dos palestinos esperava medidas concretas, como sanções internacionais contra Israel e suas operações militares em Gaza. Embora o gesto tenha um peso simbólico, muitos duvidam de sua eficácia.
A declaração do presidente francês Emmanuel Macron, feita na quinta-feira (24), sobre seu plano de reconhecer o Estado palestino durante a Assembleia Geral da ONU em setembro, foi recebida com ceticismo na Cisjordânia ocupada. A maioria dos palestinos esperava medidas concretas, como sanções internacionais contra Israel e suas operações militares em Gaza. Embora o gesto tenha um peso simbólico, muitos duvidam de sua eficácia.
Alice Moreno, correspondente da RFI em Ramallah
Haitham, morador da região, expressou esperança moderada: "Não sei se é verdade. Espero que sim, embora não mude nada na prática para quem vive sob opressão aqui, sob ocupação na Cisjordânia ou diante do genocídio em Gaza."
Para Rami, trata-se de mais uma manobra política: "O reconhecimento por países europeus é só uma forma de aliviar a culpa da França e da Europa pelo genocídio em curso e pelo apoio que oferecem a Israel. Duvido que Macron tenha impedido Benjamin Netanyahu de sobrevoar o território francês."
Declaração de Macron "não tem valor"
Rami também lembrou que Macron já havia feito uma promessa semelhante no passado, comprometendo-se com o reconhecimento da Palestina até junho deste ano — o que não se concretizou: "Essa nova declaração não tem valor. Macron e a França já se comprometeram antes, e não cumpriram."
Enquanto não houver um reconhecimento definitivo e ações concretas, os palestinos permanecem descrentes. No lugar de promessas diplomáticas, a população palestina espera sanções reais contra Israel — sejam elas econômicas, militares ou de outra natureza — especialmente diante da situação crítica em Gaza, sob ataques constantes e enfrentando uma fome extrema devido ao bloqueio total imposto pelo Estado israelense.
Há também rejeição à proposta de dois Estados, como expressa Oday, cuja família é originária de uma aldeia que, desde 1948, se encontra em território israelense: "Sempre fui contra a solução dos dois Estados. Aceitar que a Palestina se limite às fronteiras de 1967 é negar minhas origens."
Enquanto isso, o presidente norte-americano Donald Trump minimizou as declarações de Emmanuel Macron, dizendo que elas pouco influenciam.
"O que ele diz importa pouco. Macron é uma pessoa muito boa, gosto dele, mas essa declaração tem pouco peso", afirmou à imprensa na Casa Branca pouco antes de partir para a Escócia.
"Essa decisão imprudente só alimenta a propaganda do Hamas e representa um retrocesso para o processo de paz. É um desrespeito às vítimas de 7 de outubro", declarou na noite de quinta-feira o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio, na rede X.
Por outro lado, o Hamas saudou o anúncio de Macron, classificando-o como um passo importante em direção à justiça para o povo palestino.
Macron é criticado internamente por direita e extrema direita
Macron foi também duramente criticado nesta sexta-feira por setores da direita e da extrema direita francesas após anunciar que pretende reconhecer oficialmente o Estado da Palestina durante a Assembleia Geral da ONU, marcada para setembro.
Enquanto partidos como o Reunião Nacional, de extrema direita, e Os Republicanos, de direita, acusam o presidente de favorecer o Hamas, a legenda França Insubmissa (LFI), da esquerda radical, considera a iniciativa tardia e insuficiente.
Jean-Luc Mélenchon, chefe da LFI, criticou o adiamento da medida. Segundo ele, "postergar por dois meses uma das formas de interromper um genocídio é reconhecer um Estado palestino que já nasce como um cemitério".
Já o Partido Socialista a classifica a promessa do chefe de Estado como um gesto fundamental, "desde que venha acompanhado de sanções contra Israel".
(Com AFP)