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Papa celebra rito de penitência por pedofilia no clero

Cúpula contra abusos se encaminha para seu fim

23 fev 2019 - 17h22
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O papa Francisco celebrou neste sábado (23) um rito penitencial durante a cúpula que reúne bispos do mundo inteiro para discutir medidas de combate à pedofilia.

Papa Francisco participa de rito de penitência por causa de escândalos de pedofilia
Papa Francisco participa de rito de penitência por causa de escândalos de pedofilia
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A liturgia ocorreu no Palácio Apostólico e reuniu os quase 190 participantes da reunião episcopal. Esse foi um dos últimos atos do encontro, que termina neste domingo (24), com uma missa e um discurso do Pontífice.

"Deus dê misericórdia, você não deseja a morte do pecador, mas sim que se converta e viva. Confiamos em seu amor e em sua bondade e te pedimos: nos dê a coragem de dizer a verdade e a sabedoria para reconhecer onde pecamos", afirmou Francisco na abertura do ritual.

Em seguida, uma vítima de abusos por parte de um padre assumiu a palavra e disse ter passado pela "maior humilhação que um indivíduo pode sofrer". "Não dá para fugir do que aconteceu, mas é preciso suportar, não importa o quão feio seja. Quando se vive o abuso, o desejo é de colocar fim em tudo", disse.

"O que mais faz mal é a certeza que ninguém te entenderá. Ela permanece com você pelo resto da vida. As tentativas de retornar ao mundo anterior, como antes do abuso, são tão dolorosas quanto o abuso em si. Vive-se sempre em dois mundos ao mesmo tempo. Gostaria que os agressores compreendessem essa cisão que eles criam nas vítimas. Pelos restos de nossas vidas", acrescentou.

Após o depoimento, o Papa convidou todos a fazerem um exame de consciência sobre a pedofilia. "Por três dias, conversamos e escutamos as vozes das vítimas sobreviventes de crimes que menores e jovens sofreram em nossa Igreja. Perguntamos uns aos outros: como podemos agir responsavelmente, quais passos devemos tomar? Para poder entrar no futuro com coragem renovada, devemos dizer, como o filho pródigo: 'Pai, eu pequei'", disse Francisco.

"Senhor Jesus Cristo, nós confessamos que somos pecadores. Confessamos que bispos, presbíteros, diáconos e religiosos na Igreja cometeram violências contra menores e jovens e que não fomos capazes de proteger aqueles que mais precisavam de nosso cuidado. Confessamos que protegemos culpados e reduzimos ao silêncio quem sofreu. Confessamos que não reconhecemos o sofrimento de muitas vítimas e não oferecemos ajuda quando era necessário", acrescentou.

O terceiro dia da cúpula antipedofilia foi dedicado ao tema da transparência. Segundo o arcebispo de Malta, Charles Scicluna, é preciso informar mais as vítimas a respeito de processos canônicos e instituir em cada conferência episcopal um serviço de recebimento de denúncias de abusos sexuais.

"As conferências episcopais devem ter diretrizes, que precisam ser públicas, consultáveis online, com indicações sobre quem contatar para as denúncias", reforçou o padre Federico Lombardi, moderador da reunião.

Ansa - Brasil   
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