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Planeta está em risco de entrar em condições irreversíveis de "estufa"

7 ago 2018 - 01h40
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O planeta está em risco de entrar em condições de "estufa", onde temperaturas médias globais serão de 4 a 5 graus Celsius mais altas mesmo se metas de redução de emissões sob um acordo climático global forem cumpridas, disseram cientistas em um estudo publicado nesta segunda-feira.

Pessoas se refrescam em Nice, em meio a altas temperaturas e alerta na França 1/8/2018 REUTERS/Eric Gaillard
Pessoas se refrescam em Nice, em meio a altas temperaturas e alerta na França 1/8/2018 REUTERS/Eric Gaillard
Foto: Reuters

O relatório é lançado em meio a uma onda de calor que levou temperaturas para acima dos 40 graus na Europa neste verão, causando secas e incêndios florestais, incluindo incêndios na Grécia em julho que mataram 91 pessoas.

Em torno de 200 países concordaram em 2015 em limitar aumento de temperatura para "bem abaixo" de 2 graus acima de níveis pré-industriais, um limiar que se acredita ser um ponto de inflexão para o clima.

    No entanto, não está claro se o clima do mundo pode ser "estacionado" com segurança perto de 2 graus acima de níveis pré-industriais ou se isto pode provocar outros processos que aumentam ainda mais o aquecimento mesmo se o planeta parar de emitir gases causadores do efeito estufa, de acordo com a pesquisa.

    Atualmente, temperaturas médias globais estão somente 1 grau acima do período pré-industrial e crescendo 0,17 grau a cada década.

    Cientistas do Centro de Resiliência de Estocolmo, da Universidade de Copenhaguen, da Universidade Nacional Australiana e do Instituto Potsdam para Pesquisas sobre Impactos Climáticos disseram que é provável que se um limiar crítico for ultrapassado, diversos pontos de inflexão levarão a uma mudança abrupta.

    Tais processos incluem degelo de pergelissolo; a perda de hidratos de metano do fundo do oceano; sequestro de carbono mais fraco nas terras e oceano; a perda de gelo marinho do Ártico no verão e a redução do gelo marinho do Ártico e das calotas polares.

    "Estes elementos de inflexão podem possivelmente agir como uma fileira de dominós. Assim que um for empurrado, ele empurra a Terra em direção a outro", disse Johan Rockstrom, coautor do relatório publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences e diretor-executivo do Centro de Resiliência de Estocolmo.

    "Pode ser muito difícil ou impossível impedir que a fileira inteira de dominós caia. Lugares na Terra se tornarão inabitáveis se a 'Terra Estufa' se tornar uma realidade", disse.

     Para maximizar as chances de evitar tal estado de "estufa" é necessário mais que somente a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, segundo o relatório.

     Por exemplo, melhorias na administração florestal, agrícola e de solos; conservação da biodiversidade e tecnologias que removem dióxido de carbono da atmosfera e o armazenam no subsolo são necessárias.

     Ao comentar a pesquisa, alguns especialistas disseram que aquecimento descontrolado ainda é incerto, mas não é implausível.

      "No contexto do verão de 2018, isto definitivamente não é um caso de alarmar sem razão, de levantar um alarme falso. Os perigos agora estão à vista", disse Phil Williamson, pesquisador sobre o clima na Universidade de East Anglia.

      O estudo está disponível em: http://www.pnas.org/

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