Palestinos relatam terem sido barrados de entrar em abrigos contra mísseis em Israel
O país do Oriente Médio está em guerra contra o Irã e tem sido bombardeado
Em meio à guerra entre Israel e Irã, diferentes cidades israelenses foram bombardeadas nos últimos dias. O país do Oriente Médio é equipado com abrigos anti-aéreos, mas palestinos que são cidadãos israelenses relatam terem sido barrados por vizinhos judeus de entrarem nos bunkers.
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Samar al-Rashed, de 29 anos, é mãe solo e mora com a filha Jihan, de 5 anos, em um prédio ocupado por judeus na cidade de Acre. Ela contou que estava sozinha em casa com a filha quando ouviu as sirenes soando para alertar a população do risco de um bombardeio.
"Não tive tempo de pegar nada, só água, meu celular e segurei a mão da minha filha", contou Samar ao portal Al Jazeera. Ela disse que foi impedida de entrar no abrigo por um vizinho judeu que a ouviu falando em árabe com a filha. "Fiquei atordoada. Falo hebraico fluentemente e tentei explicar, mas ele olhou para mim com desprezo e disse: 'Não é para você'", relembrou.
A estudante de enfermagem Yara Srour, de 22 anos, vive na cidade de Lida, que foi fortemente bombardeada, e precisou deixar junto com sua família o bairro onde moram para procurar um bunker em uma vizinhança mais equipada com locais seguros.
"Nós fomos para a parte nova de Lida onde há abrigos apropriados. Porém, eles não nos deixaram entrar. Judeus de regiões mais pobres também foram rejeitados. Os abrigos eram apenas para os residentes dessas construções modernas, principalmente famílias judias de classe média", contou Yara.
"Minha mãe tem problemas de articulação e não consegue correr como o restante de nós. Nós estávamos implorando, batendo em porta, mas as pessoas só nos olhavam pelo olho mágico e nos ignoravam enquanto nós víamos o céu se iluminar com as chamas de mísseis interceptados", contou a estudante.
Na cidade de Haifa, atingida pelos bombardeios iranianos, Mohammed Dabdoob, de 33, tem uma assistência técnica de celular e estava trabalhando quando recebeu o alerta do governo para procurar abrigo. Ele correu para um bunker próximo à loja, mas encontrou a porta trancada.
Tentei colocar a senha na fechadura, mas não funcionou. Chamei em hebraico pelas pessoas lá dentro, mas ninguém abriu", disse Mohammed, que ouviu um míssil explodindo nas proximidades. "Pensei que iria morrer. Tinha fumaça e gritos. Depois de 15 minutos, tudo o que podíamos ouvir era o som de sirenes da polícia e de ambulâncias. Era um cenário aterrorizante, como se estivesse vivendo um pesadelo."
"Não existe proteção para nós. Nem dos mísseis, nem das pessoas que supostamente são nossos vizinhos", comenta Mohammed.