PUBLICIDADE

Mundo

Os pais que conseguiram reencontrar o filho sequestrado após 32 anos

Li Jingzhi deixou o emprego para procurar o filho Mao Yin, que havia desaparecido em 1988.

21 mai 2020 - 19h08
Compartilhar
Exibir comentários
Foi neste momento que Li Jingzhi viu seu filho pela primeira vez em mais de três décadas
Foi neste momento que Li Jingzhi viu seu filho pela primeira vez em mais de três décadas
Foto: CCTV / BBC News Brasil

Um casal chinês cujo filho foi sequestrado em um hotel em 1988 conseguiu se reencontrar com ele depois de 32 anos.

Mao Yin foi levado quando tinha 2 anos de idade, quando seu pai parou para conseguir um pouco de água para o menino no caminho de volta da creche.

Seus pais o procuraram por todo o país e distribuíram mais de 100 mil folhetos em que pediam ajuda para achar o garoto.

Em uma coletiva de imprensa realizada na segunda-feira, Mao Yin, hoje com 34 anos, que planeja passar um tempo com seus pais.

"Gostaria de agradecer às dezenas de milhares de pessoas que nos ajudaram", disse sua mãe, Li Jingzhi.

O que aconteceu com Mao Yin?

Li Jingzhi disse em uma entrevista ao jornal South China Morning Post em janeiro, antes de seu filho ser encontrado, que Mao Yin era um bebê "muito inteligente, fofo e saudável".

Em 17 de outubro de 1988, seu pai, Mao Zhenjing, o levava para casa depois de pegá-lo na creche na cidade de Xian, na Província de Shaanxi.

Em certo momento, o garoto pediu um copo de água. Eles pararam, então, na entrada de um hotel.

Enquanto o pai esfriava um pouco o copo de água quente que havia conseguido para o filho, ele desviou o olhar por um momento, e Mao Yin foi sequestrado.

A família procurou por em Xian e nos arredores e colocou cartazes pelas ruas. A certa altura, o casal pensou que o havia encontrado, mas foi um alarme falso.

Um teste de DNA confirmou que Mao Yin é filho do casal
Um teste de DNA confirmou que Mao Yin é filho do casal
Foto: CCTV / BBC News Brasil

Li deixou o emprego para procurar pelo filho e distribuiu cerca de 100 mil folhetos em mais de 10 Províncias, sem sucesso.

Ao longo dos anos, ela apareceu em vários programas de televisão chineses para pedir ajuda e contou ter seguido 300 pistas.

Em 2007, ela passou trabalhar como voluntária em um grupo chamado "Bebê, Volte Para Casa", que ajuda pais a procurar filhos desaparecidos.

Segundo o South China Morning Post, ela ajudou a reunir 29 crianças com suas famílias, enquanto seu próprio filho ainda estava desaparecido. Ela pretende continuar trabalhando com o grupo.

Como Mao Yin foi encontrado?

Em abril, a polícia recebeu uma dica sobre um homem da Província de Sichuan, no sudoeste da China, localizada a cerca de 1.000 km de Xian, que havia adotado um bebê muitos anos antes.

A polícia encontrou o garoto que foi adotado, hoje com 34 anos. Ele fez um teste de DNA para verificar se era filho de Zhenjing e Li Jingzhi. O resultado foi positivo.

Mao Yin, que era então chamado de Gu Ningning, hoje administra uma empresa de decoração. Ele disse que "não tem certeza" sobre o seu futuro, mas disse que passará um tempo com seus pais.

A polícia disse que ele foi vendido quando era menino para um casal sem filhos por 6.000 yuanes (o equivalente a R$ 4,7 mil hoje).

Li Jingzhi recebeu a boa notícia em 10 de maio, quando é celebrado o Dia das Mães na China. "Este é o melhor presente que já recebi", disse ela.

A investigação sobre o desaparecimento de 1988 ainda está em andamento. As autoridades não divulgaram informações sobre o casal que criou Mao Yin.

O tráfico de crianças é comum na China?

O sequestro e o tráfico de bebês são um problema na China há décadas.

Não há dados oficiais, mas no site da "Bebê, Volte Para Casa" há 14.893 postagens em busca de meninos desaparecidos e 7.411 que procuram meninas.

Em 2015, estimou-se que 20 mil crianças são sequestradas a cada ano na China.

Em 2009, o Ministério da Segurança Pública da China criou um banco de dados de DNA que desde então ajudou a encontrar mais de 6 mil crianças desaparecidas.

E, em maio de 2016, o ministério lançou um sistema chamado "Reencontro", que até junho de 2019 havia levado mais de 4 mil crianças de volta para suas famílias.

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade